segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A mentira estratégica do Greenpeace




Em nota publicada em seu Informe, a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) afirma que são falsas as denúncias do Greenpeace sobre a contaminação por urânio na água potável de Caetité, na Bahia, onde a empresa explora o minério há mais de década.

Diz a nota que ‘as análises das águas de poços situados na região, feitas pelo Instituto de Gestão das Águas e do Clima – INGA (entidade do Governo do Estado da Bahia), comprovaram não haver nenhuma contaminação nos pontos onde o Greenpeace afirmou ter encontrado elevada concentração de urânio’. [1]

Em um único poço - cujas águas não foram analisadas pela ONG, e que fica a cerca de 10 km da mina - o INGA detectou teores ligeiramente mais elevados de urânio. Esses teores, no entanto, são 10 vezes inferiores aos limites estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear. “Em todos os demais pontos de água subterrânea e superficial no entorno da empresa INB, as análises NÃO INDICARAM contaminação por urânio”, afirma o relatório do INGA, acrescentando que “a radioatividade presente na água pode vir da contaminação natural pela situação geológica da região”.

Os resultados das análises do Inga serão apresentados hoje, em Caetité, onde está sendo realizada uma audiência pública convocada pelo Ministério Público para discutir o assunto.

O importante aqui é vincular mais essa burla do Greenpeace e caterva às evidentes inquietações que o avanço do programa nuclear brasileiro tem causado a poderosos setores do Establishment anglo-americano. Hoje mesmo, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, reafirmou o propósito governamental de instalar até seis novas centrais nucleares no País (sem contar Angra 3) até 2030. Segundo ele, a intenção é colocar uma usina a cada cinco anos em funcionamento e explicou que “até 2025, não haverá usinas hidrelétricas suficientes para atender a crescente demanda brasileira. e não haverá hidrelétricas suficientes, precisaremos de térmicas e, aqui no Brasil, nós só podemos construir térmicas a carvão ou nuclear”. [2]

Ao comentar que o Brasil detém a sexta maior reserva mundial de urânio, Tolmasquim lembra que “Só há três países no mundo que têm reservas e tecnologia para produzir o combustível — Estados Unidos, Rússia e o Brasil”.

Alguém ainda tem dúvidas sobre o objetivo estratégico embutido nessa solerte campanha do Greenpeace e caterva contra a exploração de urânio no Brasil?

Notas:[1]São falsas as denúncias do Greenpeace sobre contaminação na Bahia, Informe INB, 07/11/2008

[2]EPE estuda instalar 6 novas centrais nucleares no Brasil, Gazeta Mercantil, 07/11/2008

Nilder Costa


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