sábado, 21 de março de 2009

Guerra pode ocorrer a qualquer momento


LÍDER INDÍGENA AFIRMA: “Guerra pode ocorrer a qualquer momento”

Prenúncio de guerra? Se depender dos tuxauas ligados à Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiurr), o menor dos motivos poderá detonar o conflito, envolvendo índios de várias etnias em Roraima.
O anúncio foi feito ontem pelo presidente da organização, Silvio da Silva, após uma reunião com tuxauas de dez comunidades. Os índios querem manter a paz, mas desde que a lei seja cumprida, no que se diz respeito à retirada de todos os não-índios, que segundo os tuxauas, deve também incluir policiais federais, Força Nacional, padres e membros não-índios da Igreja Católica e qualquer estrangeiro que viva dentro de Raposa.
“A lei deverá ser respeitada. Se a determinação foi pela saída dos não-índios, não serão apenas os trabalhadores brasileiros que serão obrigados a sair, mas todos aqueles que não são índios, principalmente os padres e as ongs. Do contrário, vai ter guerra. Vamos lutar para a retiradas de todos eles, deixando só quem é índio de fato”, disse.

E acrescentou: “Se houverem estrangeiros, nós mesmos vamos tirar eles de lá, seja qual for a comunidade. Não vai ficar nenhum padre, freira ou qualquer estrangeiro. E aí de quem tentar nos impedir. Nossa guerra é contra as ongs e não contra nossos irmãos índios. Mas se quiserem guerra, guerra eles terão.

Silvio foi mais longe ao dizer que a Soudiurr vai lutar pelo fim da gerencia regional da FUNAI em Roraima.Também afirmou que as comunidades indígenas não querem a interferência do Incra, do Ibama e de qualquer autarquia federal. “A terra é nossa”, esclareceu.

Silvio afirmou que já existem projetos antigos para as comunidades em Raposa Serra do Sol. As principais se referem ao plantio de mandioca, feijão, milho, gado e a piscicultura. As dez comunidades ligadas à Sodiurr vão buscar o apoio do Governo do Estado.

“Podemos ter perdido uma parte da guerra, mas não vamos abandonar as comunidades. Vamos lutar até o fim para dar boas condições ao nosso povo que tanto sofreu por conta de abandono”.

Dionito José de Souza do CIR é acusado de querer ser o "governador" de Raposa Serra do Sol

O presidente também esclareceu que tinha o interesse de firmar parcerias junto ao Conselho Indígena de Roraima (CIR), mas mudou de idéia ao decorrer do processo demarcatório.

O CIR só trabalha com mentira. Não aceitamos trabalhar junto a eles, pois são falsos. Lutaram contra os arrozeiros, mas são costumados a comer mingau de arroz e outros produtos feitos pelos próprios trabalhadores que eles ajudaram a expulsar”.
Ele criticou, também, a postura do coordenador do CIR, Dionito José de Souza, que segundo ele, está agindo como ‘governador’ de Raposa Serra do Sol.
“Não há nenhuma determinação para que o CIR domine Raposa. Nenhum deles possui caráter de autoridade e de jeito nenhum podem agir como se fossem os únicos donos da terra”.
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Sodiur alerta para conflito entre índios


Tuxaua Abel Barbosa prevê conflito na reserva Raposa Serra do Sol
Lideranças indígenas ligadas à Sodiur (Sociedade de Defesa dos Índios do Norte de Roraima) alertam para o possível conflito entre índios na disputa pela terra.
A opinião é do tuxaua da comunidade do Flexal, município de Uiramutã, Abel Barbosa, secretário-geral da Sodiur. Ele procurou a Folha para rebater as declarações do coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza. O coordenador criticou o voto do ministro Marco Aurélio de Mello e disse que índios iriam ocupar as fazendas de arroz e descansar a terra por três anos antes de trabalhar nela.

“Se eu chegar na sua casa e querer mandar, a senhora não vai aceitar, né? Assim também vai ser com a gente. Ele (Dionito) quer ser o governador da Raposa, vai querer mandar, mas não será do jeito que ele está pensando. Vai ter briga de índio contra índio, vai ter derramamento de sangue, porque a gente não vai aceitar isso”, disse Abel Barbosa, de Brasília, no intervalo do julgamento no STF.
“Somos aculturados, temos filhos estudando na cidade, fazendo faculdade. Queremos o desenvolvimento, não vivemos isolados. A gente quer criar, plantar, comprar e vender gado, produzir”, defendeu o tuxaua.

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