terça-feira, 23 de junho de 2009

ONGs estrangeiras usam "bois da Amazônia" para atingir BNDES

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Desde a semana passada, as ONGs Amigos da Terra e Greenpeace estão fazendo um grande estardalhaço com a rescisão do contrato de financiamento do Banco Mundial ao Bertin – um dos maiores frigoríficos do País – e outros que foram acusados pelas ONGs por adquirir bois criados em áreas desmatadas na Amazônia e, em particular, no Pará. O Bertin diz que a rescisão foi motivada pela crise econômica e que, desde janeiro, vinha negociando com o Banco Mundial a interrupção do empréstimo. [1]

Contudo, ao entoar loas por terem “forçado” o Banco Mundial a rescindir o contrato com o Bertin, a Amigos da Terra e o Greenpeace estão mesmo é exibindo seus crachás de agentes de influência do Establishment anglo-americano. Para quem não se lembra, foi o mesmo tipo de conluio ambientalista entre criador e criaturas que “forçou” o Banco Mundial a interromper o financiamento do Polonoroeste, em Rondônia, e a cancelar os empréstimos à Eletrobrás, em 1989, para a construção de hidrelétricas na bacia do rio Xingu, com destaque para a usina de Cararaô, atual Belo Monte. Os livros “Máfia Verde” 1 e 2 documentam com detalhes as origens do já decadente Banco Mundial e seu controle pelo Establishment anglo-americano, assim como as da Amigos da Terra – em verdade, Friends of the Earth – fundada no início dos anos 70 nos EUA e posteriormente transladada para a Holanda. Basta observar que os presidentes do Banco Mundial têm sido sempre integrantes do primeiro escalão de poder dos EUA.

Em verdade, os ataques da Amigos da Terra visam mesmo é o BNDES – que atualmente possui ativos maiores que os do Banco Mundial – por seu papel crucial no financiamento de obras de infra-estrutura e indústrias nacionais. Em nota furiosa e cheia de rompantes, Roberto Smeraldi, cabeça visível da seção doméstica da Friends of the Earth, anuncia que prepara uma “série de iniciativas legais para garantir a inclusão de financiadores e acionistas - com destaque para o BNDES - no pólo passivo das ações [contra os frigoríficos] que tramitam na Justiça Federal”.

Com arrogância, Smeraldi diz que "a saída para o BNDES é a de buscar negociar termos de ajuste de conduta para superar os passivos [ambientais] e, ao mesmo tempo, alterar radicalmente o padrão de financiamento, que precisa ser reorientado para uma revolução de produtividade”. [2]

Quanto às ações judiciais contra frigoríficos e fazendeiros principalmente do Pará, trata-se dos processos movidos pelo Ministério Público Federal (MPF) como responsáveis por desmatamentos. Os 16 frigoríficos são o Bertin, Ativo Alimentos (Mafrinorte), Frigorífico Margen, Frigorífico Industrial Eldorado (Fiel), Frigorífico Rio Maria, Frigor Pará, Redenção Frigorífico do Pará e Cooperativa Agropecuária e Industrial de Água Azul do Norte (Coopermeat), além de seis fábricas que usam derivados de boi como matéria-prima que foram apontadas como infratoras. Apenas no estado do Pará, o MPF já demandou uma indenização de R$ 2,1 bilhões aos frigoríficos.

Edivar Vilela de Queiroz, presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado de São Paulo (Sindfrio), foi direto ao ponto e dá nome aos bois: "Isso é consequência da ação das ONGs. Os ambientalistas querem punir o que é consequência do que foi feito há anos atrás. Isso irá penalizar a pecuária brasileira. Não tem que embargar", agregando que as ONGs que tentam frear o desmatamento na região da Amazônia estariam a serviço de produtores da Europa e de outras regiões que querem diminuir a competitividade da pecuária brasileira. [3]

O mais lamentável é constatar-se que o Ministério Público Federal teria sido instrumentalizado pela Amigos da Terra para mover essas ações judiciais, a julgar pela afirmação da ONG: “A entidade [Amigos da Terra] dará assim prosseguimento à parceria com o MPF, que levou a formular as demandas deste último, entrando em forma de litisconsórcio para estender a responsabilização pelos danos aos bancos”, leia-se BNDES.

Notas:
[1]Banco Mundial rescinde contrato com a Bertin e exige dinheiro de volta, Amigos da Terra, 13/06/2009
[2]Diferentemente do Banco Mundial, BNDES não pode pedir devolução de dinheiro aos frigoríficos e será responsabilizado na Justiça, Amigos da Terra, 16/06/2009
[3]Stephanes quer a legalização de mais áreas na Amazônia, Comércio,Indústria & Serviço, 16/06/2009

Nilder Costa


Greenpeace, agente de barreiras "socioambientais"


Este ano mesmo, o WWF lançou uma campanha na Europa para boicotar a carne brasileira pelo mesmo motivo. Anteriormente, a Amigos da Terra (Friends of the Earth) e o próprio Greenpeace já haviam exigido barreiras “socioambientais” contra a pecuária brasileira. Confirmando que tais ataques não passam de guerra comercial, os próprios ministros da agricultura dos países do G-8 aproveitaram a reunião sobre a crise alimentar mundial, realizada em abril passado em Treviso, Itália, para alertar o Brasil sobre pressões que viriam em outras discussões sobre o tema visando, em particular, a expansão das exportações de carne bovina brasileira. [2]

Como de outras vezes, o Greenpeace alveja grandes distribuidores de produtos brasileiros na Europa, no caso, Unilever, Kraft Foods, Tesco, a rede varejista britânica Marks and Spencer e outras. No Brasil, os alvos são os frigoríficos Bertin e JBS, que rebateram as acusações da ONG informando que nenhum de seus fornecedores consta da lista de propriedades embargadas publicada pelo Ibama. "Antes de adquirir gado de qualquer pecuarista a JBS consulta a lista de fornecedores no site do Ibama. Caso algum fornecedor esteja listado por praticar qualquer tipo de desmatamento ilegal, a JBS cancela qualquer tipo de relação comercial", afirmou em nota a empresa. Ou seja, que a responsabilidade pela fiscalização é do Ibama, e não das empresas.

Já a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec) reagiram mais fortemente e anunciaram que vão processar o Greenpeace por danos morais e materiais. "Não vamos mais tolerar que essa ONG minta sobre o que o setor produtivo está fazendo no Brasil", afirmou a presidente da confederação, senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Roberto Gianetti da Fonseca, presidente da Abiec e diretor-geral da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), afirmou que "O Greenpeace vem com ataques falsos, mentirosos, alegações levianas, colocando em risco até a imagem do Brasil", acentuando que é ambientalista de longa data mas ficou indignado com o relatório "que agride moralmente o País” e que a ONG pretende “inibir” a exportação de carne do País. [3]

É salutar que a CNA e a Abiec tenham mirado na parte mais sensível dessas ONGs – o bolso. Entretanto, é lamentável o silêncio do Ibama e outras instituições do Governo ante uma sagaz manobra estrangeira para levantar descabidas barreiras ditas “socioambientais” contra produtos brasileiros.

Notas:
[1]Consumer link to rainforest destruction, Finanancial Times, 31/05/2009
[2]G-8 alerta o Brasil para novas barreiras "socioambientais", Alerta Científico e Ambiental, 26/04/2009
[3]Kátia Abreu e indústria de carne vão processar Greenpeace por ''mentiras'', O Estado de São Paulo, 06/06/2009

Nilder Costa


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Um comentário:

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