quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Hugo Chávez e Álvaro Uribe brigam durante cúpula no México


Sea varón, quédese aquí y hablemos de frente, porque usted a veces insulta en la distancia” (Uribe)



Se Agarraron Uribe Y Chávez

Un reclamo del presidente Uribe a su colega venezolano Hugo Chávez, por el embargo comercial contra Colombia, hizo que éste le contestara diciendo que desde aquí lo querían asesinar e insinuó que Uribe tenía que ver algo con ello.
“Vete al carajo”, le gritó Chávez a Uribe en el momento en que éste quiso interrumpirlo.
Cuando Chávez intentó retirarse, Uribe le dijo: “¡Sea varón, quédese aquí y hablemos de frente, porque usted a veces insulta en la distancia”. Y el presidente venezolano se quedó. La situación estuvo tan tensa que falto poco para que se fueran a las manos, según algunas versiones.
Todo paso al mediodía de ayer en la cumbre del Grupo de Río, que se realiza en Cancún (México). Anoche, Uribe y Chávez aceptaron conformar un grupo de países amigos que ayude a ambos gobiernos a superar las diferencias tras el duro altercado. .
El Tiempo


Hugo Chávez e Álvaro Uribe brigam durante cúpula no México
O presidente da Venezuela ameaçou deixar a cúpula de países da América Latina e do Caribe, após uma discussão na qual o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, comparou o tratamento dado por Chávez às empresas colombianas com o bloqueio americanpo a Cuba.

A discussão, durante um almoço fechado entre os 25 chefes de Estado e de Governo que participam da reunião, no balneário de Cancún, ameaça manchar o discurso de unidade vendido pelo anfitrião da cúpula, o presidente do México, Felipe Calderón.
Após Uribe reclamar do tratamento dado pela Venezuela às empresas colombianas, Chávez teria argumentado que o comércio entre os dois países cresceu oito vezes desde que ele chegou ao poder, em 1999.
Segundo fontes presentes no almoço, a discussão subiu de tom quando Uribe interrompeu a explicação de Chávez, que teria então soltado um palavrão e exigido que o colega o deixasse terminar de falar.
Segundo o relato de uma fonte colombiana à agência France Presse, Chávez teria acusado Uribe de planejar seu assassinato por um esquadrão paramilitar e fez menção de deixar o encontro.
Uribe teria então gritado: "Seja homem! Estas questões devem ser discutidas nestes fóruns. Você é muito corajoso para falar as coisas à distância, mas um covarde quando é para falar as coisas na cara".
A discussão teria sido apartada com uma intervenção do presidente de Cuba, Raúl Castro.
Calderón comentou as discussões em uma entrevista pela tarde e disse que os dois países “concordaram em conduzir as diferenças com um diálogo amistoso”.
Segundo ele, também houve um acordo para criar um grupo de países amigos para ajudar a Venezuela e a Colômbia a eliminar suas diferenças, formado por Brasil, Argentina, República Dominicana e México.
A crise diplomática entre a Colômbia e a Venezuela teve seu auge em 2008, quando o governo colombiano bombardeou um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em território equatoriano, e voltou a se intensificar no ano passado, com a autorização da Colômbia para que os Estados Unidos instalem bases militares no seu território.
Diário do Comércio



.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Mais um passo para a implantação da NAÇÃO BOLIVARIANA.



Em Cancún, presidentes de branco e um ideal.


Lula e Calderón vestem guayaberas brancas. Do contra, Chávez usa modelito típico de revolucionário.


Na abertura da reunião da Cúpula da América Latina e Caribe (CALC), o presidente mexicano, Felipe Calderón, evocou o líder revolucionário Simon Bolívar para defender a unidade dos países da América Latina. Convidou os países a "construírem um espaço comum com os países da América Latina e Caribe".

"No México estamos convencidos de que o ideal de Bolívar, de uma América unida, continua e está mais vivo que nunca. Esse foi o sonho de Bolívar, de uma só nação americana, unida em valores de democracia, justiça e igualdade."

Ao propor a criação de uma nova organização de integração da região, Calderón pediu uma entidade que "reafirme a unidade e identidade da região, abrindo novas vias para as aspirações a integração e desenvolvimento". Calderón disse que a nova entidade será ainda mais forte do que o grupo do Rio e a Cúpula da América Latina, porque será uma união de toda a região.

O assessor internacional da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse que na reunião de Cancún, o processo iniciado na Bahia, no ano passado, será aprofundado. Lembrou que o Grupo do Rio, "que estava agonizando", foi revigorado durante a crise entre Equador e Colômbia. Ganhou novo alento, quando houve a reunião no Sauipe, na Bahia.

"A ideia é a de que os dois grupos possam convergir no espaço de um ano, dois anos para que possamos ter efetivamente uma comunidade latino-americana e caribenha".

Na chegada para o encontro na manhã de ontem, todos os chefes de Estado vestiam guayaberas brancas, oferecidas pelo anfitrião, especialmente para a ocasião. Só Hugo Chávez não seguiu o figurino: optou por uma camisa verde exército com uma camiseta vermelha por baixo, modelito típico de revolucionários.

Dos 33 presidentes convidados, pelo menos 25 participam do encontro. Os presidentes foram recebidos pelo colega mexicano Rafael Caldera. Cristina Kirchner e Michele Bachelet usavam, respectivamente, um vestido florido e um tailleur azul. O último a chegar foi o cubano, Raul Castro.
O périplo de cinco dias de Lula começou domingo, no México. Depois, inclui visitas a Cuba, Haiti e El Salvador
Ronaldo Schmidt/AFP
Agência Estado - 22/2/2010 - 21h15


Maio de 2008
Trecho do discurso de Lula perante a criação da Unasul - União das Nações Sul-americanas

(...)quando Simon Bolivar, há duzentos anos atrás, bradava ao mundo, naquele tempo sem televisão e sem jornal, para divulgar as angustias dele, ou seja, a criação da "grande Colômbia" e muitas vezes pela própria luta armada empunhando a sua espada, nós democraticamente criamos mais do que a "grande Colômbia", criamos hoje a GRANDE NAÇÃO SUL AMERICANA. Este é um feito extraordinário para mim. É um feito que, possivelmente, nenhum de nós ainda tem a dimensão exata do que vai acontecer.

Destaque:
-A maioria das pessoas ainda não tem a "dimensão exata do que vai acontecer"
-"criamos mais do que a "grande Colômbia", criamos hoje a GRANDE NAÇÃO SUL AMERICANA"
Alguém ainda tem dúvidas de que eles pretendem implantar FISICAMENTE uma NAÇÃO BOLIVARIANA?

Reveja o discurso:






.

País curioso, de poderes confusos.







ESTE BRASIL É CURIOSO

Desde a promulgação da Constituição de 1988, argumenta-se que o Estado brasileiro tornou-se, definitivamente, um Estado Democrático de Direito, com a eliminação de diferenças e de discriminações e com a implementação de uma sociedade solidária, estando a lei assegurada pela independência e autonomia dos Três Poderes.

Apesar de tais desideratos estarem plasmados no texto constitucional, a realidade não tem correspondido à intenção dos constituintes. De início, não conseguem, o governo federal e os governos estaduais, fazer com que determinados movimentos respeitem a Carta Magna. MST, Vila Campesina e outros vivem, exclusivamente, da violação da Constituição e da lei, com o beneplácito e a colaboração, principalmente do governo
federal, por meio de financiamentos e desapropriações, parte delas barrada nos Tribunais.

A destruição da Câmara dos Deputados, de pesquisas científicas, de terras, de lavouras, por tais movimentos repudiados pela população e que se negam a fazer o teste das urnas, tem sido uma constante e clara demonstração de que determinadas autoridades são coniventes com tais maculações da lei maior.

Por outro lado, magistrados de Tribunais Regionais, inclusive da Suprema Corte, criticam o excesso de prisões preventivas – muitas vezes arbitrárias – de pessoas, sem haver processos ou autos lavrados, quase sempre lastreadas em trechos pinçados de gravações telefônicas.

A imprensa publicou manifesto de eminentes desembargadores, que ficaram estupefatos quando souberam da existência de 409.000 escutas telefônicas autorizadas no Brasil, em 2007, tendo, inclusive, o ministro Sepúlveda Pertence, em depoimento na Câmara dos Deputados , tecido duras críticas a tais abusivas ações. Nem Orwell imaginaria, em seu dramático 1984, uma tal violação de privacidade.

Uma interpretação equivocada – a nosso ver – da Constituição, são os artigos 231 CF e 68 da ACDT, que ofertam direitos aos índios e aos quilombolas sobre terras que,no momento da promulgação da lei suprema, ocupariam e não que ocuparam no passado. Isso gera problemas. Pela interpretação oficial, o presente do indicativo do texto maior passou a ser o pretérito perfeito e onde se lê "ocupam" passou-se a ler "ocuparam".

Com isso, para aproximadamente 700 mil índios, nascidos no Brasil ou nos países vizinhos, estão sendo entregues 13% de território nacional. Aos declarados quilombolas – e são poucos aqueles que descendem efetivamente dos quilombos coloniais e vivem naquelas terras históricas – houve tal extensão conceitual do termo que a maior parte dos afro-descendentes passou a ser considerada quilombola.

Por outro lado, à luz de uma exegese controversa do que seja o neoconstitucionalismo, ou seja, dar praticidade aos princípios constitucionais – tese de rigor que deu origem ao constitucionalismo americano e francês, não sendo, portanto, novo, mas apenas mais uma tentativa de adaptar-se o "construtivismo" americano à realidade social –, o Poder Judiciário tem-se outorgado o direito de se transformar em legislador positivo, não poucas vezes, sobrepondo-se ao Poder Legislativo no suprir o que entende ser omissão daquele poder.

Por seu lado, o Poder Executivo continua utilizando-se das medidas provisórias, que só foram colocadas no texto constitucional – pois a Constituição de 1988 deveria ser para uma República Parlamentar do Governo – tornando-se, de rigor, no verdadeiro legislador.

Temos, portanto, um Brasil curioso. O Poder Executivo assumiu funções legislativas, por meio das medidas provisórias. O Poder Legislativo, diminuído em suas funções, por meio das CPIs transformou-se em Poder Judiciário. E o Poder Judiciário, de legislador negativo – ou seja, de não dar sequência às normas constitucionais –, assume, mais e mais, à luz de estranha concepção do neoconstitucionalismo, a função de legislador positivo.

É, neste País de contradições e de preconceitos às avessas, que os privilégios das cotas universitárias e para pessoas de opções sexuais diversas estão a refletir discriminações contra a grande maioria dos demais cidadãos comuns. Dessa forma, a juventude busca alternativas para o futuro, não encontrando, entretanto, nos seus líderes atuais, um modelo paradigmático a ser seguido.

Nossa esperança reside na educação e no trabalho daqueles que ainda acreditam no ensino e estão dispostos a tentar influenciar as futuras gerações com ideias não contaminadas, sem preconceitos, sabendo que solidariedade não se faz com o semear do joio, nem se
cria uma grande nação com ódio e preconceitos, favorecendo grupos contrários ao Estado de Direito, ou beneficiando aqueles que se enquistam no poder, não para servir à sociedade, mas para dela se servir. Infelizmente, gerar conflitos sociais encontra-se na base do PNDH-3.

Ives Gandra da Silva Martins






.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Abra os olhos, você pode ser um Sr. Oliveira

Imagine-se um hipotético indivíduo que doravante chamaremos de Sr. Oliveira.

O Sr. Oliveira é um homem comum. É um pai de família. Habita uma região metropolitana que poderia ser São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte ou Recife ou alguma outra grande cidade. Tem um emprego em uma instituição financeira, ou em uma revendedora de peças por exemplo. Pertence àquela classe média ligeira, que além de trabalhar 4 meses por ano de graça para o governo esforça-se para pagar as contas de aluguel, escola, natação e inglês dos filhos, plano de saúde, o guarda da rua e outros pormenores no fim do mês.

O Sr. Oliveira levanta-se de manhã e veste-se com roupas de algodão, algodão esse crescido nos campos de Chapadão do Sul, MS e processado em Blumenau, SC. Talvez esteja um pouco frio, e ele use um pulôver de lã de carneiros criados em Pelotas, RS e fabricado em Americana, SP. Calça seus sapatos de couro vindo de bois do Mato Grosso, e fabricados em Novo Hamburgo, RS.

Ele toma café da manhã, com ovos vindos de Bastos, SP, leite de uma cooperativa do Rio de Janeiro, broa de milho colhido em Londrina, PR, um mamão vindo do Espírito Santo, suco de laranja de Araraquara, SP e um cafezinho vindo direto de São Lourenço, MG.

Ele lê um jornal, impresso em papel feito de eucalipto crescido em Três Lagoas, MS.
O Sr. Oliveira entra em seu carro, abastecido com álcool de cana de açúcar produzida em Piracicaba, SP, com pneus de borracha saída dos seringais de São José do Rio Preto, SP.

Enquanto ele vai ao trabalho, a Sra. Oliveira vai às compras nos supermercados do bairro, sempre pesquisando os melhores preços das frutas, das verduras e da carne para não apertar o orçamento familiar.

No almoço, o Sr. Oliveira come um filé de frango criado no Paraná, alimentado com soja de Goiás e milho do Mato Grosso, com molho de tomate de Goiás. Tem arroz do Rio Grande do Sul, feijão dos pivôs do oeste baiano. Tem salada das hortas de Mogi das Cruzes, SP. Suco de uvas do Vale do São Francisco e de sobremesa goiabada feita com goiabas de Valinhos, SP e açúcar de Ribeirão Preto, SP, e queijo de Uberlândia, MG. Outro cafezinho dessa vez da Bahia.

Hoje a noite é de comemoração. Sua empresa fez um corte de pessoal mas felizmente o Sr. Oliveira manteve o emprego. Ele leva a esposa para jantar fora. Vinho do Vale dos Vinhedos gaúcho. Presuntos e frios de porco criado em Santa Catarina, alimentado com soja paranaense, filet mignon de bois criados no Sul do Pará. Chocolate produzido com cacau do sul da Bahia. E outro café de Minas, adoçado com açúcar pernambucano.

O Sr. Oliveira é um homem razoavelmente informado e inteligente. No dia seguinte ele lerá os jornais novamente.

Pelos jornais ele ficará sabendo que há conflitos em terras indígenas recentemente demarcadas e fazendeiros cujas famílias foram incentivadas a ocupar aquelas terras há décadas atrás. Pelos jornais ele ficará sabendo que a pecuária é a maior poluidora do país (embora ele mesmo tenha o sonho de um dia abandonar a cidade poluída e viver no campo por uma qualidade de vida melhor). Pelos jornais ele tem notícias de invasões de terras, de conflitos agrários, de saques e estradas bloqueadas (o Sr. Oliveira é a favor da reforma agrária, embora repudie a violência). Pelos jornais ele toma conhecimento de ações do Ministério Público contra empresas do agronegócio (ele não entende que mal há em empresas que ganham dinheiro). Pelos jornais ele acha que a Amazônia está sendo desmatada por plantadores de soja e criadores de boi.

Mas o Sr. Oliveira pensa que isso não tem nada a ver com ele.

Pois eu gostaria de agarrá-lo pela orelha, e gritar bem alto, de megafone talvez, não um, nem dez, mas mil megafones que TUDO ISSO É PROBLEMA DELE SIM!

-Gostaria de lhe dizer que a agropecuária está presente em todos os dias da vida dele.
-Gostaria de lhe dizer que o agronegócio gera um terço do PIB e dos empregos do país. Gostaria de lhe dizer que quem diz que a pecuária polui mente descaradamente.
-Gostaria de lhe dizer que o maior desmatador da Amazônia é o INCRA, que com o dinheiro dos impostos dele sustenta assentamentos que não produzem absolutamente nada, condenando uma multidão de miseráveis manipulados por canalhas balizados por uma ideologia assassina à eterna assistência do Estado.
-Gostaria de lhe dizer que estes mesmos canalhas estão tentando, sob a palatável desculpa dos direitos humanos, acabar com o direito de propriedade, arruinando qualquer futuro para o agronegócio brasileiro.
-Gostaria de lhe dizer, que os mesmos canalhas querem fechar índios que há 5 séculos estão em contato com brancos em gigantescos zoológicos onde eles estarão condenados à miséria e ao suicídio.
-Gostaria de lhe dizer que índios são 0,5% da população brasileira e não obstante são donos de 13% do país.
-Gostaria de lhe dizer que querem transformar 2/3 do país em reservas e parque que estão sendo demarcados sobre importantes reservas minerais e aqüíferos subterrâneos essenciais para o futuro do país.
-Gostaria de lhe dizer que a agricultura ocupa apenas 7,5% da superfície do país, e que mesmo assim somos os maiores exportadores do mundo de carne, soja, café, açúcar, suco de laranja e inúmeros outros produtos.
-Gostaria de lhe dizer que podemos dobrar ou triplicar a produção pecuária do país sem derrubar uma árvore sequer.
-Gostaria de lhe dizer que produtores rurais não são a espécie arrogante e retrógrada que os canalhas dizem que são.
-São gente que está vivendo em lugares onde você não se animaria a viver, transitando por estradas intransitáveis e mortais, acordando nas madrugadas para ver nascer um animal, rezando para chover na hora de plantar e para parar de chover na hora de colher, com um contato e um conhecimento da natureza muito maior do que o seu. São gente cujos antepassados foram enviados às fronteiras desse país para garantir que esse território fosse nosso, foi gente incentivada a abrir a mata, abrir estradas, plantar e colher, às vezes por causa do governo, às vezes apesar dele.

-Gostaria enfim de gritar a plenos pulmões, que qualquer problema que afete um produtor rural, uma empresa rural, uma agroindústria É UM PROBLEMA DELE, DO PAÍS E DO MUNDO.

-Sim, porque no mesmo jornal que o Sr. Oliveira leu, há uma nota de rodapé que diz que há 1 bilhão de pessoas no mundo passando fome.

-E grito finalmente para o Sr. Oliveira e tantos outros iguais a ele: ABRA OS OLHOS! e desconfie daqueles que querem transformar o agronegócio em uma atividade criminosa.

Notícias Agrícolas


.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Valores invertidos: o ócio remunerado

Não posso deixar passar sem um comentário a bela crônica do João Pereira Coutinho, publicada na Folha de S. Paulo sob o título Vender a alma. No texto, o autor relata a iniquidade que se instalou em Portugal, qual seja, a institucionalização do ócio remunerado, que praticamente condena multidões a nada fazer, como se isso fosse algo de bom. Em troca, os déficits da Previdência Social crescem de forma explosiva e o desemprego não dá sinais de que possa regredir.

Essa situação não é incomum, muito ao contrário. Em toda a Europa é possível que alguém nasça e morra sem nunca precisar trabalhar , permanentemente dependente da mesada estatal. Foi instituído o "direito humano" à vagabundagem. Obviamente que a trajetória dos déficits públicos, somados ao impacto da grave crise mundial, aponta para um fim dramático dessa iniquidade, que é contra a natureza e o senso de justiça.

No Brasil vivemos já o império das bolsas com variadas denominações, e as aposentadorias descasadas das contribuições, especialmente
as do setor público, prática já antiga de remuneração do ócio. Aqui, por vezes com valores estupendos, os famigerados marajás, que caçoam risonhamente dos pagadores de impostos. A eles se juntaram os recebedores da bolsa-ditadura. E assim como na Europa, a situação das finanças públicas agrava-se dia a dia, por força dessa situação anormal.

O que mais interessa ao observador é o que se dará na esfera política. Aposentados, portadores de bolsas e desempregados remunerados estão perto de constituir uma grande maioria. Que governante poderá ser eleito prometendo corrigir as finanças públicas pela raiz, ou seja, cortando o ócio remunerado das multidões viciadas em não trabalhar? Isso terá de ser feito, mas como combinar a correta medida administrativa com a manutenção das instituições democráticas?

Veja-se o caso dramático da Grécia, manchete dos últimos dias. Aquele país passa por uma grave crise financeira e precisará cortar benefícios sociais, empregos públicos, e gastos de um modo geral, uma vez que a válvula da inflação e da desvalorização cambial, conforme o acordo para integrar a União Europeia, não pode ser usada.

Portugal é a bola da vez em termos de volume proporcional de déficit. Como isso será feito no regime democrático?

Eu não tenho a mínima idéia.
Mas é certo que essas sociedades passarão por um processo de empobrecimento rápido.

O fracasso dessas experiências é o fracasso da social-democracia, ou seja, da promessa igualitarista, incompatível com a prosperidade econômica. Estamos chegando a um tempo em que a realidade econômica se imporá de forma inexorável sobre a alucinação política que assumiu a hipótese de que seria possível suprimir a lei da escassez e que parcela crescente da população poderia viver sem trabalhar. Políticos social-democratas e socialistas em geral chegaram ao poder e lá se mantiveram, escorados nessa mentira.

O tempo do ajuste chegou.

Na melhor das hipóteses aparecerão políticos da estirpe de Margareth Thatcher e de Ronald Reagan, que “peitarão” os sindicalistas e os políticos populistas e organizarão as finanças públicas. Na pior, teremos a multiplicação dos regimes de força. O certo é que o tempo das meias medidas acabou e a tolerância com os crescentes déficits públicos (bem como o endividamento do Estado) está chegando ao fim. Em última análise, a quebra técnica dos Estados é que determinará o realinhamento das forças políticas.

É provável que pactos políticos, feitos a partir de algum tipo de lei de responsabilidade fiscal, venham a ser exigidos para que partidos políticos possam ser constituídos – uma espécie de cláusula pétrea sobre a qual ninguém poderá questionar. Mas antes que isso ocorra, veremos o sofrimento dessas gerações de ociosos remunerados, moradores de beira de praia, praticantes de turismo para preencher o seu vazio existencial. Como fazer alguém assim trabalhar, após décadas de ócio? É uma questão em aberto.

E essa gente que chegou aos cinquenta anos sem constituir família, que fez do subsídio estatal seu único arrimo, como sobreviverá ao duro ajuste? Essa gente sem filhos e sem futuro? A disciplina do trabalho se adquire por longos anos de treinamento. Teremos um fenômeno novo
e interessante, da reinserção dessas multidões ociosas na rotina humana, que vem desde que a civilização apontou no horizonte. “Homem, comerás o pão com o suor do teu rosto”.

Nivaldo Cordeiro


.

TJ libera acusados de depredar fazenda da Cutrale

Os acusados irão responder em liberdade a processos por crimes como danos e formação de quadrilha.

O Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo mandou libertar no início da noite de hoje os seis militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) presos desde 26 de janeiro, acusados de liderar a depredação da fazenda Santo Henrique, da Cutrale, em outubro do ano passado. O desembargador Luiz Pantaleão, que deu a ordem de soltura, acatou o argumento de advogados do MST de que não persistiam os fundamentos para que os acusados fossem mantidos presos.Entre os beneficiados estão o coordenador do MST na região, Miguel da Luz Serpa, e sua mulher, a vereadora Rosemeire de Almeida Serpa, do PT de Iaras (SP). O habeas corpus beneficia outros 13 militantes que tiveram as prisões decretadas, mas estavam foragidos. O desembargador Pantaleão já havia mandado soltar, segunda feira, o ex-prefeito de Iaras, o petista Edilson Granjeiro Xavier, de 63 anos, acusado de participar da invasão. Os acusados irão responder em liberdade a processos por crimes como danos e formação de quadrilha.
Agência Estado - 10/2/2010 - 21h49

.

General que atacou PNDH é exonerado

A primeira diferença entre a Venezuela e o Brasil é que lá o Chavéz MANDA em frente as câmeras.
A segunda diferença entre a Venezuela e o Brasil é que lá uma parte do povo ainda reclama.



General Santa Rosa, em dia de glória. Em 2006 foi homenageado na Assembleia Legislativa de Alagoas.
O general Maynard Marques de Santa Rosa será exonerado do cargo de chefe do Departamento Geral do Pessoal do Exército, por ter feito críticas ao Plano Nacional de Direitos Humanos. Em nota que está circulando na internet, ele afirma, entre outros pontos, que a Comissão da Verdade, criada pelo governo para apurar os crimes cometidos no regime militar, seria comandada por "fanáticos" e acabaria se transformando em uma "comissão da calúnia".

Ao tomar conhecimento da carta divulgada na internet no dia 15 de janeiro, segundo o Ministério da Defesa, o ministro Nelson Jobim telefonou para o comandante do Exército, Enzo Peri, pedindo providências para o caso. Foi o próprio comandante que sugeriu a exoneração do militar ao ministro da Defesa.

"Acabei de encaminhar ao presidente da República a exoneração do general Santa Rosa da chefia do Departamento Geral de Pessoal e deixei a sua colocação à disposição do Exército. O assunto está encerrado", afirmou Jobim, ontem, após a cerimônia de despedida do ministro da Justiça, Tarso Genro, do cargo, que transmitiu o posto para o secretário-executivo Luiz Paulo Barreto.

PNDH-3 – A terceira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos, lançado pelo governo Lula no final de 2009, já havia criado polêmica entre os ministros Jobim e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), obrigando o presidente Lula a entrar no circuito para acalmar os ânimos.
Após acordo com os dois ministros, Lula realizou mudanças no texto original do decreto sobre o plano e, na ocasião, tanto Lula quanto o Palácio do Planalto declararam que o episódio estava solucionado.

Perfil – Considerado um dos remanescentes e o atual "porta-voz" da "linha dura" da ativa, o general Santa Rosa já se envolveu em pelo menos dois outros conflitos com autoridades civis no governo Lula.

Um dos conflitos foi em 2007, quando discordou das negociações para a reserva indígena Raposa Serra do Sol e foi afastado por Nelson Jobim da Secretaria de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais da Defesa e devolvido ao Exército. O outro conflito aconteceu em 2009, quando assinou nota com dois outros generais, então da ativa, criticando a Estratégia Nacional de Defesa e o novo organograma das Forças Armadas, por afastarem ainda mais os militares do poder.
Íntegra da Carta:

"A COMISSÃO DA “VERDADE”?
A verdade é o apanágio do pensamento, o ideal da filosofia, a base fundamental da ciência. Absoluta, transcende opiniões e consensos, e não admite incertezas. A busca do conhecimento verdadeiro é o objetivo do método científico. No memorável “Discurso sobre o Método”, René Descartes, pai do racionalismo francês, alertou sobre as ameaças à isenção dos julgamentos, ao afirmar que “a precipitação e a prevenção são os maiores inimigos da verdade”. A opinião ideológica é antes de tudo dogmática, por vício de origem. Por isso, as mentes ideológicas tendem naturalmente ao fanatismo. Estudando o assunto, o filósofo Friedrich Nietszche concluiu que “as opiniões são mais perigosas para a verdade do que as mentiras”. Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa. A História da inquisição espanhola espelha o perigo do poder concedido a fanáticos. Quando os sicários de Tomás de Torquemada viram-se livres para investigar a vida alheia, a sanha persecutória conseguiu flagelar trinta mil vítimas por ano no reino da Espanha. A “Comissão da Verdade” de que trata o Decreto de 13 de janeiro de 2010, certamente, será composta dos mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o seqüestro de inocentes e o assalto a bancos, como meio de combate ao regime, para alcançar o poder. Infensa à isenção necessária ao trato de assunto tão sensível, será uma fonte de desarmonia a revolver e ativar a cinza das paixões que a lei da anistia sepultou. Portanto, essa excêntrica comissão, incapaz por origem de encontrar a verdade, será, no máximo, uma “Comissão da Calúnia”.
General do Exército Maynard Marques de Santa Rosa"
Mas será que o general falou alguma mentira ou alguma ofensa? Exceto pelo termo "fanáticos" , que não é ofensa, e é pura verdade, e por "calúnia", nada mais há de comprometedor no texto. Ahhh, sim, esqueci que nesse país o presidente pode xingar até mesmo uma cidade inteira(Pelotas) de veados, mas a democracia, o direito de livre expressão, não pode ser exercido pelos militares.
Veremos se Dilma irá contradizer o General! (se ela comparecer)

PNDH-3: Senado convoca Dilma
Oposição aproveita descuido da base aliada e intima ministra a dar explicações sobre o programa.
Depois de blindar com certo sucesso a ministra Dilma Rousseff do desgaste provocado pela edição do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), o governo sofreu ontem uma derrota no Congresso que colocará a pré-candidata do PT à presidência sob os holofotes da oposição.
A base aliada no Senado não foi tão cuidadosa e, ontem, após um cochilo, deixou a oposição aprovar a convocação para que Dilma fale sobre o assunto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O objetivo é claro: debitar na conta da ministra o ônus político do plano, que desagradou de militares a ruralistas.
A estratégia da oposição estava armada desde a noite anterior. Para isso, senadores do DEM e do PSDB chegaram cedo à reunião. Esperaram a base aliada abandonar a sala pouco a pouco até garantir maioria na comissão. Quando só restavam três senadores governistas na sala, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) apresentou o requerimento e pediu a inversão da pauta. A manobra permitiu ao presidente da comissão, Demóstenes Torres (DEM-GO), colocar o pedido em votação de imediato.
Assessores disparam ligações para os senadores governistas retornarem à comissão, mas Demóstenes Torres anunciou que apenas um parlamentar do governo e um da oposição teriam a chance de discutir o requerimento. Eduardo Suplicy (PT-SP) ainda caprichou no vagar do discurso para garantir o quórum, mas o placar acabou em nove votos a sete para que Dilma Rousseff fale sobre o plano ao colegiado.
Caso não apresente justificativas razoáveis para eventuais ausências, a ministra pode ser processada por crime de responsabilidade.
O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), anunciou que recorrerá contra a votação, mas ainda estuda qual o foro adequado para fazê-lo. O objetivo é anular a convocação a qualquer custo. Mercadante disse que o assunto está vencido, chamou a manobra da oposição de "desespero eleitoral", e acusou os adversários de desrespeitar costumes adotados no Senado, como a de convidar os ministros, nunca convocar, como foi feito com a ministra. Na condição de convidada, ela poderia recusar. Como convocada, não.
"Atropelar não é a regra de convivência nas comissões", disse Mercadante, que já estava no gabinete quando foi avisado sobre a estratégia da oposição. De volta à comissão, só teve tempo de travar uma discussão com Demóstenes Torres. Pediu a palavra como líder, mas foi impedido de falar. "Como líder, a palavra não pode ser utilizada. É limitado ao signatário do requerente e um representante de cada bloco partidário, o que já ocorreu", afirmou o presidente do colegiado, pouco antes de colocar o texto em votação.
Agência Estado - 10/2/2010 - 22h03
.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A "democracia" na Venezuela: ¡EXPRÓPIESE!


"a venezuela é um exemplo de democracia" (Lula)

"¿De quién es ese edificio? ¡Pues exprópiese, exprópiese!" (Chávez)


La última expropiación de Chávez se ha producido en directo y a dedo. Durante la retransmisión de Aló presidente, señaló varios edificios privados y sin consultar con nadie, chilló: "Exprópiese, exprópiese", lo cual puede hacer impunemente gracias a una Ley aprobada al efecto. La nueva ocurrencia de Chávez en Aló Presidente puede ser un vergonzoso acto despótico, pero es una medida legal. El mandatario ya se ocupó el pasado Noviembre de tejer una legislación que le permitiera expropiar cualquier propiedad privada a su antojo. Y es que, bajo la excusa del interés social, el Gobierno venezolano puede actuar exactamente tal y como ha hecho: ha señalado un edificio de su gusto, y ha vociferado: ¡Exprópiese!.


.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O STF e a "segunda fase" do indigenismo

No entendimento do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, para os índios, o marco temporal para o reconhecimento dos direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam é a data da promulgação da Constituição Federal. Com tal entendimento, Mendes deferiu três liminares em Mandados de Segurança requeridos por proprietários de fazendas. Uma delas é referente a terra indígena Anaro, no munincípio de Amaraji, Roraima, e as outras duas são para a Arroio-Korá, localizada no município de Paranhos, Mato Grosso do Sul. [1]

Ao suspender a eficácia do decreto homologado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para a demarcação das terra indígenas (fazenda Topografia,1.500 hecates em RR, e às fazendas mato-grossenses Polegar com 1.573 hectares, São Judas Tadeu com 3.804 hectares, Porto Domingos com 760 hectares e Potreiro-Corá, com 444 hectares), o ministro ressaltou que há documentos comprovando os registros dos imóveis datados na década de 1920, no Mato Grosso do Sul, e em 1943,em Roraima. Ou seja, o período é anterior a 1988, ano de promulgação da Constituição Federal.

Além disso, Gilmar Mendes determinou a intimação imediata da União, da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a fim de que, no prazo comum de cinco dias, se manifestem sobre o pedido de medida cautelar formulado pelo estado Roraima na Ação Cautelar 2541, ajuizada com o objetivo de impedir que o Projeto de Assentamento Nova Amazônia, destinado a produtores rurais não índios que foram desalojados da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, naquele estado, seja utilizado para expansão da Reserva Indígena Serra da Moça, com o consentimento da União, por intermédio da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). [2]

Em ambas decisões, Mendes segue a jurisprudência do STF firmada no conhecido caso Raposa Serra do Sol.

Não constituiria surpresa se o indigenismo internacional, lastreado nos princípios do “etnonacionalismo” (ou “nacionalismo étnico”), venha a acelerar as ações da “segunda fase” da sua agenda no Brasil. Como já analisado anteriormente por este Alerta, obtida a conquista territorial almejada – cerca de 13% do território nacional – estão consolidadas as bases para a fase seguinte, que é a conquista da autonomia e autodeterminação territorial. [3]


Notas:
[1]Supremo suspende demarcação de terras indígenas, Conjur, 20/01/2010
[2]Determinada intimação da União, Funai e Incra em ação que pretende evitar nova expansão de área indígena em Roraima, STF, 23/01/2010
[3]'Balcanização' indigenista avança mais um passo no Brasil, Alerta Científico e Ambiental, 16/11/2008

Nilder Costa


.

Dilma, ó Dilma, onde estás que não respondes?


Por João Vinhosa

Nada mais perfeito para retratar o vergonhoso silêncio da ministra Dilma Rousseff diante do “caso Gemini” que as palavras do poeta Castro Alves, adaptadas, conforme se encontram no título do presente artigo.

O que leva uma pessoa considerada íntegra, austera e incorruptível a ficar calada, como se morta estivesse, quando colocada diante de acusações explícitas de corrupção na área sob seu comando?

O que leva uma pessoa, que se vangloria de ter pegado em armas para mudar o que julgava errado no país, a não se empenhar em apurar atos altamente lesivos ao interesse nacional, praticados no setor que dirigia com absolutos poderes?

O que leva uma pessoa, que tanto desgaste provoca ao apoiar a criação da “Comissão da Verdade” para apurar violação de direitos humanos durante o regime militar, a desprezar a verdade contida em denúncias de crime de lesa-pátria em área estratégica, que foram colocadas sob suas vistas de maneira clara, direta e inquestionável?

Dilma, Gemini e omissão
É de se ressaltar este não é um crime de lesa-pátria qualquer: refiro-me à constituição da Gemini – espúria sociedade por meio da qual a Petrobras tornou um grupo norte-americano o maior beneficiário de nosso Gás Natural Liquefeito (GNL).

Inegavelmente, a ministra Dilma, por ação ou omissão, avalizou tal sociedade, pois a mesma foi arquitetada durante o período em que ela acumulava as funções de Ministra de Minas e Energia e de Presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

Há muito eu venho acusando a ministra Dilma de omissão com o objetivo de forçá-la a tomar uma das duas únicas atitudes dignas do alto cargo que ocupa: esclarecer os pontos por mim questionados ou processar-me judicialmente, o que me dará a oportunidade de comprovar perante a Justiça o prejuízo causado ao nosso país por referida sociedade.

Eu venho acusando a ministra Dilma de uma maneira aberta para que todos os administradores de recursos públicos do país se conscientizem que são obrigados a prestar contas à sociedade dos atos praticados em sua área de atuação nas oportunidades em que, sobre tais áreas, são lançadas suspeitas de armações para beneficiar grupos privados.

Ninguém há de negar que, ao se recusar a se manifestar diante das acusações de corrupção envolvendo a Gemini, a ministra Dilma aniquila totalmente os esforços dos órgãos fiscalizadores no sentido de estimular o cidadão comum a tomar conhecimento dos destinos do dinheiro público.

A propósito, são geniais os comerciais patrocinados pela Controladoria Geral da União (CGU) nos quais um cidadão responde as perguntas mais difíceis, porém fica todo enrolado quando lhe perguntam: “E o dinheiro público, para onde vai?”. Tais comerciais são geniais, porém como pode a CGU pretender que o cidadão saiba para onde vai o dinheiro público, se administradores como a ministra Dilma se julgam no direito de não prestar contas sobre denúncias de corrupção em área sob seu comando?

Questionamentos não respondidos
É impossível deixar de reconhecer que todos os esforços, formais e informais, têm sido feitos para compelir a ministra Dilma a se manifestar sobre a Gemini.

Relativamente às tentativas formais de entregar oficialmente à ministra Dilma as provas contra a Gemini, devem ser destacados os diversos documentos a ela encaminhados e protocolados nos seus dois locais de trabalho, a Presidência da República e a sede da Petrobras. Até mesmo o “Dossiê Gemini” – um detalhado conjunto de documentos (constituído de dez folhas de texto e vinte e cinco anexos) foi inutilmente oferecido à ministra por meio de carta protocolada nos dois locais acima citados.

Das tentativas informais, devem ser destacados inúmeros artigos que circularam amplamente na internet. Alguns desses artigos, juntamente com seus endereços eletrônicos, estão relacionados ao final deste com o objetivo de permitir a todos avaliar a gravidade da situação que não despertou o menor interesse da ministra Dilma.

É impossível, ante os documentos e artigos acima citados, ousar alguém dizer que a ministra Dilma “não sabia” das denúncias contra a Gemini, um dos maiores crimes praticados contra o setor “petróleo e gás” – setor este que a ministra comandava com mão de ferro à época das negociações para constituição da sociedade em questão.

O Sindipetro de joelhos
A entidade que, explicitamente, relacionou a Gemini com corrupção foi o Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ). Isso foi feito por meio de várias matérias publicadas no seu jornal, cujas charges são especialmente eloqüentes.

Numa das matérias, datada de 23/03/06, encontra-se uma charge bastante sugestiva: um homem com uma mala recheada de dinheiro na qual está escrito o nome da sócia da Petrobras. Em outra matéria, publicada em 03/08/07, sob o título “Petrobrás entrega mercado de GNL aos EUA”, uma charge mostra a mão de Tio Sam acionando um cilindro de gás de onde jorra dinheiro. Uma terceira matéria, de página inteira, publicada em 29/05/08, além de uma charge bastante sugestiva, tem um título esclarecedor: “Soberania Nacional Ameaçada – Mercado de GNL brasileiro está nas mãos de multinacional”.

É de se destacar, também, a entrevista dada em 16/05/08 ao jornal do sindicato dos previdenciários pelo secretário-geral do Sindipetro, Emanuel Cancela. Entre as graves palavras do líder petroleiro, se destacam: “O que nos perguntamos é o que moveu o governo a referendar um negócio como este. O que está por trás disto? Tem alguma coisa suja no meio desta história. Vamos insistir junto ao Ministério Público e incluir esta questão na Campanha pela Nacionalização do Petróleo e Gás.”

Pelo exposto, e considerando que o Sindipetro está promovendo intensamente a campanha “O petróleo tem que ser nosso” sem sequer tocar no “caso Gemini”, lícito torna-se depreender que alguma autoridade superior ordenou que o Sindipetro se calasse.

A constatação da situação acima descrita sugere a seguinte indagação: Tem, o Sindipetro, condição moral de levar adiante a campanha “O petróleo tem que ser nosso” sem trazer à discussão o “caso Gemini”?

Para que se avalie a gravidade das acusações do Sindipetro, basta entrar nos endereços indicados ao final.

Conclusão
Indignado diante do obstinado comportamento omisso da Ministra Dilma Rousseff, informo que o presente artigo será amplamente divulgado pela internet, e encaminhado formalmente não só à ministra, como também aos integrantes do Conselho de Administração da Petrobras, ao Sindipetro-RJ, à CGU e ao Ministério Público Federal. Se as entidades citadas não tomarem urgentes providências, poderemos concluir que a situação é bem mais grave que inicialmente suposto.

Relação de endereços eletrônicos
HTTP://www.sindipetro.org.br/101/b1063/1063.pdf (Jornal do Sindipetro, 23/03/06)
HTTP://www.sindipetro.org.br/101/b1109/1109.pdf (Jornal do Sindipetro, 03/08/07)
HTTP://www.sindipetro.org.br/101/b1133/1133.pdf (Jornal do Sindipetro, 29/05/08)
HTTP://www.sindsprevrj.org.br/jornal/secao.asp?area=19&entrada=2178 (Jornal do Sindsprev, 16/05/08)
HTTP://www.sindsprevrj.org.br/jornal/secao.asp?area=19&entrada=2447 (“Eu acuso a ministra Dilma Rousseff”)
HTTP://www.sindsprevrj.org.br/jornal/secao.asp?area=24&entrada=3733 (“Petrobras: corrupção, privatização e omissão”)
HTTP://www.alertatotal.net/2009/11/procura-se-dilma-rousseff.html (“Procura-se Dilma Rousseff”)
HTTP://www.alertatotal.net/search?q=%22muito+al%C3%A9m+da+cpi%22 (“Muito além da CPI da Petrobras)

João Vinhosa é ex-conselheiro do extinto Conselho Nacional do Petróleo.

O PNDH-3 E O PLEITO DE OUTUBRO


Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Sepúlveda Pertence (ao PT )


Sepúlveda Pertence, ministro aposentado do STF, foi escolhido a dedo pela revista Carta Maior para uma entrevista sobre o PNDH-3. A matéria resultou numa longa dissertação, na qual, entre outras coisas, ele afirma que os críticos ao programa têm o “propósito, mal dissimulado, de fazer, da objeção global ao plano, uma bandeira da campanha eleitoral que se avizinha”. Bem assim, entre aspas, como convém, e postas as vírgulas que faltavam no original.

Perceberam a malícia? O presidente da República, seguido por quase 30 ministros, em ano eleitoral e em plena campanha que ele mesmo antecipou o quanto pode, assina um calhamaço recheado de proposições totalitárias. E o aposentado ministro é buscado por uma revista lambe-mocassins do governo para afirmar que há um propósito oposicionista, mal dissimulado, de trazer o assunto para a campanha eleitoral! Queria o quê? Que a campanha escamoteasse essa pauta? Falasse de Pré-Sal? Bolsa Família? Quem sabe de temas ainda mais leves, como torta de merengue, concurso de pandorga, travesseiro de pena?

A desonestidade intelectual do entrevistado fica ainda mais evidente quando se atenta para o uso da expressão “propósito mal dissimulado”, que aparece ali para insinuar, de modo bem velhaco, que a oposição estaria sendo movida por intenção sórdida, impudica. Eu sei, eu sei. Minha mulher já me disse que não posso permitir que essas coisas me irritem. Paro, conto até dez, faço respirações abdominais, caminho do gabinete até a sala e volto. Pronto, passou.

Quando eu falo no totalitarismo do PNDH-3, é disso que falo. Sepúlveda deixou claro a quem pertence. Ele acha o Programa o máximo. Ele se escandaliza com os que se escandalizam lendo o programa. E considera abusivo que se aborde em eleições presidenciais temas como anistia, direito de propriedade, liberdade de imprensa, autonomia do judiciário, e aquilo que os norte-americanos denominam traditional values, que envolve coisas irrelevantes como família, religiosidade, direito à vida desde a concepção, e assim por diante. Como se vê, o comportamento da esquerda não democrática se encaixa na situação descrita pelo poeta dissidente russo Ievgeni Yevtushenko no poema Medo: “O povo foi domado aos poucos, e tudo foi lacrado. Ensinado a gritar quando devia estar silente, quieto ficou quando deveria esbravejar”. Não é o meu caso.

Por isso, bem ao contrário do aposentado ministro, eu critico o silêncio de alguns que deveriam estar gritando e a tolerância de outros que se dão por satisfeitos com mínimos retoques cosméticos aplicados na fisionomia desse monstrengo que é o PNDH-3. Por exemplo? O governo decreta, nele, seu compromisso de “apoiar a aprovação do projeto de lei que legaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos”. Protestaram os pró-vida. E o governo prometeu colocar um ponto logo depois da palavra aborto (que é a única que realmente importa nessa específica questão). Retira-se o adjetivo, preserva-se o substantivo e faz-se silêncio na CNBB? Alô? Não ouço mais nada.

Outro exemplo? Há no decreto um preceito que institui a tal Comissão Nacional da Verdade, atribuindo-lhe a tarefa de “examinar as violações de direitos humanos praticadas no contexto da repressão política...”. A indignação dos comandantes militares e do ministro da Defesa passou rapidamente quando o governo anunciou que retiraria a expressão “repressão política”. Será esse o único problema do malsinado preceito, que já está desmanchando, a pontapés da esquerda totalitária, a laboriosa e valiosa construção política do perdão recíproco expresso na Lei da Anistia?

O governo pode rasgar e reduzir a confete o famigerado PNDH-3, com suas muitas formas de submeter as liberdades públicas e os reais direitos humanos ao tacão ideológico da esquerda totalitária. Mas mesmo que o governo faça isso para fugir do debate que criou, o PNDH-3 persistirá como tema da campanha eleitoral porque as ideias podiam estar no papel, mas as ideias não são do papel. Elas são das pessoas que infelizmente dirigem o país e a oposição tem o dever de persistir no debate.

Percival Puggina
.

PGR considera improcedente ação que questiona a Lei da Anistia

OAB aparelhada(ou aPeTralhada) cai do cavalo.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ao gabinete do ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal (STF), um parecer que opina sobre a Lei da Anistia, concebida no final da década de 70.

A PGR manifestou improcedência em relação à Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), utilizada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para contestar o primeiro artigo da lei.


Ao entrar com a ação no STF, a OAB argumentou ser necessária uma interpretação mais clara do artigo em relação ao perdão dos crimes conexos "de qualquer natureza". Ou seja, que fosse analisada a natureza do crime, se político ou praticado por motivação política.


Isso porque, de acordo com a entidade, a lei "estende a anistia a classes absolutamente indefinidas de crime", como aos autores de crimes comuns praticados por agentes públicos acusados de homicídio, desaparecimento forçado, abuso de autoridade, lesões corporais, estupro e atentado violento ao pudor, contra opositores ao regime político da época.


Segundo o procurador- geral da República, Roberto Gurgel, a lei resultou de um longo debate nacional, com a participação de diversos setores da sociedade civil, inclusive da OAB, que agora propõe a ação. Para o procurador, o debate em torno da lei ajudou na transição da ditadura para o regime democrático. Ele observou, ainda, que a OAB teve participação decisiva no processo de construção da anistia no país.


Gurgel disse que reconhecer a legitimidade da Lei da Anistia não é apagar o passado e lembrou proposta da PGR em Ação Direta de Inconstitucionalidade, de maio de 2008, que defende acesso livre aos arquivos da ditadura. Segundo ele, a abertura dos arquivos vai promover o desembaraço dos mecanismos existentes que ainda dificultam o conhecimento do ocorrido no período do regime militar.


"Desconstituir a anistia como concebida no final da década de 70 seria romper com o compromisso feito naquele contexto", disse Gurgel.

Terra

.

O TROPEÇO DO FILME DO LULA




O ÚNICO E VERDADEIRO MOTIVO
DO TROPEÇO DE "LULA"

Por Astolpho Óculos

No meio de tantas explicações estratégicas para o fracasso, até agora, de Lula, o Filho do Brasil, é curioso que ninguém ainda tenha mostrado a cara para mencionar aquele que é o único verdadeiro motivo pelo qual o filme se arrasta: é ruim para burro. No limite do constrangedor. Mal escrito, mal dirigido, mal produzido, mal finalizado. Quando o filme é ruim, não adianta: pode fazer o marketing que for, a estratégia que for, vai quebrar a cara.
Fui ver no fim de semana da estréia e quase saí no meio, de tão insuportavelmente ruim. Saí dizendo: não vai fazer nem um milhão. O fato é que o filme tem vários problemas, técnicos mesmo. A personagem da mãe quase não tem ação, quase não tem uma boa cena (no sentido de que uma cena é um personagem protagonizando uma ação). Fora dar o ombro para Lula e soltar frases de efeito, ela faz muito pouco (só me lembro do momento em que decide sair do Nordeste e, depois, quando decide largar o marido).
O resto do filme é só uma sucessão de banalidades ditas como sabedoria sem nenhuma ação. Outro exemplo disso é a primeira mulher e a dona Marisa, inerte até mesmo quando Lula desfaz um programa, quando o namoradinho aparece ao mesmo tempo que ele na porta da casa dela. Neste sentido, Lula vira um protagonista sem coadjuvantes, sem antagonista, nada. Logo, sem dramaturgia, sem conflitos.
Mesmo assim, a sua vida parece um encadeado selecionado de momentos supostamente edificantes sem necessariamente conduzir a história. Lula muda de casa, muda de emprego, vira sindicalista e nada parece logicamente seqüenciado, falta tanta informação que parece que o material foi mal editado. A figura que é Lula, sua lábia, seu humor, sua rapidez, sua esperteza, atributos que fazem dele, para o bem ou o mal, o personagem genial que é, mal se desenham no filme: ele é apenas um vulto, uma estátua sem ação, movida pelo tempo e pelas circunstâncias.
A questão é a seguinte: por definição, uma cena é uma unidade dramática, a menor unidade dramática dentro do arco de uma determinada história, na qual um personagem interpreta uma ação cujo objetivo é conduzir a narrativa de um ponto a outro e assim sucessivamente. Basicamente, este personagem deve passar por um conflito que vai ser expresso por sua relação com outros personagens ou com o meio ambiente em que ele está inserido naquela história.
Por isso, além do protagonista, é necessária a construção de outros personagens e de obstáculos que, encadeados, fazem a narrativa evoluir em direção a sua conclusão. Costumamos dizer que, num bom roteiro, não há cena sem função, são todas elos fundamentais de uma corrente só (a trama). Se tem alguma cena num filme que pode ser retirada inteira sem afetar em nada a narrativa, por ser expositiva, reiterativa, repetitiva, puramente estética ou simplesmente inútil, como várias neste filme do Lula, tem algo errado. Aquela cena da inundação na favela, por exemplo. Serve para quê? Para nada, é uma sequência expositiva, que não leva a história para ponto algum, está ali apenas para mostrar que Lula enfrentou enchentes quando morava na favela. Tem vários outros exemplos. A cena do jovem casal brincando de pega entre lençóis esvoaçantes, clichê safado, mal filmado, que não faz a história andar. Cenas que não impulsionam a dramaturgia são um defeito grave de roteiro, só prestam para quebrar o ritmo da narrativa.
No caso do Lula, temos um protagonista que não enfrenta obstáculos nem lida com antagonistas. Se o Lula da vida real é um poço de contradições e impulsos ora para o bem, ora para o mal (e aí reside sua grandeza como personagem), o do filme é unidimensional, feito de convicções inabaláveis, de um ar plácido, bondoso, da certeza de que é um ser ungido, o escolhido (daí sua fraqueza como personagem).
Ele é um menino retirante que mora num barraco à beira de um mar podre? Sim, mas é um menino feliz, que joga bola bem, tira notas excepcionais e tem força até para desafiar o pai; ele mora num barraco? Mas come bife no almoço, sem que se explique como, e entra no cinema com paletó emprestado sem que ninguém note, numa boa. Ele perdeu o dedo na fábrica? Ora, e daí, ele come a Cléo Pires!!!
Quantos dedos você daria por uma noite com Cléo Pires?
E assim ele vai, atravessando a vida como se cumprisse os passos de um destino pré-traçado, cercado de personagens sem cenas (isto é, sem ação), muitos deles, como Dona Marisa e até Dona Lindu, praticamente só aparecem para bater palmas e dizer frases feitas, supostos lampejos de sabedoria popular ditos para confortá-lo e assegurar seu destino, são personagens que não o confrontam, não o testam, não constroem: estão ali apenas para reforçar as características dele, o protagonista.
Desta forma, ele deixa de ser um personagem vivo para virar um símbolo, um ícone. Pode até ser boa propaganda, mas certamente é mau cinema. Isso sem falar no festival cafona de clichês. E o pior é que a história é boa, os personagens são interessantíssimos e tinha tudo para ser um filmaço. Mas foi mal dirigido e mal produzido. E ainda ficam procurando justificar o resultado com o lançamento, que foi até bem feito. O problema não está no marketing nem na concorrência, está no produto.
De resto, a correção de cor resulta numa imagem sem vida, baseada em tons frios, escuros, que é o contrário do que se deve fazer em obras de viés popular. O som direto é ruim a ponto de os diálogos ficarem ininteligíveis em alguns trechos. A trilha, toda baseada em cordas, sem um único momento percussivo para dar grandeza à ação, é um exercício de forçação de barra para transformar qualquer ceninha, por boba que seja, num “momento emocionante”. O figurino é ruim, a cenografia, pobre. E o momento em que enfrenta o militar numa sala às escuras, clichê vagabundo e inverossímil? E a grande cena em que o Tuma deixa o Lula sair da cadeia para ir ao enterro da mãe? Nada, uma cadeia escura abre a porta e ele sai.
O que não está errado ou tecnicamente mal resolvido, é piegas, cafona ou equivocado. E o povão sabe disso tudo, bem mais do que eu. Tanto que simplesmente não vai ao cinema quando sente cheiro de porcaria. E tenho certeza que o boca a boca está derrubando o filme. Quase todo mundo que conheço que, como eu, viu o filme numa sessão normal, pagando ingresso, saiu falando mal.
Repito: . não há estratégia que segure um filme ruim

Fim do direito de propriedade e da livre iniciativa?




Fim do direito de propriedade

e da livre iniciativa?

O Plano de Direitos Humanos do governo Lula prepara no campo uma coletivização sem precedentes, um engessamento da produção, a destruição do agronegócio e do instituto da propriedade privada

No dia 21 de dezembro de 2009, quando todas as atenções se voltavam para as comemorações do Natal e da passagem de ano, o presidente Lula assinava — sem ler, segundo declarou —, acompanhado por 31ministros, o decreto 7037/2009, que aprova o “Plano Nacional de Direitos Humanos” (PNDH-3).

As primeiras notícias a respeito davam conta de que esse decreto, pelo menos em grande parte de seu conteúdo, abre caminho para uma revisão unilateral da Lei da Anistia e põe na berlinda os militares que participaram da Revolução de 1964.

Porém uma leitura mais atenta do decreto, sobretudo de seu anexo, deixa ver uma realidade assustadora. Trata-se de um plano que, em seu conjunto, visa à demolição de princípios básicos de nossa civilização ocidental e cristã. O decreto chegou a ser qualificado de golpe branco ou revisão da Constituição, e alguns o denominam Constituição do Lula!

Qual o alcance que esse assustador ato do Executivo pode ter na produção agrícola nacional?

Para responder a esta e outras perguntas, é preciso começar por conhecer a real situação do campo brasileiro.

Catolicismo entrevistou um profundo conhecedor do assunto, o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, trineto de Dom Pedro II, bisneto da Princesa Isabel, Príncipe Imperial do Brasil. Como Príncipe católico, ele cumpre sua missão histórica de zelar pelas instituições cristãs de nossa Pátria, junto com seu irmão Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, ao qual segue na linha de sucessão.

Dom Bertrand percorre anualmente dezenas de cidades brasileiras, participando de eventos, fazendo conferências, dando entrevistas. Na qualidade de coordenador nacional do Movimento Paz no Campo, vem atuando no setor agropecuário do País, especialmente na defesa da propriedade privada e da livre iniciativa — princípios fundamentais da civilização cristã.

* * *

Catolicismo — Como pode ser definida a missão do Movimento Paz no Campo?

Dom Bertrand — O movimento tem por missão, em primeiro lugar, denunciar o conúbio das esquerdas contra a propriedade no campo, sobretudo da esquerda católica — CPT (Comissão Pastoral da Terra), CIMI (Conselho Indigenista Missionário), CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) — com movimentos ditos sociais, como o MST e congêneres, quilombolas, indigenistas, ambientalistas e inumeráveis ONGs que seguem essa orientação. Em segundo lugar, procura tornar patente à opinião pública nacional — que se revela majoritariamente centrista e conservadora — quais são os métodos e metas dos inimigos da agropecuária e do agronegócio. Em terceiro lugar, sugere coalizões com as forças vivas da Nação que reconhecem, em seus respectivos âmbitos de atuação, que o atual problema do campo é fundamentalmente ideológico. Pois o que está em jogo é a tentativa esquerdista de golpear a propriedade privada e a livre iniciativa no País e implantar um regime socialista. Ou seja, uma utopia repleta de “sonhos” irrealizáveis, apresentados pelos detentores do poder à opinião pública como benévolos, mas que se revelam sanguinários, antinaturais e destruidores de todo valor civilizatório, especialmente da civilização cristã. Os socialistas, mesmo quando não utilizam métodos terroristas, governam com mão-de-ferro.

Em toda nossa atuação, seguimos a senda do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, que iniciou há mais de 50 anos esta batalha monumental, pacífica e legal em que hoje continuamos envolvidos, dando prosseguimento ao seu denodado esforço contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória.

Catolicismo — A referência ao Prof. Plinio faz-nos lembrar que a reedição do livro Tribalismo Indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil do século XXI, mereceu do ministro Marco Aurélio Mello, em seu voto no STF contrário à demarcação contínua das terras da Raposa Serra do Sol, o qualificativo de profético. Dom Bertrand poderia explicar melhor por que essa obra é considerada profética?

Dom Bertrand — É impressionante o fato de que, há mais de 30 anos, Dr. Plinio tenha previsto o estado atual da questão indígena. Ele denunciou que uma corrente missionária mostrava-se contrária à catequização e à civilização dos índios. Para essa corrente, os silvícolas deveriam manter o primitivismo de seus antepassados, considerando-os o tipo humano ideal para o terceiro milênio. O Bem-aventurado Anchieta e o Pe. Manoel da Nóbrega passaram a ser objeto de pesadas críticas.

Para exemplificar o caráter profético do livro, transcrevo dele como exemplo esta frase: A questão indígena é a espoleta de uma crise agrária no País”. Sabe-se hoje comprovadamente que as demarcações de terras ditas indígenas e a expulsão de milhares de famílias, sobretudo de pequenos agricultores, são obtidas por meio de laudos falsos ou pelo menos duvidosos. E por aí entendemos até onde vai o viés ideológico com que se provocam crises reais com agentes artificiais. Tanto mais que o prazo é exíguo para contestar as “fábricas de índios” autodeclarados, ou então a nova invenção dos antropólogos da Funai — os “povos ressurgidos”, nascidos nas cinzas de suas utopias.

Outras importantes citações: “A ‘missiologia atualizada’ é extremamente ciosa da propriedade coletiva das tribos de índios”; “Vivendo em regime comunitário, os índios não precisam da Igreja”. Estas e muitíssimas outras frases evidenciam as coincidências entre situações de hoje e as do livro, no entanto editado há mais de 30 anos.

As duas edições da obra esgotaram-se rapidamente. A atual reedição vem acompanhada de uma segunda parte, de autoria dos jornalistas Nelson Ramos Barretto e Paulo Henrique Chaves, que analisa a atualidade da ameaça indígena.

Catolicismo — Dom Bertrand tem falado muito sobre as ameaças que, como “espada de Dâmocles”, pairam sobre a cabeça do agricultor. Poderia explicitar tais ameaças?

Dom Bertrand — A política do atual Governo Federal golpeia fortemente o agronegócio, responsável entretanto por quase 40% de nosso PIB. Dominados por idéias socialistas e comunistas, os bem remunerados funcionários do Estado aparelharam a máquina estatal. E a partir desses postos decisivos destilam em decretos, portarias e outros expedientes administrativos toda sua aversão contra a propriedade privada e a livre iniciativa.

Na nossa atuação em vastíssima área do território nacional, constatamos várias ameaças aos proprietários rurais e aos empreendedores do agronegócio: ameaça do MST e da Reforma Agrária socialista e confiscatória; ameaça dos movimentos induzidos de negros e quilombolas; ameaças ambientalistas; ameaça de novos índices inatingíveis de produtividade agrícola; ameaça decorrente das mentiras relativas ao chamado “trabalho escravo”; ameaça de substituição do agronegócio pela “agricultura familiar”. O produtor rural está deixando de existir no campo, enquanto as terras recebem destinações que engessam ou impedem a produção. Mais de 70% do território nacional já não pode se utilizado para a produção agropecuária!

Nosso movimento Paz no Campo lançou nos dois últimos anos várias obras, cujas edições somam 25 mil exemplares, combatendo em todas essas frentes e denunciando a conjuração em curso. A revista Catolicismo nos tem dado ampla cobertura, apresentado abrangente análise dessas obras e da situação do campo.

Catolicismo — Como podem os leitores de Catolicismo tomar conhecimento das atividades de Paz no Campo?

Dom Bertrand Usamos largamente a internet com o site www.paznocampo.org.br . Tenho meu blog http://www.paznocampo.org.br/Blog/Blog_db.asp. Recomendo ainda os blogs http://gpsdoagronegocio.blogspot.com e “Verde, nova cor do comunismo”: http://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com. Em todos estes espaços da Internet os leitores de Catolicismo podem acompanhar o dia-a-dia de nossa luta. Dispomos também do Boletim Eletrônico Sem medo da Verdade, atualmente com 30.000 destinatários, para o qual os interessados podem cadastrar-se no nosso site. Ele apresenta uma análise mais profunda de toda essa situação, difunde e promove nossas campanhas e transcreve as denúncias que a todo momento recebemos de proprietários rurais.

Nossas campanhas são ainda difundidas por caravanas de estudantes que percorrem o País; em entrevistas a rádios, jornais, revistas e TVs; participação em cerca de 50 eventos agropecuários por ano, com ampla distribuição de folhetos de esclarecimento. Também mantemos contatos com autoridades e produtores rurais em todo o Brasil.

Catolicismo — Como o produtor rural pode enfrentar tantas ameaças?

Dom Bertrand — O produtor rural é verdadeiramente um herói. Ele tem que produzir, e o faz com muita competência, mesmo tendo que enfrentar as intempéries, os entraves de financiamento, as dificuldades da venda, os problemas do mercado, tudo envolvendo atividades de alto risco. Em troca, o que ele recebe? Pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, é injuriado como “vigarista”; pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, é qualificado de “senhor feudal”; é amaldiçoado pelo bispo Dom Tomás Balduino da CPT; suas propriedades são freqüentemente invadidas pelo MST ou movimentos congêneres, com toda a conhecida violência desses organismos que, com toda impunidade, passam por cima das leis; ele pode ser expulso de suas terras, quando pessoas que se autodeclaram “quilombolas” afirmam gratuitamente que ali viviam seus antepassados; se tiver sorte, e suas terras escaparem desse cerco, poderão acabar sitiados em meio a reservas de terras de tribos indígenas ressurgidas; se sobreviver a tudo isso, terá que enfrentar as leis ambientais (perto de 16 mil disposições, segundo o ministro Reinhold Stephanes da Agricultura); é forçado a cuidar de sua reserva legal, proteger e replantar as matas ciliares, resguardar as áreas de proteção ambiental, sob pena de receber do Ibama pesadíssimas multas; é obrigado a fazer o georreferenciamento para o recadastramento de terras; etc, etc.

Os absurdos não param aí! Há também o risco de ser tachado de escravagista, devido ao mito do trabalho análogo ao do escravo, e ver seu nome incluído numa “lista suja” do Ministério do Trabalho, podendo ter sua terra confiscada para fins de Reforma Agrária.

Uma enxurrada de disposições trabalhistas, atos declaratórios, circulares, convenções, decretos, instruções normativas, leis complementares, medidas provisórias, normas regulamentadoras, notas técnicas, ordens de serviços, portarias, resoluções administrativas, resoluções normativas, resoluções recomendadas — tudo isso bem ao estilo totalitário ou ditatorial, regulamentando tudo sem nenhuma ligação com a realidade do nosso campo, onde as relações se desenvolvem com características pessoais e familiares, e não de acordo com a ideologia socialista.

A Constituição de 1988 estabeleceu ainda os Índices de Produtividade para o campo, outorgando ao Executivo um cheque em branco: o de revisar esses índices de tempos em tempos. Dois absurdos: primeiro a instituição desses índices; e segundo o deixá-los ao bel-prazer do Executivo. Quem não conseguir cumprir as exigências do índice terá sua terra declarada improdutiva e passível de desapropriação.

Sobre todas essas ameaças, recomendo a leitura das obras editadas por Paz no Campo.

Catolicismo — O recém-promulgado Decreto 7037/2009, que aprova o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), pode agravar essa situação?

Dom Bertrand — Certamente. Cito apenas um exemplo. Hoje, caso uma propriedade seja invadida, o proprietário pode pedir a reintegração de posse, que geralmente é concedida. Mas com o tal plano, para a reintegração de posse participarão os movimentos sociais para analisar os “direitos humanos” envolvidos, e o juiz ficará sujeito à decisão dessa audiência. É fácil imaginar como crescerão o número de invasões e a desordem no campo!

Esse decreto, a revista VEJA de 13 de janeiro de 2010 (n° 2147) denomina “coisa de maluco”, e afirma que “ao longo de 73 páginas eivadas de vociferações ideológicas e ataques ao neoliberalismo e ao agronegócio, [...] extingue o direito de propriedade. E emula o sistema chavista” de consultas populares. Será para isso que o governo está reaparelhando o tridente do diabo — Incra, Funai e Ibama—, dobrando o número de funcionários? Parece uma conjuração em marcha!


Paz no Campo


.