sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Volta de xavantes à reserva Suiá-Missu pode gerar conflito

A volta dos índios para a reserva Suiá-Missu, que pode ocorrer caso a Justiça Federal julgue procedente ação de reintegração de posse impetrada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), poderá resultar em derramamento de sangue, no entorno daquela reserva, localizada entre os municípios de São Félix do Araguaia e Alto Boa Bista, em Mato Grosso.

O julgamento da ação de reintegração deverá ocorrer no próximo dia 16, no Tribunal Regional Federal (TRF). A ação foi ajuizada pela Funai baseada em laudos antropológicos segundo os quais os índios xavantes eram donos da área denominada Maraiwat’sede, em língua xavante.

Todavia, contam os antropólogos que os xavantes se tornaram nômades mudando-se da gleba, que se tornou uma terra cobiçada no Baixo Araguaia. Só que hoje a situação é outra, cerca de 3 mil pessoas moram no distrito Estrela do Araguaia criado pelo posseiros com escola, posto de gasolina, delegacia e destacamento da Polícia Militar.

O cantor e jornalista Calixto Guimarães, secretário da Associação dos Produtores da Gleba Suiá-Missu, disse que os posseiros estão dispostos a tudo para permanecer na área e, por isso, teme que haja derramamento de sangue caso eles sejam retirados da área. “Nós estamos preparando uma caravana com seis ônibus para assistir ao julgamento em Brasília”, completou.

Calixto afirmou ainda que os trabalhadores já levaram uma proposta ao governador Blairo Maggi na tentativa de manter os posseiros na gleba e assentar os índios em outra área de 230 mil hectares, no município de Novo São Antonio, às margens dos rios das Mortes e Araguaia.

“O governador nos apoia nessa proposta. O problema aqui são os ecoverdes que ficam buzinando, fazendo a cabeça dos índios e prejudicando a negociação”, destacou. Pela proposta, os índios que estão esparramados pelo Araguaia seriam recrutados novamente para ocupar uma área de 100 km onde eles reivindicam.

Calixto lembrou que, devido ao impasse sobre a área, o governo federal está inclusive mudando até o trajeto do asfalto da BR-58, prejudicando o distrito fundado pelos posseiros. “Essa mudança encarece o asfalto e prejudica várias fazendas da região”, destacou.

Um conflito já esteve próximo de acontecer porque os índios estão ali perto aguardando a definição judicial para ingressar na área. Por diversas vezes, a polícia foi solicitada para evitar confronto entre índios e posseiros na Suiá-Missu. “Dependendo do que for decidido em Brasília, pode haver uma verdadeira guerra no Baixo Araguaia”, presume.

Os posseiros conseguiram apoio dos prefeitos Aldecides Milhomem, de Alto Boa Vista; e de Filemon Limoeiro, de São Félix do Araguaia, que estão viabilizando transporte para que o povo possa assistir ao julgamento em Brasília.

No distrito de Estrela do Araguaia, localizado na gleba, existem até dois vereadores eleitos pelo município de Alto Boa Vista, e subprefeito nomeado. Calixto diz que os laudos apresentados pela Funai para respaldar a ação são falsos e não correspondem à verdade sobre a presença de índios xavantes no passado naquela região.

Ele frisou que os posseiros entraram na área em 1992 e acredita que o mais prudente seja a manutenção dos posseiros lá e a escolha de outra área para os indígenas.

A fazenda Suiá-Missu na década de 80, pertencia à empresa italiana Agip Petróleo, que tinha como acionista o Vaticano. Por essa razão, existem comentários de que a área pertencia à Igreja Católica, que teria doado a área para os índios, informação que é repudiada pelos posseiros, que entraram na área na década de 90.
Ronaldo Couto - Olhar Direto

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2 comentários:

Anônimo disse...

A retirada dos índios xavantes da área onde foi instalada a fazenda Suiá Missu ocorreu em 1966 por aviões da FAB. A AGIP declarou que devolveria as terras da fazenda para os xavantes durante o evento ECO-92, coincidentemente no mesmo ano em que Calixto Guimarães diz que os posseiros começaram a ocupar a fazenda. A terra indígena foi homologada em 1998, ano no qual houve um aumento da ocupação de posseiros na região (que pode ser observado por imagens de satélite). Pouco se fala sobre a presença de grandes fazendeiros dentro da terra indígena, e que dizem ter títulos da terra. Me pergunto de onde tiraram esses títulos se a própria fazenda (que poderia vender a terra) declarou que as terras virariam terra indígena xavante em 1992.
Muitos posseiros perceberam que é uma área de conflito e não há segurança e já saíram da área.

Anônimo disse...

Se realmente é como o sosso comentarista acima disse.Fico pensando:Por que hoje os indiginas não estão lá na posse das terras?Deveriam ter tomado posse no tal ECO-92;Será por motivo a os posseiros? Não tinha orgãos ou entidades responsaveis por isso?Olha razão eu não sei,há muitas explicaçães;mas que o aproveitamento e valor da terra tem sido feito e dado por quem nescessita.