segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Câmara quer ouvir explicações de preposto das Farc



Olivério Medina será chamado à comissão de Segurança
Deseja-se ouvi-lo sobre mensagens ao ‘2º da guerrilha’
E-mails sugerem 'vínculos' com autoridades do governo


Nos próximos dias, o ex-padre Olivério Medina (foto) perderá de vez uma qualidade que preza muito: a invisibilidade.

Personagem de notícia veiculada pela revista colombiana Cambio, Medina será chamado a prestar esclarecimentos na Câmara.
O requerimento é de autoria do presidente da Comissão de Segurança Pública, Raul Jungamann (PPS-PE).
A idéia do deputado é a de promover audiência conjunta com uma segunda comissão, a de Relações Exteriores, da qual é membro.

Além do “convite” a Olivério Medina, Jungmann vai requisitar, por meio da direção da Câmara, cópias de documentos que se encontram em poder do ministro Nelson Jobim (Defesa).
São papéis repassados ao governo brasileiro por autoridades de segurança da Colômbia. Há 15 dias, em visita a Bogotá, Lula conversou sobre a encrenca com o colega Alvaro Uribe.
Em meio ao papelório, há 85 e-mails trocados por integrantes das Farc, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, entre 1999 e 2008.

Mensagens recolhidas na memória de um laptop que pertencia a Raúl Reys –o segundo na hierarquia da narcoguerrilha até ser morto, há cinco meses, em operação militar da Colômbia.
Há entre as mensagens eletrônicas textos enviados desde o Brasil pelo ex-padre Olivério Medina, uma espécie de embaixador informal das Farc.
Expostos nas páginas do semanário Cambio, os e-mails de Medina a Reyes sugerem uma incômoda proximidade da guerrilha com o pedaço mais radical do PT e com autoridades do governo Lula.
Mencionam dirigentes e ex-dirigentes petistas, ministros e ex-ministros da atual gestão e assessores pessoais de Lula.
Daí a convocação da Câmara. “Não se está pretendo fazer nenhum pré-julgamento”, diz Jungmann. “Mas o assunto é sério demais para ficar sem nenhum tipo de esclarecimento.”

O preposto das Farc vive no Brasil desde 1997. Há 11 anos, portanto. Em 2005, Medina foi preso pela Polícia Federal.
Havia contra ele um pedido de extradição da Colômbia, onde é acusado de um leque de crimes associados à logomarca das Farc: terrorismo, seqüestro e extorsão.
No ano passado, porém, o STF mandou ao arquivo o pedido de extradição. Pesaram a favor de Medina dois fatos.

No ano anterior, ele obtivera do governo Lula o status de refugiado político. De resto, é casado com uma brasileira, a gaúcha Angela Slongo. Teve com ela uma filha.

Hoje, Olivério Medina vive num modesto apartamento da Asa Norte de Brasília. A mulher ganhou, em dezembro de 2006, um emprego no Planalto.
Trabalha como servidora da Secretaria da Pesca, transformada em ministério na semana passada. Recebe salário mensal de R$ 1.500.
Quanto ao marido, não se sabe ao certo as atividades que desenvolve no Brasil.

Para Jungmann, como refugiado político e residente no país, Medina “decerto não irá se esquivar de prestar informações ao Congresso brasileiro.”
Josias de Souza

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