Fazendeiros resistirão às invasões de suas terras e, para protegê-las, estão contratando seguranças, depois que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) retomou as ocupações no Pontal do Paranapanema, no interior paulista. Depois do chamado "Carnaval Vermelho", três fazendas foram invadidas e agora os sem-terra articulam uma nova onda de invasões no mês que vem, chamada de "Abril Vermelho".
"De agora em diante só se resolve na bala. É só dessa forma. Não adianta entrar com ação de reintegração de posse na Justiça porque não vira nada", afirmou, em Presidente Prudente, o fazendeiro e advogado Rodrigo Macedo, dono da Fazenda Iara, de 560 alqueires, em Euclides da Cunha Paulista. Para proteger suas terras, com 1.100 cabeças de gado, ele contratou quatro seguranças. "Aconselho os fazendeiros a fazerem o mesmo, pois o MST não respeita nem a Justiça", disse.
Macedo não se conforma por ter sido preso dentro de sua fazenda, que considera produtiva, durante a invasão no mês passado. "Fui torturado por sem-terra encapuzados, apanhei muito, levei coronhadas e me trancaram num quarto antes da chegada da polícia. Jogaram gasolina e ameaçaram incendiar. Festejaram a minha prisão com churrasco, matando oito bois da minha fazenda. O direito de propriedade não existe?", perguntou. Ele negou que tenha atirado nos invasores, acusação que o deixou seis dias na cadeia.
O "Abril Vermelho" é uma antecipação aos protestos em memória das vítimas de Eldorado dos Carajás, no Pará, e contra o projeto do governador José Serra, que regulariza áreas devolutas na região do Pontal do Paranapanema.
O conflito no Pará ocorreu em abril de 1996, quando 19 sem-terra morreram em confronto com a Polícia Militar daquele estado.
O projeto que regulariza áreas devolutas no Pontal está pronto para entrar na ordem do dia da Assembléia Legislativa. O seu objetivo é fazer acordos para pôr fim às pendências judiciais que se arrastam há décadas.
Segundo o deputado Mário Bragato (PSDB), o objetivo do governo é regularizar 300 mil hectares. O tucano defende um acordo para votar a matéria.
Fonte: Diário do Comércio
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