Em uma carta(abaixo) enviada a alguns órgãos de imprensa, supostamente escrita por Noel, filho do Orlando Villas Boas, ele discorda da exibição do vídeo de seu pai e o coloca em dissonância com a afirmação dos que hoje contestam a demarcação das terras indígenas, e praticamente afirma que Orlando Villas Boas defendia terras contínuas para os índios formando um novo país.
Aparentemente, é exatamente isto o que o filho de Orlando diz. Porém no vídeo é muito clara a preocupação e a discordância do Orlando em relação a emancipação dos territórios indígenas.
Noel, de certa forma, faz uma acusação de traição a memória de seu pai. Isso soa com muita estranheza, pois nem o gen. Lessa, nem o gen. Heleno, nem nenhuma outra autoridade das forças armadas e até nem mesmo o representante dos "arrozeiros" e prefeito de Pacaraima, João Paulo Quartieiro, teriam expressado ser contra a criação de reservas indígenas. Eles, assim como toda a parte da sociedade que está ciente do problema, apoiam e reconhecem a necessidade de reservas à índios não aculturados. O que querem é um adiamento na criação de novas reservas até que se mudem as Leis que estão dando aos índios a propriedade dessas áreas e não o usufruto como era anteriormente, que não sejam em áreas de fronteira e contra a homologação da Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas. O único ponto divergente com a política do Orlando é em relação a questão de reservas em terras continuas ou em ilhas. De resto, toda a sociedade apoia a política do Orlando, que é a mesma do Marechal Rondon e que é a mesma das autoridades das Forças Armadas.
Quem quiser conferir assista a palestra do gen. Lessa no vídeo de 2,5 horas do Seminário "A realidade da Amazônia – Soberania ameaçada, farsa?', realizado em 10/06/2008 no clube Espéria em São Paulo
Quanto a política indigenista, vê-se também nessa entrevista abaixo, na revista Época de Jan/2000, que a política defendida pelo Orlando em nada diverge da política defendida pelo gen. Lesa, Heleno, Rondon e outros.
Fica agora uma interrogação quanto ao motivo dessa manifestação.
Época: A sua avaliação sobre o futuro da população indígena é otimista?
Villas Bôas: Depende muito da política da Funai. Acho que deve haver uma política de vigilância. Não sou contrário a que o índio participe da sociedade nacional. Acho que o destino é esse, mas a opção deve ser dele. Nós defendemos uma política na qual o índio só sobrevive em sua própria cultura.
Época: Isso significa que a tutela do Estado deve prosseguir?
Villas Bôas: Acho que a tutela deve existir com o objetivo de preservar a área indígena, a saúde do índio, sem a preocupação de que ele se transforme num civilizado. Mas nem sempre aqueles que representam nossa sociedade e entram em contato com o índio pensam dessa forma. Acham que o nativo deve participar e virar um civilizado.
Revista Época
Noel Villas Bôas, considera o vídeo do seu pai fora de contexto
“Muito oportuno lembrar as palavras de meu pai, Orlando Villas Bôas, nesse período agitado da política indigenista. No entanto, é preciso fazer um esclarecimento. O trecho da entrevista feita pela jornalista Paula Saldanha, que tem sido divulgado na Internet, está deslocado do contexto original que lhe dá sentido. A verdadeira preocupação de meu pai, manifesta nessa entrevista, era com relação às inúmeras ONGs de caráter duvidoso que estavam (e estão) atuando em território indígena assumindo prerrogativas da FUNAI. A problemática indígena é questão que se refere somente à competência do Estado.Pensar que o sertanista Orlando Villas Bôas poderia ser contra a demarcação da reserva Ianomâmi beira o absurdo. É aconselhável lembrar a política dos Irmãos Villas Bôas, qual seja, a da demarcação de grandes reservas indígenas. A primeira grande reserva indígena brasileira, o Parque Indígena do Xingu, foi criada pelo Orlando, Cláudio e Leonardo Villas Bôas com apoio de grandes nomes como Noel Nutels e marechal Rondon, dentre outros. Aliás, foi a bem sucedida experiência do Xingu que desencadeou todo o processo das grandes demarcações que aconteceram depois.Por fim, interpretar este trecho de entrevista de um minuto e meio como uma postura semelhante àquela do Gen. Heleno ou, mais recentemente, à do general Luiz Gonzaga Lessa implica invariavelmente no total desconhecimento da política dos Villas Bôas ou interpretação equivocada das palavras de Orlando Villas Bôas que via o desrespeito às terras indígenas como causa da desagregação tribal levando inevitavelmente à perda da cultura desses povos. Cabe lembrar que a palestra do Gen. Gonzaga Lessa revelou uma postura diametralmente oposta àquela defendida pelos Villas Bôas no que diz respeito a: política indigenista, graus de aculturação dos povos indígenas brasileiros, território indígena e respeito à cultura desses povos. A integração rápida e forçada, sugerida pelo general nunca foi opção para a política indigenista de Orlando e seus irmãos. Aliás, postura semelhante à do Gen. Lessa foi energicamente combatida pelos irmãos Villas Bôas, na década de 1970, quanto o Gen. Oscar Jerônimo Bandeira de Mello, na presidência da FUNAI, defendia a integração forçada do índio à nossa sociedade atendendo, na época, a política de integração nacional do Presidente Médici”.
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segunda-feira, 30 de junho de 2008
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Seminário "A realidade da Amazônia"
O seminário "A realidade da Amazônia – Soberania ameaçada, farsa?", que foi realizado em 10/06/2008 no clube Espéria em São Paulo, já está disponível na íntegra na Internet, no site do Diário do Comércio.
Para assistir o vídeo de 2,5 horas clique aqui
Atualizando: Ver link abaixo.
http://oberrodaformiga.blogspot.com/2009/10/video-do-seminario-realidade-da.html
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União vai recadastrar terras de estrangeiros na Amazônia
União vai recadastrar terras de estrangeiros na Amazônia
Pacote de medidas consta de relatório preparado pela Secretaria Nacional de Justiça, PF e Funai
SÃO PAULO - O governo vai promover o recadastramento, no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), dos imóveis rurais de estrangeiros e de entidades sem fins lucrativos financiadas por recursos internacionais na Amazônia Legal. Além disso, o ingresso em território indígena e em áreas de proteção ambiental, naquela região, ficará condicionado, até o fim deste ano, à apresentação de visto temporário ou registro de permanência por parte de visitantes do exterior.O pacote de medidas consta de relatório preparado pela Secretaria Nacional de Justiça, Polícia Federal, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Ministério da Defesa para controlar a atuação das organizações não-governamentais (ONGs) na Amazônia e impedir a biopirataria e a venda de terras na floresta. A PF já está investigando operações realizadas ali pelo empresário sueco Johan Eliasch - que comprou 160 mil hectares na Amazônia - e fechará o cerco às ONGs. A entrada em reservas indígenas e áreas estratégicas passará pelo crivo dos ministérios da Justiça e da Defesa assim que for editado decreto presidencial sobre o assunto, previsto para setembro. A multa para quem descumprir a ordem vai variar de R$ 5 mil a R$ 100 mil.
Agencia Estado
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Pacote de medidas consta de relatório preparado pela Secretaria Nacional de Justiça, PF e Funai
SÃO PAULO - O governo vai promover o recadastramento, no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), dos imóveis rurais de estrangeiros e de entidades sem fins lucrativos financiadas por recursos internacionais na Amazônia Legal. Além disso, o ingresso em território indígena e em áreas de proteção ambiental, naquela região, ficará condicionado, até o fim deste ano, à apresentação de visto temporário ou registro de permanência por parte de visitantes do exterior.O pacote de medidas consta de relatório preparado pela Secretaria Nacional de Justiça, Polícia Federal, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Ministério da Defesa para controlar a atuação das organizações não-governamentais (ONGs) na Amazônia e impedir a biopirataria e a venda de terras na floresta. A PF já está investigando operações realizadas ali pelo empresário sueco Johan Eliasch - que comprou 160 mil hectares na Amazônia - e fechará o cerco às ONGs. A entrada em reservas indígenas e áreas estratégicas passará pelo crivo dos ministérios da Justiça e da Defesa assim que for editado decreto presidencial sobre o assunto, previsto para setembro. A multa para quem descumprir a ordem vai variar de R$ 5 mil a R$ 100 mil.
Agencia Estado
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quarta-feira, 18 de junho de 2008
ONU quer a Amazônia
Cientista social mexicano polemiza demarcação indígena. Funcionário graduado da ONU afirmou que o Brasil pode ser punido se a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol for alterada.
Índios da Raposa Serra do Sol vão à Europa buscar apoio
Índios da reserva Raposa Serra do Sol desembarcam na Europa para montar um lobby internacional com o objetivo de defender seus interesses em Roraima. Auxiliados por ONGs estrangeiras, eles estarão com ministros das Relações Exteriores, parlamentares e membros do Executivo de seis diferentes países europeus.
A turnê passará por Portugal, Espanha, França, Bélgica, Itália e Reino Unido. A idéia é conseguir apoio externo para que o governo brasileiro seja pressionado a garantir a proteção da reserva. A iniciativa é mais uma frente de oposição contra a idéia do governo de garantir que os conflitos na Amazônia não ganhem uma dimensão internacional.
A missão de indígenas contará com dois representantes dos moradores da reserva. Um deles é Jacir José de Souza, fundador do Conselho Indígena de Roraima. A outra é a coordenadora da Organização de Professores Indígenas de Roraima, Pierlangela Nascimento da Cunha, representante da tribo Wapixana. Em Londres, os índios terão sua agenda organizada pela entidade Survival, ativa na defesa dos interesses indígenas na Europa, mas que não dá informações sobre quem teria pago pela viagem dos índios. "Os indígenas vão apelar para que os ajudem a salvar a Amazônia", afirma um comunicado da entidade. Entidades católicas da Grã-Bretanha também estariam envolvidas.
Segundo a Survival, a reserva está sendo atacada por fazendeiros que teriam ferido a tiros pelo menos dez pessoas, queimado pontos e até jogado uma bomba.
Em Londres, a agenda inclui uma reunião com o Ministério das Relações Exteriores e com parlamentares em Westminster.
"Essa é uma batalha crucial para os índios brasileiros e para a Amazônia. Se os fazendeiros e políticos conseguirem roubar (???) a reserva dos indígenas, isso abriria um precedente perigoso para todas as tribos brasileiras. Não podemos deixar que isso ocorra", afirmou Stephen Corry, diretor da entidade.
Durante a passagem dos indígenas pela Europa, uma série de conferências será organizada para pedir uma atenção da mídia estrangeira ao conflito. A idéia é tentar obter o apoio da opinião pública européia e reforçar a pressão sobre Brasília.
Imaginário – Os ativistas ingleses prometem até mesmo usar da literatura para convencer a opinião pública a dar atenção ao caso. Segundo a Survival, dois dos principais escritores britânicos – Sir Arthur Conan Doyle e Evelyn Waugh – se inspiraram na região da reserva há décadas para escrever livros de sucesso como "Lost World" e "Handful of Dust".
As entidades que organizam a viagem não poupam críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E também ao governo de Roraima, por "apoiar os fazendeiros".
Os riscos com a falta de proteção às riquezas da região foram ressaltados em reportagens do Diário do Comércio na semana passada, a partir de um alerta feito em 2000 pelo indigenista Orlando Villas Bôas, em um vídeo que ganhou grande destaque na internet.
Diário do Comércio
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Índios da Raposa Serra do Sol vão à Europa buscar apoio
Índios da reserva Raposa Serra do Sol desembarcam na Europa para montar um lobby internacional com o objetivo de defender seus interesses em Roraima. Auxiliados por ONGs estrangeiras, eles estarão com ministros das Relações Exteriores, parlamentares e membros do Executivo de seis diferentes países europeus.
A turnê passará por Portugal, Espanha, França, Bélgica, Itália e Reino Unido. A idéia é conseguir apoio externo para que o governo brasileiro seja pressionado a garantir a proteção da reserva. A iniciativa é mais uma frente de oposição contra a idéia do governo de garantir que os conflitos na Amazônia não ganhem uma dimensão internacional.
A missão de indígenas contará com dois representantes dos moradores da reserva. Um deles é Jacir José de Souza, fundador do Conselho Indígena de Roraima. A outra é a coordenadora da Organização de Professores Indígenas de Roraima, Pierlangela Nascimento da Cunha, representante da tribo Wapixana. Em Londres, os índios terão sua agenda organizada pela entidade Survival, ativa na defesa dos interesses indígenas na Europa, mas que não dá informações sobre quem teria pago pela viagem dos índios. "Os indígenas vão apelar para que os ajudem a salvar a Amazônia", afirma um comunicado da entidade. Entidades católicas da Grã-Bretanha também estariam envolvidas.
Segundo a Survival, a reserva está sendo atacada por fazendeiros que teriam ferido a tiros pelo menos dez pessoas, queimado pontos e até jogado uma bomba.
Em Londres, a agenda inclui uma reunião com o Ministério das Relações Exteriores e com parlamentares em Westminster.
"Essa é uma batalha crucial para os índios brasileiros e para a Amazônia. Se os fazendeiros e políticos conseguirem roubar (???) a reserva dos indígenas, isso abriria um precedente perigoso para todas as tribos brasileiras. Não podemos deixar que isso ocorra", afirmou Stephen Corry, diretor da entidade.
Durante a passagem dos indígenas pela Europa, uma série de conferências será organizada para pedir uma atenção da mídia estrangeira ao conflito. A idéia é tentar obter o apoio da opinião pública européia e reforçar a pressão sobre Brasília.
Imaginário – Os ativistas ingleses prometem até mesmo usar da literatura para convencer a opinião pública a dar atenção ao caso. Segundo a Survival, dois dos principais escritores britânicos – Sir Arthur Conan Doyle e Evelyn Waugh – se inspiraram na região da reserva há décadas para escrever livros de sucesso como "Lost World" e "Handful of Dust".
As entidades que organizam a viagem não poupam críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E também ao governo de Roraima, por "apoiar os fazendeiros".
Os riscos com a falta de proteção às riquezas da região foram ressaltados em reportagens do Diário do Comércio na semana passada, a partir de um alerta feito em 2000 pelo indigenista Orlando Villas Bôas, em um vídeo que ganhou grande destaque na internet.
Diário do Comércio
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quarta-feira, 11 de junho de 2008
Amazônia verde sob a ameaça branca
O seminário "A realidade da Amazônia – Soberania ameaçada, farsa?', realizado ontem, no clube Espéria, que foi aberto com a exibição do vídeo de Orlando Villas Bôas, reuniu mais de mil pessoas e mostrou que a sociedade civil está organizada e mobilizando-se em defesa da Amazônia e da soberania brasileira.
General Lessa, que mobilizou as atenções da platéia sobre a grandiosidade de Roraima.
Príncipe Bertrand de Orleans e Bragança, herdeiro do Trono Imperial.Sua alteza, o príncipe Bertrand de Orleans e Bragança, herdeiro do Trono Imperial do Brasil, também é um defensor convicto da Amazônia, como parte indivisível do Brasil. "A unidade nacional é um dos maiores legados de Dom João VI", disse ontem, durante seminário "A realidade da Amazônia".
General Lessa, que mobilizou as atenções da platéia sobre a grandiosidade de Roraima.
Controlar a "invasão branca" de ONGs, principalmente estrangeiras, assegurar o controle da água e explorar ricas jazidas de minérios – grande parte em reservas indígenas e praticamente inacessíveis devido a legislação em vigor – e povoar as zonas de fronteira, para garantir a integridade do território nacional sem agredir o meio ambiente.
Esses foram os principais temas debatidos no seminário "A realidade da Amazônia – Soberania ameaçada, farsa?', realizado ontem, no clube Espéria. Segundo os participantes, o evento foi considerado um marco por mobilizar e entusiasmar setores da sociedade civil organizada em defesa da Amazônia e da soberania brasileira.
De acordo com o general Luiz Gonzaga S. Lessa, ex-comandante militar da região, de 5 milhões de quilômetros quadrados espalhados em nove estados, organizações e governos estrangeiros fazem campanha internacional aberta para retirar a Amazônia do controle brasileiro.
A população indígena é de cerca de 350 mil índios. As terras indígenas representam 12% do território brasileiro. Para ele, a política da Funai (Fundação Nacional do Índio) isolou os índios. "Há um imenso vazio demográfico que precisa ser explorado, mas não a todo custo", afirmou o militar, ao abrir o evento.
Em sua explanação, Lessa divulgou um estudo da ONG Contas Abertas, com base no Sistema Integrado de Administração Financeiras (Siafi), que mostra o vertiginoso aumento de organizações não-governamentais, entre 2001 a 2006, atuando dentro do País.
De 22 mil, em 2002, elas pularam para cerca de 260 mil em 2006. Em 2007, o número subiu para 276 mil e 100 mil trabalham na Amazônia. A população indígena é estimada em 350 mil índios, ou seja, há 3,5 índios para cada ONG . "Há uma verdadeira invasão branca na Amazônia sem ninguém dar um tiro sequer. Trata-se de um neo colonialismo que estamos aceitando voluntariamente", denunciou o general.
Riqueza natural – Ao defender a soberania nacional, Lessa afirmou que o Brasil detém hoje 20% da água doce da superfície do planeta e 80% dela encontra-se na bacia amazônica. "Fala-se que a próxima guerra mundial será pelo controle da água. Veja a sua importância estratégica mundial", chamou a atenção.
O general falou também sobre a polêmica em torno da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, na divisa do Brasil com a Venezuela, que possui 12 vezes o tamanho da cidade de São Paulo e inúmeras riquezas, como o urânio, abundante e inexplorado. "Roraima, que tem sua superfície ocupada por reservas indígenas em quase 50%, representa o grande embate internacional contra o Brasil", afirmou.
Políticas públicas – Em sua fala, o líder dos índios macuxis, Jonas de Souza Marcolino, da Raposa Serra do Sol, responsabilizou a Funai, entidades religiosas e ONGs de isolarem os povos indígenas.
"Muitas ONGs têm influência negativa sobre a massa indígena", contou o índio, sob forte aplauso. "O que ocorre em Roraima é uma destruição de nossos valores nacionais. O estado expulsa os brasileiros e deixa lá os estrangeiros".
"Muitas ONGs têm influência negativa sobre a massa indígena", contou o índio, sob forte aplauso. "O que ocorre em Roraima é uma destruição de nossos valores nacionais. O estado expulsa os brasileiros e deixa lá os estrangeiros".
Zona de Fronteira – Terceiro orador a falar, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) afirmou que a demarcação de reservas em zona fronteiriça representa um risco à segurança nacional.
Durante o seminário, foram citados três focos de guerrilha das FARC, na divisa do Brasil com a Colômbia, e sua aliança com o narcotráfico. "A edificação de vilas e cidades é uma forma racional de ocupação de nossas fronteiras, que estão abandonadas", afirmou.
Durante o seminário, foram citados três focos de guerrilha das FARC, na divisa do Brasil com a Colômbia, e sua aliança com o narcotráfico. "A edificação de vilas e cidades é uma forma racional de ocupação de nossas fronteiras, que estão abandonadas", afirmou.
Lição imprópria – Último palestrante, o professor Denis Rosenfield, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e articulista do Diário do Comércio, disse que a comunidade internacional, principalmente européia, não tem o direito de cobrar o Brasil. Segundo Rosenfield, a Europa conservou só 0,3% de suas florestas nativas. "Querem nos ensinar a lição, quando eles é que devem aprender".
O prefeito de Paracaima (RO) e líder da Associação de Arrozeiros da reserva Raposo Serra do Sol, Paulo César Quartiero, que chegou a ser preso pela Polícia Federal, acusado de porte ilegal de explosivos e formação de quadrilha, também defendeu a soberania. "Está na hora de termos um plano de desenvolvimento da Amazônia que dê oportunidades a todos e proteja nossa fronteiras", afirmou.
Aplausos para duas figuras históricas do Brasil
Duas figuras históricas que criaram a política indigenista no Brasil e trocaram correspondências em vida - Marechal Cândido Rondon (1865-1958) e Orlando Villas Bôas (1914-2002) - foram lembrados e saudados com aplausos pelos participantes do seminário "A realidade da Amazônia - soberania ameaçada, farsa?", realizado ontem, no clube Espéria, pelos serviços prestados ao País.
Autor do lema "Morrer se necessário for, matar nunca", Rondon fez as primeiras expedições às margens do rio Amazonas no início do século passado e criou o Serviço Nacional de Proteção aos Índios.
Autor do lema "Morrer se necessário for, matar nunca", Rondon fez as primeiras expedições às margens do rio Amazonas no início do século passado e criou o Serviço Nacional de Proteção aos Índios.
A importância de Villas Bôas foi ilustrada com a exibição do vídeo – de grande sucesso na internet – em que ele antecipa a polêmica sobre a devastação da Amazônia e o conflito entre agricultores e a Polícia Federal, na reserva indígena Raposa Serra do Sol, à noroeste de Roraima, na fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana.
O vídeo de um minutos e 17 segundos foi retirado de uma entrevista ao programa "Expedições", gravado em 2000 e exibido na íntegra em 2003.
Villas Bôas denunciou a fundação do Estado Ianomâmi naquela região. O indigenista explicou, então, com grande preocupação, que as maiores reservas de urânio do País – principal fonte de energia para usinas nucleares – localizavam-se naquele estado e dentro da reserva Ianomâmi.
"Nós já sabemos de fonte muito boa que dez ou 15 ianomâmis estão na América (Estados Unidos) aprendendo inglês e política", revelou Villas Bôas na entrevista ao afirmar que a criação do território indígena teria o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU).
O vídeo de um minutos e 17 segundos foi retirado de uma entrevista ao programa "Expedições", gravado em 2000 e exibido na íntegra em 2003.
Villas Bôas denunciou a fundação do Estado Ianomâmi naquela região. O indigenista explicou, então, com grande preocupação, que as maiores reservas de urânio do País – principal fonte de energia para usinas nucleares – localizavam-se naquele estado e dentro da reserva Ianomâmi.
"Nós já sabemos de fonte muito boa que dez ou 15 ianomâmis estão na América (Estados Unidos) aprendendo inglês e política", revelou Villas Bôas na entrevista ao afirmar que a criação do território indígena teria o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU).
A mulher de Villas Bôas, Marina, e o segundo filho, Noel, estiveram presentes ao debate. Noel cuida da preservação do acervo do pai. Dona Marina, viúva de Orlando, assistia atenta, mas preferiu não se pronunciar sobre o tema. Os dois deixaram o evento bastante emocionados.
Sergio Kapustan
Com a palavra, o nosso príncipe
Príncipe Bertrand de Orleans e Bragança, herdeiro do Trono Imperial.Sua alteza, o príncipe Bertrand de Orleans e Bragança, herdeiro do Trono Imperial do Brasil, também é um defensor convicto da Amazônia, como parte indivisível do Brasil. "A unidade nacional é um dos maiores legados de Dom João VI", disse ontem, durante seminário "A realidade da Amazônia".
Não fosse por Dom João, argumentou o príncipe, o Brasil seria hoje um aglomerado de "republiquetas". Por isso, ele não transige na questão da territorialidade. "Se fizermos qualquer concessão poderá acontecer com o Brasil, o que aconteceu com a Namibia", na África.
O príncipe dom Orleans está convencido de que não se pode abrir espaço para pensar os índios como nações. Por outro lado, ele destaca que "não temos o direito de mantê-los em jardins zoológicos humanos com uma cultura do tempo da pedra lascada". O príncipe garante que os índios querem sim os benefícios do progresso material da nossa civilização. "Eles são os primeiros a desejar isso, pois são nossos irmãos", defende. Por isso, sua alteza concluiu que devemos levar aos índios a fé cristã e a medicina, para por fim das enfermidades e sofrimentos nas aldeias.
Sergio Leopoldo Rodrigues
Sergio Leopoldo Rodrigues
Na Contra Mão
Marina volta a defender a demarcação da Raposa Serra do Sol
A ex-ministra do Meio Ambiente, a senadora Marina Silva (PT-AC), defendeu ontem a manutenção da área da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol. Segundo ela, o Brasil está diante de uma interpelação étnica sobre qual postura adotar em relação aos povos indígenas. "O nosso futuro deve comportar civilizadamente a possibilidade de que esses povos possam se reproduzir de acordo com suas condições sociais e materiais."Marina afirmou ainda, durante discurso feito na audiência do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que os arrozeiros têm a garantia legal de serem indenizados pelas terras. Por outro lado, não há como recuperar a herança cultural dos povos indígenas."Podemos plantar arroz em qualquer terra fértil. Agora, uma cultura que acha que o mundo foi criado a partir do Monte Roraima só existe ali."Segundo ela, em 500 anos de história, o Brasil dizimou um milhão de índios a cada século. Hoje, de acordo com a parlamentar, restariam um pouco mais de 500 mil índios espalhados por todo o País. "Nem o povo judeu sofreu genocídio dessa magnitude", comparou Marina.
A ex-ministra do Meio Ambiente, a senadora Marina Silva (PT-AC), defendeu ontem a manutenção da área da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol. Segundo ela, o Brasil está diante de uma interpelação étnica sobre qual postura adotar em relação aos povos indígenas. "O nosso futuro deve comportar civilizadamente a possibilidade de que esses povos possam se reproduzir de acordo com suas condições sociais e materiais."Marina afirmou ainda, durante discurso feito na audiência do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que os arrozeiros têm a garantia legal de serem indenizados pelas terras. Por outro lado, não há como recuperar a herança cultural dos povos indígenas."Podemos plantar arroz em qualquer terra fértil. Agora, uma cultura que acha que o mundo foi criado a partir do Monte Roraima só existe ali."Segundo ela, em 500 anos de história, o Brasil dizimou um milhão de índios a cada século. Hoje, de acordo com a parlamentar, restariam um pouco mais de 500 mil índios espalhados por todo o País. "Nem o povo judeu sofreu genocídio dessa magnitude", comparou Marina.
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Farc estudam entregar seqüestrados a Lula, afirma ex-refém.
O ex-senador colombiano Luis Eladio Pérez, que ficou quase sete anos em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), disse nesta terça-feira (10) que a guerrilha cogita entregar seqüestrados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pérez, libertado em fevereiro passado, reiterou, antes de se reunir com o presidente colombiano, Álvaro Uribe, que há operações em andamento para libertar vários seqüestrados. Ele especificou que, dentro de alguns dias, será anunciado se a guerrilha recorrerá a Lula, aos presidentes de Venezuela, Hugo Chávez, e Equador, Rafael Correa, ou ao próprio Uribe. "O processo está em andamento e o país saberá muito em breve o local, as condições, as coordenadas e as pessoas às quais (os reféns) serão entregues, se a Lula, ao presidente Chávez, a Correa ou a Uribe", disse o ex-parlamentar aos jornalistas ao entrar na casa presidencial de Nariño. Pérez indicou que entre os que seriam libertados estão a ex-candidata presidencial franco-colombiana Ingrid Betancourt, o ex-governador do departamento de Meta Alan Jara, o ex-parlamentar Óscar Tulio Lizcano e o ex-deputado regional de Valle del Cauca Sigifredo López. O alto comissário para a Paz colombiano, Luis Carlos Restrepo, participou da reunião de Luis Eladio Pérez com Uribe. Desde sua libertação, o ex-senador fez contatos em vários países para buscar um acordo humanitário para a troca de seqüestrados por guerrilheiros presos. As Farc têm em seu poder um grupo de 40 políticos, soldados, policiais e americanos, os quais desejam trocar por 500 rebeldes presos, mas, para isso, exigem um acordo humanitário, condicionado a que o Governo desmilitarize os municípios de Florida e Pradera (Valle del Cauca). O ex-legislador considerou que uma libertação de seqüestrados seria um gesto das Farc para que o grupo seja retirado das listas internacionais de terrorismo.
Diário do Comércio
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Diário do Comércio
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quinta-feira, 5 de junho de 2008
Líder ianomâmi confirma a cobiça pela região
"Querem engolir a nossa terra"
Sergio Kapustan
O rico patrimônio escondido no subsolo da Amazônia atrai a cobiça de estrangeiros e brasileiros. A afirmação é do líder ianomâmi Davi Kopenawa ao comentar ontem o vídeo exibido na internet, em que o maior indigenista brasileiro, Orlando Villas Bôas (1914-2002), antecipa a polêmica sobre a devastação e os conflitos na reserva Raposa Serra do Sol (RR), localizada na fronteira entre a Venezuela e a Guiana. A gravação foi feita há oito anos.
Entidades estrangeiras pressionam a ONU (Organização das Nações Unidas) para a criação de um País Ianomâmi. "A ameaça estrangeira e brasileira é real. Há gente de fora e aqui do Brasil – empresas mineradoras e fazendeiros, principalmente – querendo engolir as nossas terras para desmatar as florestas e explorar o nosso subsolo", declarou Davi.
No Brasil, os ianomâmis somam 15 mil índios em 255 aldeias. Em Roraima estão 197 delas. Ao norte do Amazonas, mais 6.510 pessoas, segundo dados de 2006 da Fundação Nacional de Saúde.
Na Venezuela, somam cerca de 12 mil distribuídos ao sul dos estados de Bolívar e Amazonas. As regiões brasileiras que eles ocupam têm no subsolo jazidas de minérios e metal ( veja ao lado os principais itens ). "O jogo na região é antigo e o nosso chefe grande – o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – precisa mostrar coragem para que não destruam a Amazônia", cobrou o líder ianomâmi.
Em entrevista ao programa "Expedições", em 2000, Villas Bôas afirmou, em tom de anunciação, a fundação do estado Ianomâmi, entre Brasil e Venezuela, com apoio dos Estados Unidos e até da ONU.
Tanto interesse estaria justificado pelas reservas de urânio, entre outras riquezas, enterradas em solo indígena. Vários índios teriam sido enviados aos EUA para aprender inglês e preparar a criação de "um estado desmembrado".
Davi Kopenawa confirmou que ele foi um dos que viajou aos EUA, mas negou o objetivo político. Ele visitou diversos países, como a Inglaterra e a Alemanha, sempre convidado pela organização de defesa dos povos indígenas Survivors International. "Fizemos apenas contatos com autoridades e gente que apóia a nossa causa", afirmou Kopenawa.
Clique na imagem para ampliar
Seminário - Na terça-feira, dia 10, a Associação Comercial de São Paulo promove o seminário "A realidade da Amazônia – Soberania ameaçada, farsa ou realidade", com a presença de quatro especialistas no tema: general Luiz Gonzaga Lessa (ex-comandante da Amazônia), deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), professor Denis Rosenfield (UFRGS) e o índio macuxi Jonas de Souza Marculino. O evento será no Clube Espéria, na avenida Santos Dumont, 1.313, Santana, às 10h. A entrada é franca
Diário do Comércio
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Sergio Kapustan
O rico patrimônio escondido no subsolo da Amazônia atrai a cobiça de estrangeiros e brasileiros. A afirmação é do líder ianomâmi Davi Kopenawa ao comentar ontem o vídeo exibido na internet, em que o maior indigenista brasileiro, Orlando Villas Bôas (1914-2002), antecipa a polêmica sobre a devastação e os conflitos na reserva Raposa Serra do Sol (RR), localizada na fronteira entre a Venezuela e a Guiana. A gravação foi feita há oito anos.
Entidades estrangeiras pressionam a ONU (Organização das Nações Unidas) para a criação de um País Ianomâmi. "A ameaça estrangeira e brasileira é real. Há gente de fora e aqui do Brasil – empresas mineradoras e fazendeiros, principalmente – querendo engolir as nossas terras para desmatar as florestas e explorar o nosso subsolo", declarou Davi.
No Brasil, os ianomâmis somam 15 mil índios em 255 aldeias. Em Roraima estão 197 delas. Ao norte do Amazonas, mais 6.510 pessoas, segundo dados de 2006 da Fundação Nacional de Saúde.
Na Venezuela, somam cerca de 12 mil distribuídos ao sul dos estados de Bolívar e Amazonas. As regiões brasileiras que eles ocupam têm no subsolo jazidas de minérios e metal ( veja ao lado os principais itens ). "O jogo na região é antigo e o nosso chefe grande – o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – precisa mostrar coragem para que não destruam a Amazônia", cobrou o líder ianomâmi.
Em entrevista ao programa "Expedições", em 2000, Villas Bôas afirmou, em tom de anunciação, a fundação do estado Ianomâmi, entre Brasil e Venezuela, com apoio dos Estados Unidos e até da ONU.
Tanto interesse estaria justificado pelas reservas de urânio, entre outras riquezas, enterradas em solo indígena. Vários índios teriam sido enviados aos EUA para aprender inglês e preparar a criação de "um estado desmembrado".
Davi Kopenawa confirmou que ele foi um dos que viajou aos EUA, mas negou o objetivo político. Ele visitou diversos países, como a Inglaterra e a Alemanha, sempre convidado pela organização de defesa dos povos indígenas Survivors International. "Fizemos apenas contatos com autoridades e gente que apóia a nossa causa", afirmou Kopenawa.
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Seminário - Na terça-feira, dia 10, a Associação Comercial de São Paulo promove o seminário "A realidade da Amazônia – Soberania ameaçada, farsa ou realidade", com a presença de quatro especialistas no tema: general Luiz Gonzaga Lessa (ex-comandante da Amazônia), deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), professor Denis Rosenfield (UFRGS) e o índio macuxi Jonas de Souza Marculino. O evento será no Clube Espéria, na avenida Santos Dumont, 1.313, Santana, às 10h. A entrada é franca
Diário do Comércio
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quarta-feira, 4 de junho de 2008
Guerra na Amazônia - Orlando Villas Bôas profetizou
O sertanista Orlando Villas Bôas (1914-2002), profetizou há oito anos, o atual conflito na reserva indígena Raposa Serra do Sol.
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