segunda-feira, 29 de setembro de 2008
A nova República Ruralista do MST
O aparelhamento do Incra, da Fundação Palmares (questões quilombolas) e da Funai (questões indígenas) gerou este processo de relativização da propriedade privada no campo, que agora é conduzido pelos próprios órgãos estatais.
A polícia militar do Rio Grande do Sul encontrou, em 17 de junho de 2008, quando do cumprimento de um mandato de desocupação da área denominada Acampamento Jandir, em Coqueiros do Sul, vários documentos lá abandonados quando da saída dos emessistas. Eles exibem uma radicalização do movimento, retomando, com outras palavras, mas com os mesmos conceitos, a experiência comunista do século XX. Nada aprenderam com a História, procurando repeti-la, seguindo, agora, os passos da "revolução bolivariana" de Chávez e Morales.
Em um deles, intitulado Estratégia e Tática. Movimento Social Popular, é colocado como Estratégia Política: caminho pelo qual deve ser canalizada a luta de classes em vista da transformação da sociedade. – Objetivo estratégico final: derrota da burguesia (controle do Estado) e implantação do socialismo.
Não se trata, nesta perspectiva, de melhorar a condição dos agricultores e trabalhadores, nem de distribuir terras, com títulos de propriedade, aos que não as tenham e queiram nelas trabalhar, mas de manipular e instrumentalizar essa massa de sem-terra no caminho de implantação do socialismo. As lutas emessistas têm, portanto, um objetivo de transformação da sociedade incompatível com uma economia de mercado e com as relações contratuais próprias do Estado de Direito.
Neste sentido, melhorar a condição dos assentados por intermédio de venda de produtos no mercado, segundo a livre escolha desses, se torna algo que deve ser a todo custo evitado em nome de um objetivo maior: "a derrota da burguesia".
Observe-se que a derrota da burguesia deve se fazer mediante o controle do Estado, o que significa apoderar-se da máquina estatal para o cumprimento de seus objetivos. Isto se traduz pelo aparelhamento do INCRA – e também da Fundação Palmares (questões quilombolas) e da FUNAI (questões indígenas) –, que passa a responder a essa orientação por membros dos movimentos sociais lá colocados. Compreende-se melhor todo o processo de relativização da propriedade privada que tem sido conduzido por esses órgãos estatais.
A discussão sobre a revisão dos índices de produtividade se situa nesta perspectiva de relativização do direito de propriedade, empreendida por ministérios que passariam a responder a essa orientação "socialista" do MST, graças aos seus apoios partidários, em particular nas correntes mais à esquerda do PT.
O mesmo ocorre com a proliferação de terras indígenas em Roraima e Mato Grosso do Sul, que fragilizam os direitos individuais de propriedade, alguns de várias décadas, senão séculos. A finalidade consiste em amputar esses estados de partes consideráveis de seu território.
A questão quilombola se inscreve também neste caminho que está sendo trilhado graças a essas orientações estratégicas do MST.
Em seus próprios termos, segundo um outro documento intitulado A Reforma Agrária necessária: por um projeto popular para a agricultura brasileira: Demarcação de todas as terras indígenas, de remanescentes de quilombolas e as terras comuns de faxinais, pastos e serras de acordo com a tradição de cada região.
Em particular, esse último documento se caracteriza por um forte teor anticapitalista, apregoando uma política soviética, comunista, de planejamento estatal, com o Estado devendo se colocar a serviço do MST. Evidentemente, esse Estado assim controlado por essa organização – que repetiria o receituário leninista e stalinista – estabeleceria, num primeiro momento, o controle total do uso da terra para, depois, estabelecer as condições mesmas de funcionamento do Estado para outras áreas da economia e da sociedade.
A política "bolivariana" deveria nortear as ações do Estado brasileiro. Assim como Chávez e Evo Morales, o MST defende a limitação do "tamanho máximo da propriedade rural. E desapropriar todas as fazendas acima desse módulo, independente da produção". Note-se que foi abandonado o discurso do latifúndio improdutivo, doravante substituído pelo da luta contra a moderna propriedade rural, contra o agronegócio, independentemente de sua produtividade ou de sua repercussão econômica e social para o País. E aqui não se trata somente do produtor rural, mas da desapropriação de toda propriedade rural que pertença a "empresas estrangeiras, bancos, indústrias, construtoras e empresas que não dependem da agricultura para suas atividades.
O objetivo consiste em minar as bases mesmas do agronegócio, os fundamentos mesmos de uma economia de mercado, de tal maneira que o mundo rural passaria a ser controlado totalmente pela política anticapitalista, socialista, do MST ditando a conduta do Estado brasileiro. Vejam o planejamento soviético. Para nenhum leninista botar defeito. "Todos os recursos naturais e a madeira serão controlados pelos trabalhadores, em conjunto com o Estado, para que beneficie a todo povo brasileiro. Não poderá ser objeto de exploração lucrativa. É proibida a exportação de madeira e a prática da bio-pirataria na Amazônia".
Observe-se o controle que passaria a ser exercido sobre o meio ambiente, o que suporia, evidentemente, o aparelhamento emessista do IBAMA e das fundações estaduais do meio ambiente. E isto se faria mediante uma atuação conjunta dos "trabalhadores", isto é dos militantes do MST, e do Estado, isto é, das instâncias estatais a mando dessa organização.
Ou seja, haveria um planejamento total da atividade agrícola pelo Estado, que passaria a tudo regular, não exercendo o mercado mais nenhum papel. O lucro seria totalmente banido, o que significa dizer eliminar o motor mesmo que move uma economia de mercado. Mais especificamente, o setor de florestas plantadas (eucaliptos e pinus), papel e celulose deveria passar para o planejamento estatal, sendo, inclusive, proibida a exportação de madeira. Evidentemente, árvores transgênicas estariam terminantemente proibidas também.
A "nova" reforma agrária é um passo atrás na história!
Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia da UFRGS
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Juiz revela os patrões da Máfia
Quando se trata de crime organizado, os pareceres do juiz Walter Fanganiello Maierovitch, 59 anos, dispensam credenciais e currículos. Basta apenas informar que atualmente ele é consultor da União Européia sobre o assunto, circunstância que o faz dividir seu tempo entre São Paulo, onde mora, e Roma, sua base de operações. Em todo caso, vale registrar que ele foi o primeiro Secretário Nacional Anti-Drogas, nomeado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Também dirige o Instituto de Ciências Criminológicas Giovanni Falcone, que é hoje o mais expressivo arquivo sobre o tema na América do Sul. Habitual articulista nos jornais da Capital, Maierovitch mantém uma coluna semanal na revista Carta Capital e outra na Rádio CBN . Essa vasta experiência propiciou um livro esclarecedor que ele está lançando hoje à noite, às 20h, no Palácio Veridiana, na avenida Higienópolis, 20, intitulado "Na Linha de Frente" (Editora Micael).
O livro reúne uma coletânea de artigos da qual emerge um novo protagonista nos estudos da Criminologia: o criminoso potente. Talvez ele já exista há um bom tempo. Mas, até então, nunca havia sido descrito, como se faz com novas espécies descobertas, para torná-las oficiais e entronizá-las nos compêndios científicos.
Portanto, o criminoso potente é uma novidade: super-bandido travestido de grande empresário, de mega-investidor e até de político renomado, que manipula cordéis do poder. Os capos de organizações mafiosas ou do tráfico, parlamentares e outras figuras de proa da sociedade lhe abanam a cauda como fazem os cãezinhos de luxo. Conheça-o.
Diário do Comércio – Neste seu novo livro, "Na Linha de Frente", o senhor trabalha com uma expressão nova, à qual está dando extrema importância, que é a "criminalidade dos potentes". O que vem a ser isso?
Walter Maierovitch – É um conceito que levanta tópicos esclarecedores, na verdade reveladores, sobre o funcionamento do crime organizado. Os potentes são os verdadeiros organizadores e comandantes do crime organizado, aqueles que, inclusive sob a aparência de respeitabilidade, atividades prestigiosas e até do interesse público, manejam os cordéis.
DC – Eles já não estariam enquadrados na classificação dos "criminosos de colarinho branco"?
Maierovitch – Não. Há uma diferença essencial, relativa ao poder exercido. Colarinho branco é uma designação genérica para criminosos que não se enquadram no figurino de bandidos convencionais e de atos criminosos convencionais. Não têm cara de bandidos, não se vestem como bandidos, ao contrário. São pessoas que se movimentam em atividades e ambientes de boa qualificação social. Mas os potentes estão em patamares ainda mais acima, embora pertençam ao mesmo círculo dos colarinhos brancos. Neste mundo do crime estariam para um CEO em relação a gerentes.
DC – Como esse novelo começou a ser desenrolado?
Maierovitch – Começou com o atentado mafioso contra o juiz Giovanni Falconi em Palermo, Itália, em 1992. Falcone, que era um dos mais ativos juízes anti-máfia, foi literalmente dinamitado. A investigação sobre sua morte levantou a ponta de um gigantesco véu. Começou a se perceber que a Máfia, como organização, não seria suficientemente forte para fazer o que fez, do ponto de vista político. Constatou-se também que o caráter transnacional de organizações mafiosas, a capacidade de conseguir eleger candidatos a Parlamentos, de estabelecer vínculos com partidos e instituições consagradas estavam muito além do seu poder de fogo. Então, foi possível entender que havia um tipo de atividade criminal acima do repertório comum de máfias, que passou a ser chamada de "criminalidade dos potentes", que efetivamente poderia dominar os controles de poder.
DC – Qual foi o ponto de partida para se chegar a essa descoberta?
Maierovitch – O juiz Falconi foi dinamitado em seu carro em maio de l992. Em julho, foi a vez do seu braço-direito, Paulo Borsellino. Ocorre que Borsellino trazia consigo sua inseparável agenda, que era chamada de agenda vermelha, na qual estavam anotadas as relações entre políticos e mafiosos. Foi este o fio da meada.
DC – Mas esta associação entre mafiosos e políticos ou outras similares, como a de bicheiros com escolas de samba, não é nenhuma novidade.
Maierovitch – Mas neste caso é diferente. Essas associações citadas não têm a característica de manuseio ou manipulação do poder. A criminalidade dos potentes se assenta sobre três pilares:
1) a corrupção sistêmica,
2) a busca de controlar o poder efetivamente, em favor dos seus interesses e
3) o emprego de métodos mafiosos para atingir seus objetivos.
O caso Andreotti é ilustrativo dessas manobras. Foram 28 anos de poder.
DC – Giulio Andreotti foi o primeiro-ministro italiano em cujo mandato se deu o seqüestro e assassinato do democrata-cristão Aldo Moro pelas Brigadas Vermelhas, não foi?
Maierovitch – A família de Moro afirma que Andreotti não negociou o suficiente, pois as brigadas queriam entrar em acordo. Hoje Andreotti é senador vitalício por força de particularidades da legislação italiana. Foi sete vezes primeiro-ministro, e, por ligações mafiosas, foi condenado no Tribunal de Cassação, que é a suprema corte do país. A condenação foi prescrita em função de limite de idade, mas a verdade é que, embora extinta a punibilidade, ele está condenado em trânsito em julgado. Mas na Itália a população pensa que ele foi absolvido. O episódio revela a capacidade de manobra dos potentes. É gente com muita influência e muito dinheiro.
DC – Mas a descrição desse quadro cria uma situação sem saída, porque essa gente pode pagar os melhores advogados, consultores e assessores a peso de ouro. Ou seja, tem recursos para driblar a lei, não é?
Maierovitch – De fato, é assim, como acabamos de assistir recentemente no Brasil com o caso Daniel Dantas. No caso Andreotti tivemos um fato suplementar que deixa claro o poder de influenciar. Na RAI (rede estatal de TV da Itália) há um programa de grande audiência intitulado "Porta a Porta", apresentado por um sujeito chamado Bruno Vespa. O cenário é uma sala de visitas onde as pessoas estão conversando. De repente, toca a campainha e os participantes vão entrando. Quando Andreotti foi absolvido da acusação de ligações mafiosas em primeiro grau, foi feito um programa especial com ele. Do ponto de vista jornalístico, isso foi razoável e oportuno. Ocorre que quando ele foi condenado na corte de apelação, nada foi feito. Pior: quando o Tribunal de Cassação confirmou a condenação, não restando mais instâncias a recorrer, também nada foi feito. O assunto foi esquecido.
DC – Este quadro faz supor que todas esferas de poder estão contaminadas pela ação desses super-colarinhos brancos.
Maierovitch – Sim. E este é o ponto. O que importa é discutir os mecanismos que podemos ter à disposição para fazer frente, porque, evidentemente, o problema está entranhado entre nós. Agora, está se descobrindo, por exemplo, que a criminalidade no Rio de Janeiro tem deputados e vereadores a seu favor.
DC – O senhor está querendo dizer que a instalação da criminalidade dos potentes entre nós já está em andamento?
Maierovitch –Eu penso que sim. O episódio Daniel Dantas é de uma clareza ímpar. O de Álvaro Lins, ex-chefe de polícia da governadora Rosinha Garotinho, também é. Idem para a a situação dos morros do Rio de Janeiro, outra sólida constatação. O meu modesto livro de artigos indica que essa criminalidade peculiar instala-se no organismo do Estado e fica lá, parasitária, sugando-o.
DC – O senhor já citou duas vezes o banqueiro Daniel Dantas.
Maierovitch – É porque se trata de um caso exemplar, devido à sua capacidade de manipulação e de poder de influência. Conseguiu habeas-corpus no Supremo Tribunal Federal contra toda orientação jurídica estabelecida. Por outro lado, e isto é estarrecedor, a ministra Ellen Gracie deu uma decisão proibindo a perícia nos discos rígidos apreendidos pela Polícia Federal durante as investigações. Seria algo parecido com a seguinte situação: eu matei um sujeito dentro do meu apartamento. Os vizinhos já estão sentindo o cheiro do corpo em decomposição, há sinais evidentes do sangue que escorreu por baixo da porta. Mesmo com todas as evidências, eu conseguiria uma decisão da ministra Ellen Gracie de que ninguém poderá entrar no meu apartamento para ver o que está acontecendo.
José Maria dos Santos
Diário do Comércio
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Ex-guerrilheiro reitera que Farc recebem proteção na Venezuela
Um desmobilizado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) reiterou hoje que a guerrilha se desdobra por território venezuelano sob a proteção das autoridades locais, que entregam armas e uniformes a eles.
Em declarações ao programa da "Caracol Radio", o guerrilheiro desmobilizado Víctor Antonio Leones, assegurou que pelo menos 200 rebeldes estavam pela Venezuela com apoio das forças militares do país.
"Atravessar pela Venezuela é normal já que o Exército venezuelano não persegue a guerrilha. Recebíamos munição e uniformes cujos rótulos diziam 'Feito na Venezuela'", disse o ex-guerrilheiro.
Leones disse ainda que comandantes rebeldes do Secretariado das Farc tinham acampamentos nesse país e que, inclusive, contavam com várias pessoas que, de certa forma, os auxiliavam.
"A guerrilha sempre fala bem do presidente (venezuelano, Hugo) Chávez", afirmou.
Diário do Comércio
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domingo, 28 de setembro de 2008
MATO GROSSO DO SUL PEDE SOCORRO
CONVOCAÇÃO!
O MNP – Movimento Nacional de Produtores - convoca todos os cidadãos sul-matogrossenses para participarem da manifestação pública que será realizada em Miranda-MS nesta segunda-feira dia 29 de setembro de 2008, com o objetivo de demonstrar a insatisfação da população do estado contra a ampliação das terras de aldeias indígenas já existentes, comprometendo a economia das cidades, expropriando terras produtivas.
Local: Cidade de Miranda – no Zero Hora (na entrada da cidade).
Data: 29 de setembro de 2008
Horário: Reunião a partir das 6 horas
Saída da passeata 7 horas e 30 minutos em direção ao centro da cidade
Movimento Nacional de Produtores
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Quilombolas e Índios agrícolas
Pioneiros foram os quilombolas da Comunidade Boa Vista. Situada em Oriximiná, no Pará, receberam seu título agrário em 24 de novembro de 1995. Em mãos. As margens do rio Trombetas choraram de alegria. Nascia ali, porém, uma perversão.
Claro está a Constituição. O artigo 68, das Disposições Transitórias, afirma: “aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”. Preciso. Ninguém poderá discordar.
Na comemoração dos 300 anos de Zumbi, o imperativo constitucional oferecia ao então Presidente Fernando Henrique Cardoso o direito de favorecer os quilombolas do Pará. Ao Incra coube emitir o título da terra. Justiça era feita, pela primeira vez, aos povos perseguidos da raça negra. O Brasil, como se vê, começou antes do governo Lula.
Facilitou o trabalho do governo, na época, a firme atuação dos antropólogos da Comissão Pró-Índio, de São Paulo, junto à associação criada pelos próprios remanescentes em Oriximiná. Não havia dúvidas. Naquela distante beirada de rio, centenas de famílias viviam e produziam espalhadas no meio do mato, fugidas sabe-se lá quando do mando escravista.
Durante todo esse tempo, escondidos da civilização, cultivaram suas origens. Jamais abandonaram sua cultura, guardando o segredo dos costumes históricos. Para eles legislaram os constituintes de 1988, assegurando-lhes o direito das terras que, afinal, sempre ocuparam. O conceito fundamental da boa reforma agrária diz: “a terra para quem nela trabalha”.
Na década de 90, sabia-se existir inúmeras comunidades remanescentes de quilombos no país. Talvez umas 500. Ao governo caberia identificá-las devidamente, delimitar seus perímetros, dando seqüência ao processo de regularização fundiária. Não era complicado.
Mas a ousadia do governo levantou temores na oligarquia. Ocorre que várias comunidades quilombolas haviam sido invadidas durante a expansão da fronteira agrícola. O progresso no campo aproximava mundos distantes. Sobreveio o litígio agrário. Não sendo pacífica a posse da terra, o artigo 68 da Constituição exigia regulamentação.
Era processual o maior problema. Donos de terra em áreas supostamente quilombola exigiam indenização. Não apenas das benfeitorias, mas da propriedade rural. Ora, se a Constituição estabelece, peremptoriamente, que pertence aos remanescentes de quilombos as terras que ocupam, como poderia o governo pagar para os brancos, invasores, para de lá saírem?
O imbróglio jurídico amarrou o assunto. Mesmo assim, dezenas de conhecidas comunidades quilombolas obtiveram, com ajuda da Fundação Palmares, seu titilo fundiário. Tudo limpo, sem problemas.
Passou o tempo. Lula venceu as eleições e, logo em 2003, quis modificar a matéria. Baixou o Decreto 4887/03, dando poderio total ao Incra para dirimir eventual conflito sobre a propriedade da terra ocupada pelos quilombolas. Facilitou aos tomadores de decisão. Até ai, tudo bem.
A grande insensatez do governo petista, porém, se expressa no artigo 2°, do referido Decreto. Nele se estabelece que a caracterização dos remanescentes de quilombos será atestada mediante “auto-definição” da própria comunidade. Na roça, isso se chama “porteira aberta”.
Virou uma correria. Militantes políticos saíram a campo para mobilizar quietas comunidades negras, vendendo-lhes o paraíso. Começou a aparecer quilombola pra tudo que é lado. Recente mapa da UnB identifica 2 228 comunidades quilombolas no país, espalhadas por todas as regiões. O primeiro cadastro, de 2000, apontava 840 localidades. Há quem afirme que já são 3 524 comunidades esperando a possível redenção. Outros apontam 5 mil.
A maioria das, pretensas, comunidades quilombolas está concentrada na faixa litorânea. É curioso. Nada a ver com os remanescentes de Oriximiná, embrenhados no interior longínquo. Nem com os Kalungas goianos, fugidos para veredas distantes do cerrado.
A excessiva politização favorecida pelo governo de plantão roubou, do conceito de quilombo, o dado fundamental, qual seja, a ocupação da terra. Passou a significar, conforme apontou Denis Rosenfeld, uma genérica comunidade de cor, sentimentos e afinidades. Sob a definição do governo petista, quilombola significa todo descendente de escravos, sem vínculo territorial. Um absurdo.
O Brasil precisava, sim, corrigir a injustiça social cometida contra os fugidios da escravidão. Significava resolver um problema histórico. Porém, certa ideologia tupiniquim, aquela que mistura revanchismo com esquerdismo, ao invés de ajudar, criou um novo, e maior, problema para a sociedade.
A área reivindicada pelas comunidades quilombolas ultrapassa 25 milhões de hectares, maior que o território paulista. A pretensão não guarda qualquer relação com a posse, ou exploração, da terra. Basta se declarar remanescente de quilombo, e apontar onde seus ancestrais viveram. O assunto descamba para a vendeta.
Haverá, por certo, frustração de expectativas. O proselitismo político inconseqüente, que vende solução milagrosa para afirmar sua prepotência neo-revolucionária, deixará seqüelas. Rancores serão criados. Novos ódios surgirão. Aumentará, ao invés de diminuir, a questão racial.
O perigo, mais uma vez, é a conta sobrar para os agricultores sérios do país. Logo aparece algum boboca dizendo que a culpa é do agronegócio. Definitivamente, quem criou o problema mora na cidade.
Xico Graziano
ÍNDIOS AGRÍCOLAS
Todos os olhares se voltam para Roraima, à espera da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a reserva Raposa Serra do Sol. A sociedade, ansiosa, torce por uma solução harmônica sobre aquele longínquo espaço indígena. Enquanto isso, aqui mais perto, em Mato Grosso do Sul (MS), a Funai apavora os agricultores.
O problema dos índios se discute em cada esquina de Campo Grande. Os produtores rurais se mobilizam para resistir à tomada de suas fazendas. O governo estadual está revoltado com a atitude federal. A população anda perdida em meio à discussão. Ninguém sabe como vai terminar essa terrível história.
Há tempos se discute a situação indígena em Mato Grosso do Sul. Existem no Estado 38 grupos étnicos, ligados aos guaranis-caiovás. A maioria das comunidades (26) se encontra em áreas já definitivamente demarcadas, contendo 583 mil hectares, onde vivem 29 mil indígenas. Excluindo a grande Reserva da Bodoquena, vivem apertados. Outros 2 mil índios aguardam a regularização de 30 mil hectares. É justo, e um direito constitucional, que os índios tenham o direito à terra que tradicionalmente ocupam. Só imbecis discordam disso.
A questão é outra. Depois que Lula assumiu a Presidência, surgiu uma conversa diferente, sobre a existência de uma tal "nação indígena" do Cone Sul. Articulados com a turma do MST, acobertados pela Funai, grupos de índios começaram, desde 2004, a chegar do Paraguai. Fazendas antigas, com excelente exploração agropecuária, entraram na cobiça alheia. Advogados foram mobilizados para enfrentar a estranha ameaça ao território nacional.
De repente, a pendenga esquentou. O governo federal publicou, agora em julho, seis portarias determinando que 26 municípios do sul do Estado sejam investigados, à procura de resquícios de ocupação dos índios. Uma área de 10 milhões de hectares, terra fértil, envolvendo Dourados, Miranda, Naviraí, Rio Brilhante e Maracaju, vai receber a visita dos antropólogos oficiais. Imaginem a confusão que isso vai provocar.
Nessa região reside o miolo da produção rural de Mato Grosso do Sul. Ali labutam 30 mil agricultores, metade do total estadual, responsáveis por 60% da produção de grãos, especialmente soja e milho. Entremeados às propriedades tradicionais existem 36 assentamentos de reforma agrária, com 8,7 mil famílias. Todos se encontram atordoados.
Conflito na certa. Essas terras começaram a ser tituladas há um século. Com o tempo, essa fronteira agrícola recebeu fortes estímulos governamentais, visando a abrir a região ao progresso da agropecuária. De repente, locais onde não se enxergam índios há 50 anos, ou mais, passaram a ser reivindicadas como se a moradia deles fossem.
Ora, a Constituição federal garante o direito às terras que os índios "tradicionalmente ocupam", não àquelas que um dia ocuparam. Porque, se assim fosse, o litoral de Santos, a capital de São Paulo e o Rio de Janeiro também teriam de ser devolvidos aos aborígines. Sabe-se lá como.
Fortes reações do governo estadual fizeram a Funai recuar, por ora, nas vistorias. O órgão federal, contemporizando, afirmou que o território a ser reivindicado é menor que o suposto. Pelo sim, pelo não, as invasões já começaram. A Fazenda Petrópolis, do ex-governador Pedro Pedrossian, localizada no município de Miranda, encontra-se dominada por essa nova cria da política federal, a mistura de índio com sem-terra.
Curioso, para não dizer estranho. As aldeias guaranis instaladas em Mato Grosso do Sul se colocam de escanteio nessa balbúrdia. Sua reserva em Miranda, por exemplo, com 2.600 hectares, deveria crescer, a seu pedido, mais 500 hectares, suficientes para o cultivo que desejam há tempos. Mas a Funai achou pouco. Seus antropólogos acabam de separar 33 mil hectares, envolvendo várias fazendas, para aumentar a área indígena. Somente a Fazenda Vazante, incluída no perímetro demarcado, contempla 16 mil hectares, criando 19 mil cabeças de gado; seu título de propriedade, com registro em cartório, passa de cem anos. Acredite se quiser.
Os caciques das aldeias locais afirmam, publicamente, que sua prioridade reside na assistência médica e educacional, não na terra. Sentem-se largados à sua sorte. Os suicídios lá verificados mostraram ao País o que os mato-grossenses do sul já sabem há tempos: as aldeias indígenas estão, infelizmente, em completo abandono. Justiça social zero.
Os índios, porém, desejam trabalhar. Querem tratores, sementes, fertilizantes, almejam condições para produzir seu alimento, e vender o excedente para ganhar um dinheirinho. As novas gerações sonham com o progresso, buscando o conforto que a tutela oficial lhes nega. Projetam ser agricultores, índios agrícolas.
A economia dessa região mato-grossense do sul se encontra paralisada, quase morta. As terras se desvalorizam, investimentos são suspensos, há paradeira no comércio, o desemprego ronda. O pior dos cenários. Sabe-se que, se declaradas indígenas, inexiste qualquer indenização pelas terras, quer dizer, vira pó a agropecuária. Um absurdo.
Os índios merecem respeito e devem ser protegidos pelo Estado, com apoio da sociedade. Um desfecho feliz em Roraima pode repaginar a questão indígena no País, normatizando o processo, ajudando a solucionar esse tremendo rebuliço em Mato Grosso do Sul. Do jeito que está não pode ficar.
Põe um Estado inteiro da Federação em pé de guerra, prejudica os produtores rurais, provoca insegurança jurídica, cria violência, sem ajudar propriamente os índios. Quem ganha com isso?
Somente certos saudosistas, que imaginam corrigir o passado segregando, e não integrando, o índio à sociedade. Vai dar errado.
Xico Graziano
Já em 2005 Xico Graziano escreveu um artigo, o qual reproduzo abaixo e recomendo a leitura, onde apontava o problema em Roraima e em Mato Grosso e principalmente, denunciava a invasão de Paraguaios travestidos de índios reivindicando terras que nunca foram indígenas.
FÁBRICA DE ÍNDIOS
A Constituição brasileira determina que pertencem aos índios as terras tradicionalmente por eles ocupadas. O assunto é incontestável.
Quando, porém, se manipula a causa indígena, surge a encrenca. Conflitos pipocam país afora.
O direito originário envolve as áreas habitadas e aquelas utilizadas para as atividades, produtivas ou culturais, imprescindíveis à preservação dos povos indígenas. Assim, cabe ao Estado proteger os índios, tutelando-os. Começa pela demarcação das suas áreas. As reservas da Funai apontam 315 registros, somando 73,8 milhões de hectares. Para comparação, toda a área cultivada do país soma 62 milhões de hectares.
Há quem considere o patrimônio indígena exagerado. Considerando a existência de 300 mil índios, resulta numa área média de 246 hectares, incluindo as crianças. Um bom sítio. Essa média se eleva nas reservas mais distantes, como a do Xingu. Lá, a área média é de 560 hectares.
Pouco importa, porém, essa conta. As reservas são coletivas e, além da função precípua de permitir o modo de vida primitivo, assegura a preservação florestal. Ajuda a biodiversidade e protege o futuro. Decididamente, a grandeza das reservas indígenas configura questão menor.
O que pertence, de fato, aos índios está fora do debate. Moradia permanente, florestas de coleta, áreas culturalmente sagradas, o que for. Por isso, são inaceitáveis as invasões das reservas indígenas por madeireiros, mineradoras, garimpeiros, fazendeiros, posseiros. Configura crime contra a humanidade.
Até aqui, tudo politicamente correto. Agora, começa a ousadia. Ocorre que a rapina histórica promovida pelos brancos paga seu preço num processo oposto. Áreas exploradas por agricultores há quase um século caem na mira do governo, que as reclama para reserva, como se fossem terras indígenas. Perícias fajutas alimentam uma verdadeira fábrica de índios montada pela Funai.
Dois casos repercutiram fortemente na opinião pública. Primeiro, o da homologação da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. Segundo, a invasão de fazendas no Mato Grosso do Sul. Em ambos se percebe forte viés ideológico, induzindo a população a apoiar os “pobres espoliados” contra os “ricos usurpadores”.
Situações semelhantes se espalham. Na Amazônia, oitenta comunidades extrativistas, formadas por seringueiros caboclos, reivindicam reconhecimento étnico junto à Funai. Em Maringá, no Paraná, um único suposto descendente indígena reclama 5 mil hectares de terra roxa. Coisa maluca.
A falsidade mais evidente se verifica hoje no Pantanal mato-grossense. Ali, na região conhecida como Pirigara, se desenrola um inusitado processo de regularização de pretensas terras indígenas. Tudo começou na década de 80, quando um suposto pajé, chamado Domingos, deixou sua aldeia bororó.
Acolhido na fazenda São Benedito, 30 km acima, no rio S. Lourenço, casou-se com uma agregada e passou a viver no local conhecido como Baia dos Guatós. Naquele braço de pantanal, várias fazendas haviam se originado de um título concedido pelo Estado em 1895. Os últimos relatos de indígenas no local datam de 1718. Três séculos atrás.
Entretanto, em 2000, a Funai iniciou o cadastramento de moradores, a começar do Sr. Domingos, supondo-os descendentes dos índios guatós. Acontece que essa etnia origina-se distante, na região do Caracará, junto à fronteira da Bolívia. Nunca saíram de lá.
Não fez diferença. Transmutados em indígenas, antigos peões de fazenda e agregados em geral, 220 pessoas, passaram à proteção do Estado, recebendo assistência médica, rádios, gasolina, transporte aéreo, assim por diante. Sem verbas para nada, quem financia a tramóia são ong´s estrangeiras. Aumentou a confusão.
O argumento central da Funai reside na existência de um suposto aterro, erigido pelos índios guatós, localizado na margem esquerda do rio Cuiabá. Os registros, porém, comprovam que o “aterradinho do bananal”, conforme é denominado, serviu como base de apoio de viajantes e pescadores. Guató, mesmo, naquelas paradas, somente se encontra no nome da curva do rio. A nomenclatura serviu à ignomínia.
A Justiça foi acionada por cinco proprietários, que detém 36 mil hectares naquela região pantaneira. Parece muito, mas os pastos das fazendas estão alagados na maior parte do ano. Considerado paraíso ecológico, suas matas guardam o maior refúgio das raras araras azuis. A maravilha ecológica periga sucumbir.
Em Roraima, a briga pela homologação contínua da reserva incluiu na terra indígena a cidade de Uiramutã, junto com 150 mil hectares cultivados com arroz. Ficou estranho. No MS, atraídos pela promessa de reconstrução da antiga nação Yvy Katu, guaranis despencam de ônibus vindos do Paraguai. Muito esquisito.
Apontar essa trama cutuca um tabu. Mas presta um serviço à Nação. A causa indígena está extrapolando seus limites. Levado ao extremo, o raciocínio atual da Funai comprovará que todas as terras, agrícolas ou urbanas, devem ser devolvidas aos índios, pois afinal lhes pertenceram um dia. Antes do descobrimento.
Exagerar é uma forma de mentir, dizia Baltazar Gracián. Os índios e sua cultura merecem proteção, disso ninguém discorda. Mas inventar índios soa disparate. Os ideólogos dessa empreita enganam a opinião pública. O culto primitivista ajuda a expiar a culpa de gente rica e alienada. Mas afronta a inteligência e agride o bom senso.
Artigo Publicado dia 22/11/2005 pelos Jornais O Estado de S. Paulo, O Globo e O Tempo, de MG
Xico Graziano é agrônomo e secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Carta aos democratas da América: a Bolívia necessita de nossa ajuda
Caracas, 23 de setembro – Enquanto se escrevem estas linhas, uma das operações mais sofisticadas e perversas da história ibero-americana está sendo levada a cabo contra a Bolívia. Urge que todas as forças democráticas da região acorram em sua ajuda para evitar uma tragédia nesse país. Os fatos são os seguintes:
Em 10 de agosto de 2008 realizou-se um referendo que ratificou o mandato do presidente Evo Morales e da maioria dos prefeitos (governadores) opositores. Morales interpretou – ilegalmente – sua ratificação como uma carta branca para impor unilateralmente sua Constituição, de corte totalitário, e para desconhecer as autonomias departamentais (estaduais) que se haviam consquistado este mesmo ano, com o voto majoritário do povo boliviano.
Atentando contra a autonomia, Morales confiscou os benefícios provenientes do Imposto Direto dos Hidrocarbonetos (IDH), que correspondem às regiões, e anunciou uma consulta para referendar sua Constituição. Como era de se esperar, o povo saiu às ruas para protestar. Evo Morales ordenou reprimir os protestos, ocasionando numerosos mortos e feridos.
Sentindo-se encurralado pelos efeitos políticos do massacre, Morales pediu ajuda a seus aliados internacionais, particularmente Hugo Chávez, que ofereceu o envio de armas e tropas venezuelanas para sustentar militarmente o governo boliviano. Paralelamente, convocou-se uma reunião urgente da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), cujos integrantes – exceto um – pertencem ao Foro de São Paulo, organização política da qual Evo Morales também faz parte.
Os integrantes da UNASUL só escutaram a versão de Evo Morales, negando-se a receber os governadores opositores, apesar de que eles também foram ratificados pelo povo boliviano no mesmo dia que Morales. Em conseqüência, emitiram uma declaração parcializada, enviesada e fraudulenta, sobre a crise boliviana, culpando a oposição de tentar um golpe de Estado e de gerar violência, quando o verdadeiro culpado é Morales. Em resumo, outorgaram ao presidente boliviano uma licença para continuar matando e para impor seu projeto totalitário.
As mesas de diálogo que foram acordadas na reunião da UNASUL são uma farsa, porque obrigam a oposição a submeter-se aos desígnios do governo, sob pena de serem julgados como golpistas e/ou massacrados pelos grupos para-militares armados que se encontram em Cochabamba e Santa Cruz.
Uma mostra da parcialização e da injustiça existentes é o encarceramento do governador de Pando, Leopoldo Fernández, que foi acusado injustamente pelo governo das mortes ocorridas em seu estado, em que pese existirem inúmeras provas da responsabilidade do oficialismo nesses fatos. Tudo indica que quem ordenou a prisão de Fernández nem sequer foi Evo Moralaes, senão Hugo Chávez, que está intervindo flagrantemente nos assuntos internos da Bolívia.
A OEA tampouco garante uma mediação neutra, porque Chávez controla 21 dos 34 votos desse organismo multilateral. Insulza não se comporta como Secretário Geral da OEA, senão como candidato à presidência do Partido Socialista do Chile, organização que também pertence ao Foro de São Paulo. Quanto a Lula, mantém uma atitude aparentemente moderada, porém também exonera Evo Morales e culpa a oposição pelo ocorrido, o que não é de se estranhar, porque ele é o principal fundador do Foro de São Paulo.
O tratamento injusto e sem consideração que os aliados de Evo Morales – investidos como presidentes – dão à oposição boliviana não ajuda a resolver a crise, senão que a agrava, pondo mais lenha na fogueira. Por isso, urge constituir um Grupo de Amigos da Bolívia, conformado por cidadãos de toda a América, que sirva para contrabalançar a nefasta intervenção da UNASUL.
Fazemos um chamado a todas as forças democráticas da região a interessar-se pelo tema boliviano, a indagar qual é a realidade, a escutar todas as partes do conflito e a opor-se à ingerência indevida de Chávez e seus aliados nos assuntos internos da Bolívia.
Alejandro Peña Esclusa – Presidente de Fuerza Solidaria
Traduções: Graça Salgueiro - Notalatina
Enquanto isso...
o bloco comunista segue solidário.
Uma comissão de especialistas de todos os países que compõem a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) vai investigar a violação dos direitos humanos no departamento de Pando, na Bolívia. O grupo será constituído na segunda-feira (29) e será coordenado pelo subsecretário de Direitos Humanos da Argentina, Rodolfo Matarollo.
A decisão foi tomada hoje (24) em reunião da Unasul realizada na sede da Organização das Nações Unidas (ONU).
Durante as manifestações contra o governo do presidente da Bolívia, Evo Morales, 3 0 camponeses foram mortos em Pando, na fronteira com o Acre.
Evo Morales garantiu que o seu governo tem interesse em investigar as mortes. "O governo nacional estará esperando os delegados para essa investigação e dessa maneira esclarecer todos os acontecimentos na Bolívia", disse.
Ele ressaltou que o objetivo do governo é garantir a autonomia legal e constitucional no país. "Quem rechaça e não quer legalizar a aprovação da nova Constituição são os inimigos do povo, especialmente do movimento campesino indígena, que historicamente apostou em uma nova Constituição, buscando igualdade e justiça social", ressaltou.
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, disse que a Unasul vai continuar trabalhando em apoio à democracia na Bolívia (???).
Também participaram do encontro da Unasul os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Argentina, Cristina Kirschner, e do Paraguai, Fernando Lugo.
Agência Brasil - Portal Terra
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A Bolívia que quer ser primitiva
FALTA GÁS TAMBÉM PARA OS BOLIVIANOS
"Aqui tem fila todo dia", diz Miguelina Choque, dona-de-casa. A cada quinze dias, ela chega às 6 horas da manhã à fila do botijão de gás, distribuído pela estatal YPFB em certas ruas de La Paz. Desde a nacionalização do setor de energia, a produção de gás de cozinha não atende ao consumo interno. Miguelina diz que o botijão, que antes durava um mês, hoje acaba em quinze dias. "Também se tornou um martírio comprar óleo, carne, pão e arroz", reclama.
Por que é tão difícil acabar com o caos boliviano? A resposta é óbvia: a estratégia de poder do presidente Evo Morales só tem chance de sucesso se a oposição e a democracia forem subjugadas, mesmo que para isso seja preciso um banho de sangue. De outra forma, não há maneira de convencer os setores modernos e produtivos da sociedade boliviana a aceitar que a estrutura social do país seja recriada em um formato pré-colombiano, com a volta do açoitamento de criminosos e toda a economia nas mãos do estado. Por isso, apesar de representantes dos departamentos autonomistas e do governo terem sentado para conversar em Cochabamba, na semana passada, ainda é impossível falar em paz na Bolívia. No exato momento em que a reunião ocorria, soube-se que oito centenas de camponeses e mineiros fiéis ao presidente se dirigiam com armas na mão para o Departamento de Santa Cruz. O objetivo da turba era atacar aqueles que Morales qualifica de "capitalistas" e "oligarcas" da região mais dinâmica do país.
APOIO OBRIGATÓRIO
Líder de sua categoria, o lojista Marcelo Cortez organizou duas passeatas na última semana em apoio ao governo. Como faz isso? "O comparecimento é obrigatório. Quem não vai sofre sanção", revela Cortez. Quem falta a uma manifestação tem sua loja fechada por três dias. Quem falta a duas fica de portas fechadas por uma semana. Quem não aparece em quatro eventos tem seu estabelecimento fechado para sempre. É a democracia de Morales em ação!
A intransigência ultrapassa a histórica rixa entre os departamentos do ocidente e do oriente, entre o altiplano, no qual povoados indígenas vivem de modo tradicional, e as planícies da Amazônia, onde bolivianos de todos os matizes se integraram ao mundo moderno. Morales quer "refundar" o país e "construir um estado novo" – como está escrito na Constituição que ele fez aprovar numa reunião legislativa secreta, sem a presença da oposição, e agora pretende submeter a referendo. Nessa nova pátria, não haverá espaço para o capitalismo, para o empreendedorismo e para a democracia. "Enquanto no Brasil historicamente se busca a continuidade, na Bolívia se quer sempre começar tudo de novo", disse a VEJA o historiador Jorge Siles Salinas. "E isso só se faz com violência, com sangue."
Seguindo o mesmo modelo testado e reprovado na Venezuela, Morales está à frente de uma febre estatizante. No país de Hugo Chávez, o esfacelamento econômico é compensado pelos dividendos do petróleo vendido aos Estados Unidos. A Bolívia, cujas reservas de petróleo e gás têm um décimo do tamanho das venezuelanas, não desfruta esse privilégio. Para piorar, a nacionalização do setor perturbou a produção. A economia boliviana agora depende do dinheiro venezuelano e do narcotráfico. Desde que Morales subiu ao poder, dois anos atrás, a produção de cocaína aumentou em 13%. O presidente fez carreira política como representante dos produtores de coca e defende o uso tradicional da planta em chás ou para mascar. O problema é que o mercado tradicional de coca só absorve 17% da produção atual. O restante vai diretamente para os laboratórios dos narcotraficantes. "Em cinco anos, Morales transformará a Bolívia no que era a Colômbia há duas décadas", disse a VEJA a deputada Ninoska Lazarte, do partido oposicionista Podemos, em La Paz. Na terça-feira passada, quando ia entrar no Congresso, a deputada foi atacada por partidários de Morales. Eles puxaram seu cabelo e a cobriram de lixo. Tudo isso às vistas de policiais, que nada fizeram.
Enquanto a coca ganha espaço, o resto da economia vai de mal a pior. "O setor industrial não faz parte do programa de governo. Para Morales, somos os inimigos capitalistas", comenta Eduardo Bracamonte, dono de uma fábrica de jóias que exporta para as cadeias americanas Wal-Mart, JCPenney e Bloomingdale’s. A produção de soja caiu 55% nos últimos dois anos. A mineração entrou em colapso depois que a Comibol, a autarquia que supervisiona o setor, estabeleceu a sindicalização forçada dos mineiros que trabalhavam em cooperativas. "O governo quer sovietizar a Bolívia. Não aceita nenhum tipo de trabalhador independente", disse a VEJA o mineiro Samuel Flores, 62 anos e sem trabalho há dois por ter se recusado a aceitar as regras da Comibol. Até o setor energético – a bandeira do nacionalismo de Morales – vai mal. Depois da nacionalização, as companhias que atuavam no país desistiram de fazer novos investimentos. Como a Bolívia não tem recursos nem tecnologia para compensar a falta dos estrangeiros, a produção vem diminuindo. O clima na YPFB, a estatal do petróleo que recebeu de presente as refinarias, campos de extração e gasodutos, é de lambança. Pessoas sem experiência no ramo são nomeadas para altos cargos. O superintendente de hidrocarbonetos é contador e o vice-ministro de Energia, advogado. Santos Ramírez, um professor de escola rural catapultado a presidente da estatal, ganha oficialmente 3 800 reais mensais. Neste ano, comprou uma casa por 2,3 milhões de reais na zona sul da La Paz.
VÍTIMAS DAS MILÍCIAS DE MORALES
Desde janeiro, a Aliança da Praça Avaroa, que reúne centenas de jovens, manifestou-se oito vezes na capital boliviana, pedindo respeito aos direitos humanos, democracia e liberdade. Em todas as ocasiões, os manifestantes foram agredidos pelas milícias de Morales. "Mineiros nos atacaram com dinamite e os muros de nossas casas foram pichados com ofensas", diz o universitário Andrés Ortega. "Somos loucos em fazer oposição aqui."
Os absurdos do governo Morales causam revolta nos departamentos produtivos do Oriente, mas praticamente não são questionados no Altiplano. Na capital, sindicalistas e outros pelegos convocam pelo rádio marchas quase diárias de apoio ao presidente. Quem não comparece é punido pelo dirigente de seu sindicato ou agremiação. Outra maneira de convencer as pessoas a segurar faixas é com dinheiro. A participação numa passeata vale 30 reais. Quem se dispõe a fazer parte de um grupo de choque, especializado em agredir opositores, recebe 55 reais por dia. Estima-se que as milícias de Morales disponham de 5.000 integrantes prontos para cometer atos de violência, sempre que convocados por seus dirigentes. A mais violenta delas é chamada de Ponchos Rojos, que recebe ordens diretamente do presidente. No fim do ano passado, para demonstrarem o que pretendiam fazer com os "inimigos de classe", esses esquerdistas furiosos se puseram a degolar cães em La Paz. Desde que Morales assumiu o poder, em 2006, a violência política já fez meia centena de mortos. Esses são os primeiros corpos do mundo primitivo que Morales começa a criar.
Duda Teixeira, de La Paz
Revista Veja
Imagens do difícil dia-a-dia
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Negro com mãe branca?
Liberdade de Imprensa
Áudio do PODCAST de Diogo Mainard
Em minha última coluna, segundo Lula, eu cometi um crime. Um crime que ele, Lula, comparou a um "roubo". Confesso: roubei. Pior: se surgir a oportunidade, vou roubar de novo. Eu sou um impenitente. A bolsa ou a vida, Lula.
Que crime eu cometi? Simplesmente reproduzi um grampo feito pela PF em que Marcelo Sato promete usar seu reconhecido talento para azeitar o processo de um usineiro junto à ANP. Para quem perdeu a memória: Marcelo Sato é o genro de Lula, casado com sua filha Lurian. Lula declarou que, quando a imprensa publica o conteúdo de um grampo, como eu fiz com o de Marcelo Sato, ela está cometendo um crime análogo a um roubo. Curiosamente - o brasileiro é mesmo um tipo muito curioso -, ninguém se interessou em perguntar ao presidente da República o que ele pensa sobre os negócios suspeitos de seu genro. O que se sabe é que, em seu sistema de valores - um sistema de valores que ele quer transformar agora em emenda constitucional -, o verdadeiro criminoso é quem denuncia o crime.
Antes do genro de Lula, houve o compadre de Lula. Antes do compadre de Lula, houve o irmão de Lula. Antes do irmão de Lula, houve o filho de Lula. O episódio envolvendo Marcelo Sato é tão corriqueiro que nem lhe dei muita bola. Usei-o apenas como um modesto retrato de nossa miséria institucional. Nesta semana, a ONG Transparência Internacional avaliou que o combate à corrupção, no Brasil, "parece ter estancado". Estancou mesmo. Só sobraram uns passadistas, uns retrógrados, uns golpistas de direita que continuam em sua bolorenta Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Para os petralhas - tomando emprestado o termo cunhado por Reinaldo Azevedo -, eu represento a Dona Leonor de Barros do lulismo. E Reinaldo Azevedo é visto como uma espécie de padre Peyton, com sua Cruzada Mundial do Rosário. Nós brandimos anacronicamente os mesmos cartazes de meio século atrás: "Queremos governo honesto", "A melhor reforma é o respeito à lei", "Senhora Aparecida iluminai os reacionários". O fato é que o Brasil inteiro estancou. A Folha de S. Paulo mostrou que o programa Bolsa Família tornou-se um instrumento para garantir o voto de cabresto. Se eu sou aborrecidamente passadista, é só porque a gente estancou no passado.
Um adendo absolutamente desimportante: Marcelo Sato prometeu ajudar a Agrenco a acelerar um processo na ANP. No site da ANP, há um documento pedindo de impugnação de um leilão de biodiesel com o argumento de que a Agrenco, apesar de uma greve dos auditores da Receita Federal, conseguiu obter um "registro especial". Não sei exatamente o que isso significa. Só sei que é melhor investigar agora, antes que investigar o assunto seja considerado um crime, um roubo.
Diogo Mainardi
Lei fascista petralha já tramita no Congresso
Lula, o imperador do Brasil, quer algemar e calar os jornalistas.Nesta segunda-feira (22) começará a tramitar no Congresso o projeto de lei do governo Lula que prevê punição criminal a quem divulgar (veículo de imprensa, jornalista ou fonte) escutas telefônicas ilegais ou legais sob segredo de Justiça. É um projeto abjecto. Foi concebido pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, com um só objetivo: punir quem faz jornalismo sem pedir benção ao Palácio do Planalto. A missão da imprensa é levar ao conhecimento dos cidadãos tudo que for, a seu critério, relevante para os leitores. Não é papel do Estado estabelecer o que pode e o que não pode ser divulgado. Além do mais, esta atitude seria inócua hoje em dia quando todos sabemos que, com a internet à disposição, qualquer segredo pode ser violado de forma anônima. Então, qual é o objetivo do governo? Ora, é escolher algum veículo de imprensa e alguns jornalistas para perseguir. O que o ministro da Justiça quer é pôr algemas em jornalistas que considera desafetos do governo Lula e dele próprio. Nem que para isto o governo tenha de amordaçar a imprensa e levar de roldão a democracria e o Estado de Direito. Vade retro, Tarso Genro!
Blog Democrata
Sponholz
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quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Bolivia - Alejandro Peña Esclusa culpa Unasul, Lula e Chávez
Fonte: Fuerza Solidária
Parte 1/2
Parte 2/2
O batismo de fogo da Unasul
Como se a Organização dos Estados Americanos, a OEA, tivesse sido misteriosamente extinta, os países membros da União das Nações Sul-Americanas, a Unasul, deram um lição de como é sempre possível encontrar uma solução parcial para qualquer tipo de problema, sem qualquer esforço. A solução encontrada pela Unasul — a de reafirmar o apoio ao presidente Evo Morales e de reconhecer a integridade do país vizinho — é simplista e parcial por várias razões.
Primeiro, porque não há qualquer evidência de que alguém pretende apear, pela força, o presidente eleito do Bolívia, Evo Morales. Fosse a Bolívia membro pleno do Mercosul, a destituição, pela força, de seu presidente eleito e empossado em eleições "limpas" daria ensejo à exclusão do país do bloco comercial. E nada mais. Qualquer idéia
de bloqueio econômico a um improvável governo golpista que substituísse Morales somente repetiria a mal sucedida experiência cubana. O único efeito do bloqueio americano a Cuba foi penalizar a população e fortalecer o ditador, apontado como vítima da potência externa.
Segundo, porque se a convulsão interna na Bolívia é de interesse dos países da América do Sul, também o é de todos os países da América. Não há nenhuma razão para não levar a questão ao foro mais adequado para a discussão de problemas de ameaça à democracia, a OEA, pela sua história de solução pacífica de problemas similares ocorridos no passado.
Terceiro, não se trata apenas de ameaças a democracia o que está ocorrendo na Bolívia. Mudar a constituição do país dentro de um quartel do exército boliviano dificilmente pode ser reconhecido como um ato democrático. Da mesma maneira, dificilmente será interpretado como democrática a remoção de governadores eleitos para as províncias que hoje se opõem aos desmandos do governo central, que se apóia em outras províncias, estas no Altiplano Boliviano.
Quarto, é risível a exigência dos países-membros da Unasul de que é pré-condição para o envio de uma missão que se propõe servir de intermediária de negociação entre o governo e a oposição, a desocupação de instalações governamentais.
Ora, o Brasil foi vítima de violenta e descabida ocupação de propriedades e instalações da Petrobras na Bolívia. À humilhante invasão, injustificada diante das mais que boas relações do Brasil com a Bolívia, seguiu-se a falta de notícias a respeito da indenização requerida. O que já seria uma agressão violenta ao direito de propriedade em solo boliviano, acresce que o Estado brasileiro é acionista controlador da Petrobras. A violência, portanto, atinge não somente os acionistas não controladores da Petrobras, mas a própria nação brasileira.
Quinto, a declaração condena um imaginário golpe militar na Bolívia. A presidente pró-tempore da Unasul, Michelle Bachelet, recordou o golpe de Estado ocorrido no Chile em 11 de setembro de 1973 ao anunciar a declaração da Unasul, pontuando que os países da América do Sul não tolerariam um golpe de Estado na Bolívia. Ora, o problema boliviano não está em um imaginário golpe militar contra o governante eleito, mas no emprego das Forças Armadas daquele país contra o Estado de Direito. Não foram civis rebelados das províncias que ocuparam propriedades da Petrobras, foi o exército boliviano. Se há com que nos preocuparmos com a atuação das forças armadas bolivianas, é com a expansão desses atentados à propriedade e à liberdade contra nacionais e estrangeiros amigos.
Pela primeira vez na História sul-americana, os países da região decidem resolver os problemas da América do Sul, afirmou Morales ao final da reunião. O senhor presidente da Bolívia parece ignorar que nenhuma solução foi dada pela Unasul aos verdadeiros "problemas da América do Sul", definidos pela presidente Bachelet como "atropelos dos direitos humanos". O que está sendo atropelado na Bolívia são os direitos humanos à vida, à liberdade e à propriedade. É lamentáveis que a declaração da Unasul não contivesse uma linha sequer a respeito desses direitos, sistematicamente negados na Bolívia e em outros países da região.
Roberto Fendt
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Bolívia entra na lista negra dos EUA
Os Estados Unidos determinaram ontem que a Bolívia não seja mais considerada um país que colabora na guerra contra as drogas e colocou o país em uma lista negra dos narcóticos. No entanto, La Paz continuará recebendo ajuda, apesar da expulsão mútua dos embaixadores na semana passada.
Em avaliação anual, a Bolívia foi colocada ao lado da Venezuela e de Mianmar (ex-Birmânia) na lista das nações que "fracassaram notavelmente", em cumprir os compromissos internacionais em combater a produção e o tráfico de drogas.
Os EUA decidiram, porém, manter os programas de incentivo a instituições democráticas e pequenos projetos na Bolívia e também na Venezuela.
O governo dos EUA alega que foi forçada a interromper todas as operações da agência norte-americana antidrogas, a DEA, na Bolívia por razões de segurança.
Diário do Comércio
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terça-feira, 16 de setembro de 2008
Um formigão de presente
A ALEMÃ QUE HASTEOU UMA BANDEIRA
A alemã CHRISTINA HAVERKAMP estava na maloca Paa-Piu Novo, na margem direita do médio Rio Mucajaí, antiga pista MINEIRAÇÃO, do tempo do garimpo, hoje dentro da área do “povo ianomami”.
O major ARAÚJO, no comando de um Cessna 208 (CARAVAN), pousou nessa pista e quebrou o avião. Conhecemos e operamos muitas vezes nessa pista. Nas cartas aeronáuticas e até no ROTAER (livrinho com todas a pistas legalizadas no Brasil) ela estava ERRADAMENTE assinalada como sendo a MALOCA PAA-PIU. O major circulou, estranhou, mas como missão é missão, entrou para o pouso e . . .
Seu destino verdadeiro ficava há uns 4 minutos dali. Estive lá, cerca de 20 minutos após o acidente, para ajudar no que fosse possível, e a empresa também deslocou um helicóptero, que transportou os passageiros de volta para SURUCUCU. Eu trouxe um soldado para Boa Vista.
A Força Aérea providenciou 2 helicópteros grandes, um Bandeirante e uma muitos equipamentos. Durante mais de semana agitaram-se por lá, para desmontar o avião.
Num desses vôos do helicóptero, o major que o comandava, não pode pousar no local adequado, porque estava ocupado, circulou, esperando limparem a área. Foi então que viu, ligeiramente afastada da cabeceira oposta daquela pista, um sobrado grande e que tinha na frente uma BANDEIRA ESTRANGEIRA HASTEADA NO MASTRO.
Após pousado, perguntou ao funcionário da FUNAI, como ele explicava aquilo. Atenção: era na pista PAA-PIU NOVO, antiga pista chamada MINEIRAÇÃO, do tempo do garimpo.
Foi informado que lá estava a alemã CHRISTINA e que a bandeira era a da Alemanha! Espantado com aquilo, o major chamou um sargento e junto com aquele funcionário da FUNAI, foram até o local, na cabeceira de pouso oposta. Lá chegando constatou que havia mesmo uma bandeira estrangeira tremulando no mastro. A Christina então apareceu e recusou-se a responder às perguntas do major, dizendo que não devia satisfações ao Brasil e sim à Comunidade Européia que a mandara para lá e que aquela era a bandeira da Comunidade que ela representava. Virou as costas, entrando no sobrado, mas antes ouviu do major que se no dia seguinte ela ainda estivesse ali, seria levada presa.
O major ordenou ao sargento que derrubasse o mastro e que recolhesse a bandeira, que foi levada. CHRISTINA HAVERKAMP não saiu de lá, a carruagem andou (a Justiça é lenta, mesmo a militar), e talvez um mês depois, a FUNAI requereu à Polícia Federal que a retirasse de lá.
Então, 3 agentes da Polícia Federal foram até lá, num avião comandado pelo piloto RICARDO (mais conhecido em Roraima pelo apelido de RICARDÃO), e que trouxeram a fulana, que não queria sair, de jeito nenhum. Foi preciso ameaçar de ser levada algemada.
Começou um processo de sua expulsão do país. Ela foi ao jornal FOLHA DE BOA VISTA, e na edição de 13 de abril de 2002, com sua foto, chorou as pitangas, dizendo-se uma benemérita para os índios, perseguida etc. e representava a ONG – ASSOCIAÇÃO PARA DEFESA DOS POVOS AMAZÔNICOS (sempre tem a palavra ‘POVOS” nessas histórias de ONGs) etc e tal, e que já tinha empregado naquela local R$ 110.000,00 (cento e dez mil reais) com a compra de duas moto-serras, geladeira, fogão, rádio transmissor YAESU, canoa de alumínio, placa solar, microscópio e horas de vôo. Disse à Folha de Boa vista, que o dinheiro vinha de um fundo financiado por “ estudantes “ alemães. Alguns dias depois, alertado por mim, o jornal foi investigar e constatou a farsa dela, publicando isso em 19 / abril/2008, na seção chamada PARABÓLICA, uma notinha xôxa, minúscula mesmo, diante da gravidade do assunto.
Observe-se que ela comprou 2 moto-serras e derrubou árvores por lá. SE UM BRASILEIRO FIZER ISSO, VAI PARA A CADEIA! O IBAMA cai de pau em cima dele!
Ficou tudo por isso mesmo. CHRISTINA HAVERKAMP casou com um brasileiro de sobrenome GERÔNIMO, o processo de expulsão foi arquivado, ela voltou para Paa-Piu Novo, onde reformou o sobradão e mantém a bandeira da Comunidade Européia hasteada.
Certamente continua recebendo o dinheiro dos “estudantes” alemães, tão sensibilizados com os “coitadinhos” dos “povos” ianomâmi.
Autor: Izidro Simões - Piloto
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Peter Hakim – “O país corre grande perigo”
Para quem não sabe o que é o Diálogo Interamericano, recomendo a leitura do livro “O Eixo do Mal Latino-Americano” do Heitor De Paola – especialmente o Cap. XII -, além deste artigo bastante esclarecedor do historiador Carlos Ilich Santos Azambuja. Então, o que se tem é uma revista comunista entrevistando um sujeito que oferece apoio incondicional à implantação do comunismo na América Latina, e o resultado disto vocês vão ver nas contestações que faço intercalando as respostas em azul. Há uma quantidade razoável de pessoas capacitadas para fazer uma análise decente e correta destes fatos, no Brasil e no exterior, mas é óbvio que esta revista está apenas cumprindo com o seu papel de “companheira de viagem”. É vergonhosos que “isto” seja repassado para o público como “informação”.
E vamos à entrevista ou “engana troucha”. Fiquem com Deus e até a próxima!
Peter Hakim – “O país corre grande perigo”.
Leandro Loyola
O analista americano Peter Hakim estuda a América Latina desde os anos 60. Nesse tempo, já viu inúmeros conflitos no continente e, em especial, na Bolívia. Presidente do Inter-American Dialogue Institute, Hakim afirma que a crise atual é apenas uma continuação dos confrontos entre o presidente Evo Moralae e a oposição, baseada nas províncias mais ricas. Mas o perigo agora pode ser maior. “Pessoas próximas acham que Hugo Chávez está influenciando o presidente Morales”, diz. “E tanto Morales quanto a oposição estão se sentindo fortes”.
Comento: Em primeiro lugar, este sujeito diz ter estudado a América Latina “desde os anos 60” mas o que fez nestes quarenta e tantos anos além de procurar uma forma de reescrever a História? Se ele de fato se limitasse a estudar, analisar os fatos como se dão, sem omitir nem adoçar os crimes cometidos pelo terrorismo comunista, sua análise seria bem outra. Ademais, observem a sutileza do repórter ao afirmar que a oposição a Morales encontra-se nos estados (províncias) mais ricos. Quer dizer, aí ele já induz o leitor desavisado a se posicionar contra os opositores porque são “ricos” e a apoiar (cegamente) os camponeses e índios que são os pobres e desvalidos.
ÉPOCA – Há alguma chance de haver um golpe de Estado na Bolívia?
Peter Hakim – O único que pode realmente fazê-lo é o Exército. No meu modo de ver, o Exército não está conspirando. Apesar da oposição de quatro Estados (são “estados” e não Estados) fortes, Morales tem 67% de aprovação popular.
Comento: Mentira. Os índios não representam todo este percentual e essa estatística deve ser do mesmo instituto que faz as pesquisas para Chávez.
Não é um governo impopular: é um governo altamente popular. Eu ainda duvido de um golpe. O perigo é que tanto Morales quanto a oposição tiveram vitórias nos referendos realizados recentemente e estão se sentindo fortes.
Comento: Mais mentira. Se ele fosse assim tão popular não teria havido conflitos e rechaços violentos e constantes desde que assumiu o governo. Ademais, a vitória de Morales foi fraudada, com o respaldo de Chávez, inclusive usando as mesmas máquinas fraudulentas utilizadas na Venezuela.
ÉPOCA – O Brasil enfrenta problemas com esta instabilidade na Bolívia. O que pode fazer?
Hakim – O Brasil tem melhor possibilidade de jogar um papel positivo do que os Estados Unidos. O Brasil tem experiência diplomática e certa influência sobre (o presidente da Venezuela, Hugo) Chávez – e, se ele está realmente insuflando Morales, o Brasil pode conversar. A Bolívia corre grande perigo.
Comento: Claro que o Brasil tem mais influência na Bolívia do que os Estados Unidos porque ambos os presidentes são parceiros no Foro de São Paulo que nem a revista nem este elemento citam. Agora, dizer que “se Chávez está realmente insuflando Morales”, no condicional, é a maior das canalhices porque todo mundo sabe que Chávez mantém, como a uma amante, este índio cocalero. E Morales não faz NADA que não seja por ordem de Chávez e de Cuba.
ÉPOCA – O presidente Chávez pode estar influenciando o presidente Morales?
Hakim – Pessoas que conhecem Morales bem, que estão perto dele, acham que sim, acham que Chávez tem uma influência grande sobre ele.
Comento: É nojento ver um sujeito que diz estudar a América Latina desde a década de 60 “não saber” o que se passa nesta relação obscena entre esses dois elementos abjetos. Chávez não só “tem influência” como mantém de tudo, desde a guarda pessoal, que é venezuelana, como cede avião e petrodólares, milhares deles. Vejam a última edição do Notalatina clicando nos links e vocês vão ter uma radiografia dessa dependência.
ÉPOCA – Chávez já afirmou que, se a oposição tentasse derrubar Evo Morales, ele interviria. Isso pode acontecer agora?
Hakim – É difícil imaginar como fazer isso. O problema é muito grande porque há uma polarização na Bolívia por classe social, por nacionalidade, por grupo étnico e por região. Então, não é fácil para Chávez intervir. Provocaria uma resistência maior ainda.
Comento: Ele sabe que Chávez pode intervir sim. Se vai ser recebido a bala ou com flores é outra questão. Os militares bolivianos já mandaram uma mensagem clara para Chávez de que se ponha em seu lugar mas isto não é o suficiente para deter o demente. São duas situações distintas e que ele propositalmente mistura, sutilmente defendendo Chávez.
ÉPOCA – Chávez pode ter influenciado a decisão de Morales de expulsar o embaixador dos Estados Unidos?
Hakim – É difícil entender a expulsão do embaixador. Acho que a intenção (do presidente Evo Morales) era provocar um conflito com os Estados Unidos para fortalecer sua posição interna. Eu sei que os EUA têm sido muito cuidadosos, entendem muito bem o problema que o governo de Morales está enfrentando e não queriam um rompimento. O governo americano sabia que seria difícil ter as melhores relações com Morales, mas fez muito esforço para manter uma relação racional. Expulsar o embaixador, sem comunicação anterior, é como a opção nuclear.
Comento: Os Estados Unidos sabem muito bem das situações da Bolívia, mas não “o problema que o governo Morales está enfrentando” senão CRIANDO. No fim do ano passado alguns governadores da “meia lua” estiveram nos Estados Unidos denunciando a fraudulenta vitória da nova Constituição, que foi “aprovada” só com os partidos oficialistas, de portas fechadas e onde a oposição FOI PROIBIDA de participar. Depois disso, esses governadores foram ameaçados de morte pelos índios selvagens, como neste vídeo que eu dispus no Notalatina (em que os Ponchos Rojos degolam um cachorro e dizem que vão fazer o mesmo com os “oligarcas”, opositores e prefeitos), e até mesmo incendiando as sedes de governos e delegacias. Este demente sabe disso tudo muito bem e torce os fatos, DESINFORMA PROPOSITALMENTE.
ÉPOCA – Por isso, os Estados Unidos expulsaram o embaixador da Bolívia quase imediatamente...
Hakim – É uma pena, mas os Estados Unidos não podiam deixar de responder. Agora é hora de sentar e conversar.
Comento: Isto era a resposta obrigatória, não porque “os Estados Unidos não podiam deixar de responder” mas em obediência a convenções internacionais de reciprocidade.
ÉPOCA – Em resposta, o presidente Chávez anunciou a expulsão do embaixador americano da Venezuela em solidariedade à Bolívia. Até onde isso pode ir?
Hakim – Isso é uma loucura. A Venezuela representa um problema muito maior para os Estados Unidos. Por dois motivos. Um deles, obviamente, é o petróleo: a Venezuela fornece de 10% a 12% do petróleo consumido nos EUA.
Comento: O “problema maior” não é para os Estados Unidos mas para a Venezuela. O desinformador diz quanto os Estados Unidos consomem do petróleo venezuelano mas não diz qual o percentual de venda da Venezuela para os Estados Unidos. Visto assim, parece que é uma perda irreparável para os Estados Unidos mas não é, porque eles podem procurar outro fornecedor. Agora, esses “10% a 12%” americanos representam MAIS DE 50% das vendas venezuelanas. Então, quem perde mais?
Além disso, o que ele não informou é que a expulsão do embaixador americano da Venezuela foi um pouco por retaliação pelas últimas denúncias a respeito das ligações de Chávez e seus ministros com as FARC, em especial Ramón Rodriguez Chacín, ex-ministro da Defesa e facilitador de armas e naturalização de terroristas na Venezuela. Falei disso no Notalatina no início do ano, quando das “operações humanitárias” que libertaram Clara Rojas e Consuelo Perdomo. Vejam nas edições do início deste ano que tem toda a folha corrida do terrorista Chacín.
Outro fato também, que este degenerado não informa - nem a mídia companheira de viagem brasileira -, é que este espetáculo serviu para encobrir os julgamentos de venezuelanos envolvidos com o “caso das valises”, onde Chávez deu 800 mil dólares para a campanha presidencial de Cristina Kirchner e agora sabe-se que houve outra, com 4.200.000 que ninguém sabe o paradeiro. Antonini Wilson resolveu abrir o bico em troca de benefícios no julgamento e confirmou a doação. Chávez está possesso com isto e resolveu retaliar, expulsando o embaixador americano, não somente em “solidariedade” ao amigo e companheiro no Foro de São Paulo, o cocalero Morales.
O outro é que a maioria dos países da América Latina não vai querer enfrentar os Estados Unidos, mas também não vai ficar contra a Venezuela. Os Estados Unidos não conseguirão mais apoio dos países da América Latina contra a Venezuela.
Comento: Os Estados Unidos há tempo não contam com o apoio latino-americano - com exceção da Colômbia, incondicional, e parcial do Peru -, não porque não queiram ou porque tenham uma política ruim, mas porque hoje a maioria pertence ao Foro de São Paulo, é comunista e intoxicada de anti-americanismo. Se este degenerado falasse nesta organização criminosa (FSP) ou a revista não procurasse esconder a influência deste Foro na situação latino-americana, as coisas ficariam claras como a luz do dia.
Graça Salgueiro
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segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Cué-Cué Marabitanas: nova Nação Indígena na Amazônia
O livro "A Farsa Ianomâmi", escrito pelo coronel do Exército Carlos Alberto Lima Menna Barreto (*), põe a nu, ao provar com inúmeros documentos, a farsa do século que foi a criação da Terra Indígena Ianomâmi (TI Ianomâmi). Na verdade, o blefe monumental foi arquitetado por uma fotógrafa belga, Cláudia Andujar, que reuniu algumas tribos, que não tinham nenhuma relação entre si, e criou a "nação imemorial dos ianomâmis", com o total apoio dos caciques brancos de Brasília.
O livro de Menna Barreto tem a apresentação feita pelo general-de-divisão Carlos de Meira Mattos, que assim inicia seu escrito:
"A questão ianomâmi, como é apresentada pelos interesses alienígenas, clama contra a lógica e o bom senso. Como reivindicar o controle político de um território brasileiro da extensão de 94.1991 km2 (semelhante à área de Santa Catarina e três vezes a superfície da Bélgica), para uma tribo que o habita, de 5.000 índios, no máximo, e que vive, até hoje, no mais baixo estágio da ignorância e primitivismo? Estes próprios índios ignoram as reivindicações que são feitas em seu nome, por organizações internacionais mascaradas com intenções científicas (ecologia, ambientalismo, antropologia) e que fazem uma pressão crescente no sentido de entregar a soberania dessa área aos seus habitantes" (pg. 11).
Em 1973, em noticiário bombástico, Cláudia Andujar se referiu aos índios ianomâmis, os quais, no entanto, nunca haviam sido identificados pelos exploradores que passaram pela região. E olha que foram muitos, tanto do Brasil, quanto do exterior. No capítulo 3, "A Ianomamização dos Índios", diz Menna Barreto: "Manoel da Gama Lobo D`Almada, Alexandre Rodrigues Ferreira, os irmãos Richard e Robert Schomburgk, Philip von Martius, Alexander von Humboldt, João Barbosa Rodrigues, Henri Coudreau, Jahn Chaffanjon, Francisco Xavier de Araújo, Walter Brett, Theodor Koch-Grünberg, Hamilton Rice, Jacques Ourique, Cândido Rondon e milhares de exploradores anônimos cruzaram, antes disso, os vales do Uraricoera e do Orenoco, jamais identificaram quaisquer índios com esse nome" (pg. 29). Com a autoridade de quem foi o primeiro comandante do 2º Batalhão Especial de Fronteira e do Comando de Fronteira de Roraima, diz Menna Barreto: "É preciso ficar claro antes de tudo que os índios supostamente encontrados por Cláudio Andujar são os mesmos de quando estive lá, em 1969, 1970 e 1971. (...) eles continuam a ser os xirianás, os uaicás, os macus e os maiongongues de sempre, ficando essa história de `ianomâmis` só para brasileiros e venezuelanos" (pg. 33).
Em 1985, quando Menna Barreto era Secretário de Segurança de Roraima, a população de Boa Vista ficou admirada com tantos aviões da FAB fazendo evoluções nos céus: dois aviões de transporte Búfalo, uma esquadrilha de jatos e alguns helicópteros. As aeronaves não eram para compor a Base Aérea de Boa Vista, recém-inaugurada. Eram para transportar agentes federais, que desceram no Garimpo de Santa Rosa, para aplicar castigos aos trabalhadores, como escreveu Menna Barreto: "após retirarem as pessoas de suas choupanas ao lado da pista, as teriam obrigado a se despirem, submetendo-as a vexames, ofensas e agressões, enquanto outras equipes procediam à destruição dos equipamentos e mantimentos existentes nas imediações" (Pg. 59 e 60). Menna Barreto soube, por integrantes da FAB, que a ordem de Brasília era, em um prazo de 4 semanas, "esvaziar os garimpos a oeste dos 62º e as áreas reivindicadas por macuxis, ingaricós e taulipangues nos Rios Suapi, Quinô, Cotingo e Maú, na região montanhosa, ao norte do Território" (pg. 60). Finaliza Menna Barreto seu capítulo 7, "A Vingança da Gringa": "Tempos depois - por informações vazadas da FUNAI - soube-se que a autoridade misteriosa não era outra senão a belga Cláudia Andujar. Com singular prestígio nas altas rodas de Brasília, intimidou órgãos do Governo com um protesto pela existência de brasileiros a oeste do meridiano 62º, no Garimpo Santa Rosa. A solução encontrada foi desencadear uma operação secreta de espancamento de garimpeiros, de modo a contentá-la, sem que mais ninguém neste país ficasse sabendo..." (pg. 62 e 63)
Raposa Serra do Sol teve sua origem em blefe semelhante à geração espontânea dos ianomâmis. Diz Menna Barreto: "E muito menos se pode chamar de ideal a conspiração criminosa de alguns `padres` com os índios transviados, para arrancar outro pedaço de Roraima, com a criação pretendida da reserva indígena Raposa - Serra do Sol, em uma parte do estado povoada, há dois séculos, por brasileiros" (pg. 155).
Depois das Nações Ianomâmi e Raposa Serra do Sol, vem aí uma nova nação, que está sendo engendrada pelos morubixabas da Funai, pelo CIMI e por sociólogos e antropólogos de diversas partes do mundo, para arrancar mais um naco do mapa do Brasil: a Nação Cué-Cué Marabitanas.
Guarde bem este nome: Cué-Cué Marabitanas. Logo irá aparecer nos noticiários. No momento é a TI Cué-Cué Marabitanas, que, juntamente com outras TI, existe apenas nos mapas da FUNAI, do CIMI e das ONGs. Fica no Estado do Amazonas, município de São Gabriel da Cachoeira e tinha 1.645 indígenas, em 1996, segundo fonte do Instituo Socioambiental (ISA). Na extremidade sul da TI Cué-Cué Marabitanas fica a cidade de São Gabriel da Cachoeira. Esta TI dos cués fica entre a TI Balaio, a leste (que faz fronteira com a TI Ianomâmi), a TI Alto Rio Negro, a oeste, a TI Médio Rio Negro I, ao sul, e a Venezuela, ao norte. Abaixo da TI Alto Rio Negro, existe ainda a TI Rio Apapóris (próximo à Vila Bittencourt). E a leste da TI Médio Rio Negro existem as TI Médio Rio Negro II e TI Rio Tea. Abaixo da TI Médio Rio Negro I - depois de uma faixa de terra ainda não pleiteada pela Funai para os indígenas - existe a TI Uneiuxi. Todas estas TI ficam no Amazonas. Com as demarcações de Balaio e Cué-Cué Marabitanas, o município de São Gabriel da Cachoeira terá 90% de suas terras destinadas aos índios! Convém lembrar que no Amazonas existe, ainda, a TI Rio Cuieras, na região de Manaus e Nova Airrão.
Você já tinha ouvido falar dos Cué-Cué Marabitanas? Eu, não. Será que eles também foram inventados pela FUNAI, como os ianomâmis? E com a ajuda de que estrangeiros? Guardou o nome? É Cué-Cué Marabitanas.
Pesquisando na Internet, descobri algo espantoso, que não vem sendo divulgado pela mídia, para que os vendilhões de nossa Pátria possam trabalhar mais à vontade. No Blog do Mércio, lê- o seguinte:
"...A ilusão messiânica também tem configurações laicas. Veja, por exemplo, a proposta do ISA de forçar a Funai a demarcar a Terra Indígena Cue Cue Marabitanas em tal dimensão que junte em uma única área as terras indígenas Yanomami (9,9 milhões de hectares) e Alto Rio Negro (10,5 milhões de hectares), as quais, junto com a demarcação de mais duas terras contíguas ao Sul, totalizariam cerca de 23 milhões de hectares e fechariam uma fronteira contínua de 2.500 km com a Venezuela e a Colômbia".
O que se pode depreender das investidas do ISA, com pleno apoio da Funai e do CIMI, e de milhares de ONGs, tanto nacionais quanto estrangeiras, o problema indígena no norte de Roraima e Amazonas é muito mais grave do que imaginávamos, depois que foram criadas e homologadas pelo Governo Federal as TI Ianomâmi e Raposa Serra do Sol. Ou seja, o movimento indigenista, de caráter entreguista (entre os brasileiros que apóiam tal patifaria) e de propósito gatuneiro(entre os espertalhões estrangeiros, que querem preservar para si, no futuro, a colossal riqueza do subsolo, de minerais raros), quer transformar uma área igual a três vezes o solo de Portugal em uma mega nação indígena. Sem falar que a TI Raposa Serra do Sol, que também faz divisa com a Venezuela, ao norte, e a Guiana, a leste, tem uma área superior a 1,7 milhão de hectares.
Não se pode esquecer o modus operandi desses patifes, muitos travestidos de padres e pastores evangélicos. Diz Menna Barreto: "Agem pela violência, seguindo a conhecida receita da guerrilha: intimidar para subjugar. E nem sabem mais por quê. O terrorismo, a violência deixou de ser o processo para ser o objetivo. E violência não pode ser ideal de ninguém. Bandido não pode ser herói. Bandido é bandido mesmo" (pg. 155).
Espertamente, brasileiros apátridas, sob as ordens de ONG estrangeiras, pretendem que o Governo Federal primeiro homologue a TI dos cués, um território menor, para então darem o golpe final, monumental, definitivo, que é a criação e homologação da TI Alto Rio Negro, que tem uma área superior ao território ianomâmi. Com isso, terão conseguido o diabólico intento, que irá mais do que duplicar as terras contínuas dos territórios indígenas junto à fronteira com a Venezuela e Colômbia, para mais fácil criar uma gigantesca e riquíssima Nação Indígena.
O que se pode prever é que, em futuro não muito distante, será criada a Grande Nação Ianomâmi, ou algum outro nome bombástico que venha a ter, que é o sonho milenarista dos novos beatos da atualidade. Será a efetivação da balcanização de toda a Amazônia, dilapidando as extensas terras que um dia pertenceram ao Brasil, país que, daí em diante, será conhecido mundialmente como Brasilistão - uma mistura de Brasil com Afeganistão. Outras extensas áreas indígenas do País terão o mesmo destino no futuro, a persistir a inércia dos brasileiros.
Convém lembrar, que, além dos indígenas, outros bantustões segregacionistas , de cunho socialista, estão sendo criados em todo o Brasil, dentro dos moldes do Apartheid sul-africano de triste memória, que são os acampamentos do MST e as terras reivindicadas pelos quilombolas.
(*) MENNA BARRETO, Carlos Alberto Lima. "A Farsa Ianomâmi", Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 1995.
P.S.: -A Portaria da FUNAI nº 1.131, de 23 de novembro de 2007 , publicada no Diário Oficial da União nº 229, de 29 de novembro de 2007, define o Grupo Técnico para realizar a delimitação da TI Cué-Cué Marabitanas, constituído também - vejam só! - por "lideranças" indígenas e integrantes da ONG Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). O Exército, que durante séculos ocupou e preservou a Amazônia para o Brasil, mais uma vez não foi chamado para opinar sobre o assunto.
Félix Maier
Ternuma
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