Quem disse que o Tarso Genro e o Vannuchi queriam rever a Lei da Anistia de 1979, leu e ouviu o que quis e não o que foi dito e escrito. Jamais disseram isto e quando Tarso vem agora de público dizer que nunca fez esta sugestão, está dizendo a mais pura verdade. Note-se que o Seminário realizado em Brasília tinha como título “Limites e Possibilidades para a Responsabilização Jurídica dos Agentes Violadores de Direitos Humanos durante Estado de Exceção no Brasil". O objetivo era “analisar as potencialidades e dificuldades do estabelecimento de responsabilidades, no plano cível e criminal, aos agentes que praticaram condutas atentatórias aos direitos humanos entre os anos de 1964 e 1985 no Brasil, quando estava em vigência a ditadura militar”.
O que se discutia não era a revisão da Lei, mas o alcance da mesma, os limites que ela estabeleceu para a punibilidade por crimes “políticos” (ver minha opinião sobre isto na minha entrevista que não saiu). Não há nenhum interesse dos terroristas aboletados no governo em rever uma lei que os protege, pois sabem que estarão tão expostos a uma revisão quanto aqueles que querem atingir. A constante insistência em que se abram os “arquivos secretos” da ditadura não passa de uma falácia, quem tem interesse em abri-los já o fez: o site A Verdade Sufocada, de Joseíta Brilhantre Ustra, publicou capítulos do ORVIL, parte dos “temíveis” arquivos. ORVIL significa apenas a palavra LIVRO escrita ao contrário, embora já tenha suscitado inúmeras elucubrações sobre seu significado secreto – ouvi uma vez que seria alguma “Organização Revolucionária de Vigilância”!!!
Em artigo anterior eu dizia que se as Forças Armadas simplesmente optarem pelo “esquecimento” estarão dando dois tiros no pé. “Os Genros e Vannuchis vão topar e dizer: estão vendo, se eles querem esquecer é porque têm culpa no cartório, torturaram inocentes mesmo! E ainda mais eles não esquecerão, comunistas têm em comum com os elefantes a truculência e a privilegiada memória. As cobranças não terminarão jamais!” Foi um pouco diferente, mas no fim deu no mesmo: Lula voltou e “deu um cala boca” nos seus Ministros, os Comandantes Militares aceitaram – chegando o da FAB a dizer que “o Presidente” sempre sabe o que faz” – e reina a mais tranqüila paz no governo e na caserna.
Será? Para acreditar nisto é necessário aceitar como verdade uma série inacreditável de acontecimentos. Lula viaja e Tarso e Vannuchi, aproveitando a ausência do papai, passam a fazer baderna. Papai volta e puxa as orelhas dos menininhos travessos e segue os conselhos do bom titio Jobim que controla a “turma do outro quarteirão” que foi atacada. Desde que escrevi que Jobim era cúmplice na palhaçada, tenho razões fortes para acreditar que não – pessoa da minha absoluta confiança assim o afirma. Jobim seria então um inocente útil usado por Lula e seus asseclas para apaziguar os Militares.
Mas, e eles acreditaram mesmo ou tudo é só jogo de cena? Desde o início de seu primeiro governo a tática de Lula é a mesma: finge não saber de nada e sente-se traído pelos amigos! Assim fica “blindado”. E como tem dado certo! Será que os Comandantes acreditaram mesmo que não foi o próprio Lula que deu ordem para que os dois desencadeassem a ofensiva durante sua ausência? Ou Lula ficou com medo dos Militares? Mas medo de que, se eles estavam quietos cumprindo suas obrigações constitucionais?
Logo no começo deste imbróglio percebi que se tratava de um factóide para encobrir algo mais sério: a desmoralização e o achincalhe das Forças Armadas como um todo e, depois da notícia que comento abaixo, para levar acusados de tortura aos Tribunais Internacionais, tão ávidos quanto Genro e Vannuchi em punir sempre um lado só. Neles, não há nenhum risco de serem processados os terroristas.
O anúncio da Carta Capital da realização do Seminário Internacional “Direito à Memória e à Verdade” no qual falará dia 18/08 o Juiz espanhol Baltasar Garzón acrescenta mais um dado da estratégia. Alguém acredita que estes acontecimentos não estejam encadeados e planejados há longo tempo? Garzón é certamente um homem muito ocupado em caçar caçadores de comunistas e congêneres e não poderia ser convocado às pressas.
Há precedentes: em 2007, a Justiça italiana expediu mandados de prisão contra brasileiros por envolvimento na morte de italianos na Operação Condor e encontrou eco no assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. A decisão do governo de analisar pedido de abertura de inquérito sobre os militares brasileiros acusados recebeu reforço do ministro especial da Secretaria dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi.
O retorno à paz com o retorno do papai ao lar não passou de outra pantomima: a casa nunca esteve em desordem. Pelo contrário, tudo funciona às mil maravilhas como uma engrenagem bem azeitada que segue o planejamento à risca!
Quem acreditar nas falácias, chorará!
Heitor De Paola
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