quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

General que atacou PNDH é exonerado

A primeira diferença entre a Venezuela e o Brasil é que lá o Chavéz MANDA em frente as câmeras.
A segunda diferença entre a Venezuela e o Brasil é que lá uma parte do povo ainda reclama.



General Santa Rosa, em dia de glória. Em 2006 foi homenageado na Assembleia Legislativa de Alagoas.
O general Maynard Marques de Santa Rosa será exonerado do cargo de chefe do Departamento Geral do Pessoal do Exército, por ter feito críticas ao Plano Nacional de Direitos Humanos. Em nota que está circulando na internet, ele afirma, entre outros pontos, que a Comissão da Verdade, criada pelo governo para apurar os crimes cometidos no regime militar, seria comandada por "fanáticos" e acabaria se transformando em uma "comissão da calúnia".

Ao tomar conhecimento da carta divulgada na internet no dia 15 de janeiro, segundo o Ministério da Defesa, o ministro Nelson Jobim telefonou para o comandante do Exército, Enzo Peri, pedindo providências para o caso. Foi o próprio comandante que sugeriu a exoneração do militar ao ministro da Defesa.

"Acabei de encaminhar ao presidente da República a exoneração do general Santa Rosa da chefia do Departamento Geral de Pessoal e deixei a sua colocação à disposição do Exército. O assunto está encerrado", afirmou Jobim, ontem, após a cerimônia de despedida do ministro da Justiça, Tarso Genro, do cargo, que transmitiu o posto para o secretário-executivo Luiz Paulo Barreto.

PNDH-3 – A terceira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos, lançado pelo governo Lula no final de 2009, já havia criado polêmica entre os ministros Jobim e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), obrigando o presidente Lula a entrar no circuito para acalmar os ânimos.
Após acordo com os dois ministros, Lula realizou mudanças no texto original do decreto sobre o plano e, na ocasião, tanto Lula quanto o Palácio do Planalto declararam que o episódio estava solucionado.

Perfil – Considerado um dos remanescentes e o atual "porta-voz" da "linha dura" da ativa, o general Santa Rosa já se envolveu em pelo menos dois outros conflitos com autoridades civis no governo Lula.

Um dos conflitos foi em 2007, quando discordou das negociações para a reserva indígena Raposa Serra do Sol e foi afastado por Nelson Jobim da Secretaria de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais da Defesa e devolvido ao Exército. O outro conflito aconteceu em 2009, quando assinou nota com dois outros generais, então da ativa, criticando a Estratégia Nacional de Defesa e o novo organograma das Forças Armadas, por afastarem ainda mais os militares do poder.
Íntegra da Carta:

"A COMISSÃO DA “VERDADE”?
A verdade é o apanágio do pensamento, o ideal da filosofia, a base fundamental da ciência. Absoluta, transcende opiniões e consensos, e não admite incertezas. A busca do conhecimento verdadeiro é o objetivo do método científico. No memorável “Discurso sobre o Método”, René Descartes, pai do racionalismo francês, alertou sobre as ameaças à isenção dos julgamentos, ao afirmar que “a precipitação e a prevenção são os maiores inimigos da verdade”. A opinião ideológica é antes de tudo dogmática, por vício de origem. Por isso, as mentes ideológicas tendem naturalmente ao fanatismo. Estudando o assunto, o filósofo Friedrich Nietszche concluiu que “as opiniões são mais perigosas para a verdade do que as mentiras”. Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa. A História da inquisição espanhola espelha o perigo do poder concedido a fanáticos. Quando os sicários de Tomás de Torquemada viram-se livres para investigar a vida alheia, a sanha persecutória conseguiu flagelar trinta mil vítimas por ano no reino da Espanha. A “Comissão da Verdade” de que trata o Decreto de 13 de janeiro de 2010, certamente, será composta dos mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o seqüestro de inocentes e o assalto a bancos, como meio de combate ao regime, para alcançar o poder. Infensa à isenção necessária ao trato de assunto tão sensível, será uma fonte de desarmonia a revolver e ativar a cinza das paixões que a lei da anistia sepultou. Portanto, essa excêntrica comissão, incapaz por origem de encontrar a verdade, será, no máximo, uma “Comissão da Calúnia”.
General do Exército Maynard Marques de Santa Rosa"
Mas será que o general falou alguma mentira ou alguma ofensa? Exceto pelo termo "fanáticos" , que não é ofensa, e é pura verdade, e por "calúnia", nada mais há de comprometedor no texto. Ahhh, sim, esqueci que nesse país o presidente pode xingar até mesmo uma cidade inteira(Pelotas) de veados, mas a democracia, o direito de livre expressão, não pode ser exercido pelos militares.
Veremos se Dilma irá contradizer o General! (se ela comparecer)

PNDH-3: Senado convoca Dilma
Oposição aproveita descuido da base aliada e intima ministra a dar explicações sobre o programa.
Depois de blindar com certo sucesso a ministra Dilma Rousseff do desgaste provocado pela edição do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), o governo sofreu ontem uma derrota no Congresso que colocará a pré-candidata do PT à presidência sob os holofotes da oposição.
A base aliada no Senado não foi tão cuidadosa e, ontem, após um cochilo, deixou a oposição aprovar a convocação para que Dilma fale sobre o assunto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O objetivo é claro: debitar na conta da ministra o ônus político do plano, que desagradou de militares a ruralistas.
A estratégia da oposição estava armada desde a noite anterior. Para isso, senadores do DEM e do PSDB chegaram cedo à reunião. Esperaram a base aliada abandonar a sala pouco a pouco até garantir maioria na comissão. Quando só restavam três senadores governistas na sala, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) apresentou o requerimento e pediu a inversão da pauta. A manobra permitiu ao presidente da comissão, Demóstenes Torres (DEM-GO), colocar o pedido em votação de imediato.
Assessores disparam ligações para os senadores governistas retornarem à comissão, mas Demóstenes Torres anunciou que apenas um parlamentar do governo e um da oposição teriam a chance de discutir o requerimento. Eduardo Suplicy (PT-SP) ainda caprichou no vagar do discurso para garantir o quórum, mas o placar acabou em nove votos a sete para que Dilma Rousseff fale sobre o plano ao colegiado.
Caso não apresente justificativas razoáveis para eventuais ausências, a ministra pode ser processada por crime de responsabilidade.
O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), anunciou que recorrerá contra a votação, mas ainda estuda qual o foro adequado para fazê-lo. O objetivo é anular a convocação a qualquer custo. Mercadante disse que o assunto está vencido, chamou a manobra da oposição de "desespero eleitoral", e acusou os adversários de desrespeitar costumes adotados no Senado, como a de convidar os ministros, nunca convocar, como foi feito com a ministra. Na condição de convidada, ela poderia recusar. Como convocada, não.
"Atropelar não é a regra de convivência nas comissões", disse Mercadante, que já estava no gabinete quando foi avisado sobre a estratégia da oposição. De volta à comissão, só teve tempo de travar uma discussão com Demóstenes Torres. Pediu a palavra como líder, mas foi impedido de falar. "Como líder, a palavra não pode ser utilizada. É limitado ao signatário do requerente e um representante de cada bloco partidário, o que já ocorreu", afirmou o presidente do colegiado, pouco antes de colocar o texto em votação.
Agência Estado - 10/2/2010 - 22h03
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