sábado, 15 de março de 2008

HOSPITAL DAS CLÍNICAS: VARIANTES DO TERRORISMO

Por Reinaldo Azevedo

No dia 24 de janeiro, publiquei um post sobre o incêndio no Hospital das Clínicas cujo título era “Onde há fogo, há fumaça”. A inversão da frase feita, é óbvio, levantava a suspeita de que a ação pudesse ter sido criminosa. Mais do que isso, no comentário, observei: “E convém ficar de olhos bem abertos também no Metrô. É evidente que, em certos setores, as militâncias se confundem, não é? Nunca se sabe quando o sujeito fala em nome da ‘catchiguria’ ou de um partido político.” Qual a razão dessa consideração? Sindicatos e partidos, claro, aproveitavam-se da impressionante seqüência de acidentes no Metrô e no hospital para a baixa exploração política. Ora, convenham: querem coisa mais dramática do que doentes asfixiados pela fumaça? Querem coisa mais arriscada, acenando para o caos, do que um colapso no metrô de São Paulo? Leiam, então, o que está no Portal G1. Volto depois:

Os incêndios de 24 de dezembro e 23 de janeiro no Hospital das Clínicas de São Paulo foram criminosos, aponta o laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que será divulgado na tarde desta sexta-feira (14), em São Paulo.Segundo o documento, os resultados das investigações apontam que os dois incidentes foram provocados por uma pessoa, o que confirmaria a tese de ação criminosa. A polícia também investiga o caso.Na véspera de Natal, o fogo atingiu parte do Prédio dos Ambulatórios do Hospital das Clínicas. O trabalho de remoção dos pacientes invadiu a madrugada de 25 de dezembro porque a fumaça entrou em locais de internação. Os 12 pacientes do centro cirúrgico e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no 9º andar do prédio, tiveram de ser transferidos para a Santa Casa de Misericórdia e para o Instituto do Coração (Incor).Em 23 de janeiro, parte de um pequeno depósito foi consumida pelo fogo que atingiu o sexto andar do Prédio dos Ambulatórios. Uma paciente desceu a rampa avisando sobre o incêndio. Um depósito foi fechado para a perícia.No dia do segundo incêndio, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse que o fogo poderia ter sido provocado. "Esse incêndio foi numa sala fechada, sem elementos de combustão, inclusive existe a hipótese, que vai ser investigada, de que foi provocado", disse.Segundo o Hospital das Clínicas, o laudo mostra que, no incêndio de 24 de dezembro, os técnicos encontraram vários fios cortados que seriam "a causa mais provável" do fogo.No incidente de 23 de janeiro, foram encontrados vestígios de uso de álcool, o que segundo o documento elaborado pelo IPT, faz "concluir que o incêndio foi deliberadamente provocado fazendo-se uso de álcool para iniciar e acelerar o processo de queima."

Voltei
Sim, a sabotagem existe, inclusive como tática de ação política. Qualquer investigação tem sempre de responder a pergunta: “A quem interessa tal evento?” É evidente que a resposta a esta indagação não define necessariamente a responsabilidade; não estabelece, por si mesma, uma relação de causalidade. Será sempre preciso ver depois como se faz a exploração da tragédia. No caso em tela, indago: os que saíram metendo os pés no peito do governo de São Paulo vão agora lhe pedir desculpas? Acho que não.Chega a ser engraçado que alguns inocentes acreditem que correntes radicais — abrigadas em partidos que aceitam a democracia por questões meramente táticas — tenham realmente desistido da chamada “ação direta”. É claro que não desistiram. Ora, elas só são o que são porque consideram que a democracia é um engodo, que afasta o povo da “libertação”. Assim, se puderem, elas a sabotam. Pode ser com dossiê falso; pode ser com incêndio; pode ser com a mobilização do aparato oficial para intimidar adversários.Trata-se de formas veladas de terrorismo. Também as idéias, não só as pessoas, têm uma “biografia”, não é mesmo?
Autor: Reinaldo Azevedo

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