quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Farc, Al-Qaeda e cocaína

Guerrilheiros colombianos formaram uma "aliança diabólica" com extremistas islâmicos para contrabandear cocaína pela África, tendo como destino final a Europa, disse um membro de alto escalão da DEA, a agência de combate às drogas dos Estados Unidos.

Os esforços de combate ao narcotráfico dificultaram o envio de cocaína diretamente da Colômbia e outros países produtores andinos para os EUA e a Europa.

Por isso, organizações criminosas, incluindo as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), estariam passando pela África para acessar o mercado europeu. E, segundo a DEA, elas o estariam fazendo com a ajuda da Al-Qaeda e outros grupos vistos por Washington como terroristas.

"Entre meados e final dos anos 1990, quando os europeus dificultaram a chegada das drogas por via marítima, por exemplo nas costas de Portugal e Espanha, os traficantes começaram a deslocar suas rotas para o sul. Então a progressão seguinte foi para a África ocidental", disse Jay Bergman, diretor da DEA para a região andina.

É a primeira vez que Washington constata um vínculo que sugere que a Al-Qaeda esteja se financiando em parte garantindo segurança a narcotraficantes na África ocidental.

"Como sugere a prisão recente de três suspeitos agentes da Al-Qaeda, a expansão do tráfico de cocaína pela África ocidental criou uma aliança diabólica entre narcoterroristas sul-americanos e extremistas islâmicos", disse Bergman em entrevista no fim de semana.

Submarinos - Enquanto isso, para chegar ao mercado dos EUA, os traficantes colombianos estão usando submarinos descartáveis de fibra de vidro. As embarcações são construídas nos manguezais da costa Pacífica colombiana, usadas para levar drogas até o México para serem enviadas aos EUA e então afundadas.

Venezuela - Segundo Bergman, os grandes grupos de tráfico colombianos, incluindo as Farc, estão usando a África para chegar à Europa, enquanto cartéis mexicanos importam químicos usados para fabricar metanfetamina usando a mesma rota.

Quando os envios marítimos foram dificultados, os traficantes começaram a usar aviões para levar a cocaína até a África. A maioria dos voos parece decolar da Venezuela, que faz fronteira com a Colômbia.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, diz que EUA e Colômbia estão usando as operações antidrogas como fachada para uma invasão a seu país rico em petróleo. Washington e Bogotá rejeitam a acusação.
Reuters

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