Algumas associações de moradores iniciaram um movimento pelo boicote ao pagamento do IPTU.
Não se trata de calote. Sequer os valores do IPTU estão sendo discutidos, apesar de vários aumentos absurdos no carnê deste ano.
O que essas associações desejam é evitar que o prefeito utilize os recursos do IPTU para realizar obras eleitoreiras e, com isso, eleger seu candidato nas eleições de outubro. Por isso mesmo, a proposta dessas associações é só pagar o IPTU no último prazo, isto é, em novembro, quando as eleições já terão ocorrido.
O movimento, que começou discretamente, espalhou-se pela cidade, unindo, pela primeira vez, a Zona Norte à Zona Sul.Até agora, mais de 18 associações já aderiram. Outras estão realizando plebiscitos na rua, para consultar os moradores dos bairros. Hoje, a Federação das Associações de Moradores realiza um encontro em que espera reunir mais de 400 líderes comunitários, para discutir o boicote. E, como no Rio tudo acaba em passeata, haverá uma, no próximo domingo, na orla do Leblon.
O movimento é interessante, porque devolve ao cidadão a prerrogativa de interferir no destino dos impostos pagos por ele. No taxation without representation (Não pagamos mais impostos se não tivermos representação) foi a palavra de ordem, mais de 200 anos atrás, que desencadeou a revolta das colônias americanas contra a tirania da Coroa Britânica. O movimento dos cariocas pode ser o ponto de partida para uma participação maior dos cidadãos na administração de sua cidade. E mais: chama a atenção para a necessidade de prestação de contas do prefeito, com mais freqüência.
Se a moda pega, se outras cidades brasileiras adotarem a ameaça de boicote ao pagamento do IPTU, certamente teremos prefeitos mais atentos às reivindicações dos contribuintes.
Autor: Lucia Hippolito
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