Um grupo de camponeses paraguaios queimou ontem a bandeira do Brasil, durante um protesto no empobrecido departamento de San Pedro. Em defesa da reforma agrária, os camponeses pediram a expulsão de todos os colonos e agricultores de nacionalidade brasileira do país.
Elvio Benítez, líder da organização dos camponeses sem-terra em Curupaiti, que fica a 300 quilômetros ao norte de Assunção, disse que "enquanto nós paraguaios vivemos na miséria, uns poucos empresários brasileiros viram milionários", em alusão ao cultivo mecanizado da soja.
Vestido como o ex-líder guerrilheiro Ernesto "Che" Guevara, Benítez pediu a expulsão de todos os colonos brasileiros do Paraguai. Segundo ele, 60 propriedades agrícolas serão invadidas nos próximos dias. Ele ainda pediu que o presidente eleito Fernando Lugo, que tomará posse em 15 de agosto, exproprie uma fazenda de 35 mil hectares, de propriedade do brasileiro Ulisses Teixeira. Lugo não quis emitir opinião sobre a crise no campo no Paraguai.
O comandante da Polícia Nacional do Paraguai, o comissário Fidel Isasa, garantiu que "no momento em que ocorrerem as ocupações ilegais das fazendas, nosso pessoal atuará para garantir a propriedade privada, de acordo com as ordens dos juízes".
Ao concluir o desfile, o dirigente sem-terra Blas López leu um manifesto no qual responsabilizam "o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pela eventual morte de nossos compatriotas, devido ao uso, da parte dos colonos brasileiros, de produtos agrotóxicos," nas plantações de soja, único grão que tem três colheitas por ano na região.
Umas 300 mil famílias pobres pedem, desde 1989, que seja feita uma reforma agrária no Paraguai. Essas famílias são de camponeses nativos que pedem as terras para cultivar produtos de subsistência.
Jornal do Comércio
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